Convocação de Ganso é justa, mas perigosa ao São Paulo

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ESPNFC.com

Caíque Toledo

Rubens Chiri / São Paulo FC
Ele tem tudo para ser o 10 do Hexa

 

Sobre a convocação de Paulo Henrique Ganso para a disputa da Copa América Centenário: não sei muito o que dizer, só sentir. A CBF anunciou ontem que o camisa 10 do São Paulo foi o nome escolhido após o corte de Kaká (sdds) e que só aguarda a liberação da Conmebol para que o meia se apresente ao time que disputará a competição continental nos Estados Unidos.

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Esta é a primeira convocação de Ganso desde que chegou ao São Paulo. O jogador que foi cotado para uma Copa do Mundo mesmo com apenas seis meses de titularidade no Santos não veste a camisa da Seleção justamente um ‘ciclo’ atrás: sua última participação foi nas Olimpíadas de 2012. Mas não nos importamos muito com a Seleção Brasileira, então o máximo que podemos fazer é esboçar alguma felicidade pelo próprio Ganso. O são-paulino, na verdade, teme muito os efeitos da notícia.

 

O primeiro lado ruim da convocação do camisa 10 para a Seleção é o óbvio: perderá alguns jogos pelo Campeonato Brasileiro. Caso o Brasil chegue até a final da competição, Ganso, a exemplo de Rodrigo Caio, perderá os confrontos contra Cruzeiro (fora), Atlético-PR (casa), Vitória (casa), Flamengo (fora), Sport (casa) e Santos (fora). Seria até poupado em alguns, como já adiantou Patón Bauza, mas, sem Ganso, perdemos todo o foco criativo da equipe. O temor maior, no entanto, é por