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Caíque Toledo
Depressivos,
Calma, calma. Alguns rojões estouram aqui na capital paulista enquanto escrevo esse texto. Estamos comemorando. Uma vaga nas semifinais da Libertadores que até um mês atrás parecia impossível. Que veio depois de uma derrota que, por mais sufocante que tenha sido na expectativa do resultado, não tirou a classificação de nossas mãos. O São Paulo até ensaiou uma eliminação para o Atlético. Cairia de pé, depois de tudo que fez. Mas é mais forte que nós. Aliás, é forte como nós. Juntos somos mais fortes, Copa Libertadores.
Opa, mais um rojão. Ah, hoje vai ser difícil dormir depois de tanta alegria, não é? Bom, ao jogo. “Caiu no Horto, tá morto”, eles disseram. Você aí, Atlético, se quer matar alguém, precisa antes entender o tamanho de seu adversário. Nós mesmos já caímos aí, como tantos outros, mas vocês pecaram em achar que éramos os mesmos. Pecaram em esquecer que Libertadores e São Paulo foram feitos um para o outro. Pecaram em só querer bater no primeiro jogo, em não ter experiência e vigor pra jogo assim. Vocês estão bem, fazendo boas campanhas e um dia chegam lá. Mas não esqueçam quem é o verdadeiro conquistador do continente.
“Eu acredito”, eles disseram. Desde a ressureição contra o Trujilanos, o São Paulo esteve perdido em 15 minutos importantes nessa Copa Libertadores. Os 15 primeiros minutos de hoje, quando viu sua vantagem ser destruída. Mas não foi por acaso que dominamos grande parte da partida e soubemos jogar bola depois do gol de Maicon. Não foi por acaso que esse time, mesmo limitado tecnicamente e com sérios problemas na defesa, chegou às semifinais. Não foi por acaso que o São Paulo se tornou e continua sendo um gigante da América.
“O São Paulo já está eliminado”, eles disseram. Internacional, Grêmio, Fluminense, Cruzeiro, Inter de novo, o tal Atlético, e o Cruzeiro mais uma vez. Foram, passaram. Não tem mais tabu, não tem mais fantasma. Não há medo. São 18 participações em Copa Libertadores, dez semifinais, seis finais e três títulos. É o time brasileiro que mais sabe do que se trata. É o time brasileiro que mais precisa ser respeitado. É o São Paulo, que até pode ser eliminado amanhã ou depois, mas provou que é mais libertador que qualquer um que ousar passar pela nossa frente. Tem gente melhor na técnica, mas não tem camisa, vontade ou coração maior que os nossos. Não é para qualquer um. Libertadores é para quem sabe.
Dizem que, para morrer, basta você estar vivo. Mas por que se preocupar com a morte se a vida tem tantos problemas a resolver primeiro? O tal ‘Horto’ era um deles, e já virou história. Faltam quatro passos, e ninguém merece essa conquista mais do que nós. Nos vemos em julho, Copa Libertadores. Se prepare, porque não é qualquer um que está indo. E, a julgar pela nossa química, tenho certeza que você está com tanta saudades do São Paulo quanto nós estamos de você.
Denis: 4
Está comprovado que o Denis não é só ruim e chama-gol, é azarado também. Além de ridiculamente inseguro e de ter uma dificuldade absurda pra sair do chão, tem bolas inexplicáveis que ele não consegue nem segurar. É mérito demais do São Paulo chegar até aqui com tantas falhas de seu goleiro titular.
Bruno: 4
Vamos falar sobre o Bruno. Sim, o jogador de futebol Bruno Vieira do Nascimento. O lateral Bruno é a coisa mais estranha que já aconteceu na história do esporte futebol. Tipo, eu até entendo que ele seja aplicado defensivamente, deve ser um leão de treino, qualquer coisa assim, mas não consigo entender como um cara assim virou jogador. Insisto que, se houvesse exame psicotécnico pra virar jogador, o Bruno era motoboy de uma empresa multinacional até hoje.
Maicon: 8
Que jogador, que zagueiro. Que garra, que vibração. O cara que reinventou esse time pode até ter uns lapsos de loucura de vez em quando, mas faz um bem danado pra quem vê de fora e com certeza pra quem está do lado de dentro. Deem o Morumbi, mas não deixem o Maicon ir embora do São Paulo.
Rodrigo Caio: 6
Falhou no segundo gol dos caras, mas se reergueu depois. Precisa de um intensivão de bola aérea só, mas no mais tá suave.
Mena: 7
Gigante. Hoje ouviu aquela nossa ideia de não passar do meio-campo e ganhou todas na marcação. Cresceu ainda mais quando o Matheus entrou e ajudou a segurar ali pelo lado.
Hudson: 8
Sem palavras. De novo, o melhor em campo. É a cara da ressureição desse time e merece ser lembrado eternamente. Torcedor como nós.
Thiago Mendes: 6
Importante no resultado, Ainda prefiro o João Schimidt, mas ter se recuperado assim ajuda a fazer a diferença.
PH Ganso: 6
É incrivel como a gente consegue ter vários Gansos diferentes no mesmo jogo. Não tocou na bola o primero tempo inteiro, mal apareceu ao longo do segundo, foi displicente naquela bola que era pra matar o jogo, mas, mesmo assim, era o jogador mais tranquilo em campo e teve sangue frio demais pra ditar o ritmo do jogo e segurar a bola lá na frente, com toques rápidos e simples. Não foi decisivo, mas também não pode ser criticado.
Michel Bastos: 5
Jogo fraco. Não criou nada demais e também não conseguiu segurar a bola lá na frente.
Kelvin: 6
Sofreu com a marcação e com a porrada dos caras, mas foi importantíssimo quando fizemos o gol e acalmamos o jogo. Outro que cresceu demais.
Calleri: 7
Teve pouca chance de fazer o gol, mas sem a bola é sem igual. Jogou muito, brigou, segurou e irritou os caras, como tem que ser. O único lado bom da Libertadores só continuar em julho é que a gente garante mais tempo com ele no ataque. Atacantezaço.
Patón Bauza: 10
Vamos falar um pouco sobre Edgardo Bauza. Este técnico, o único a chegar em semifinais de Libertadores com quatro times diferentes, foi bicampeão disso aqui ganhando apenas um jogo fora de casa. Aqui com a gente não é diferente. Em seis jogos, empatou quatro e perdeu dois, mas saiu classificado em ambos. Pode não ser o gênio da tática e ter umas substituições malucas de vez em quando, mas precisa ser admirado. Bauza demorou para se adaptar e para dar sua cara ao time, mas conseguiu quando mais precisava. Se alguém sabe o caminho, é ele mesmo. In Patón we trust.
Wesley: 6
Chegamos ao ponto que a entrada do Wesley já não nos dá mais calafrios. Que vitória.
Matheus Reis: 6
Substituição mais non sense da história, mas deu certo demais. Entrou nervoso, afobado, mas depois segurou a bola muito bem. Ponto pro Bauza, de novo.
Alan Kardec: s/n
Ganhou uns segundinhos importantes ali no final do jogo. Tá valendo.
Notas:
– O que dizer de uma torcida que faz mais barulho na véspera do que na hora do jogo?
– Aliás, quem está em Belo Horizonte agora diz que o silêncio nas ruas é ensurdecedor. Que coisa, hein?
– O Trujillanos era amador, o River Plate não era tudo isso, o Strongest era fraco, o Toluca estava desfalcado, o Atlético só quis bater ao invés de jogar… Continuem, amigos. Continuem que tá lindo de ouvir.
– E eu sei que a vitória é empolgante, mas calma aí com a ilusão, né galera. Ganhar do Atlético-MG é uma coisa, ganhar do Atlético de Madrid em dezembro vai ser muito mais difícil.
– Não me canso de dizer: vamo San Pablo, carajo!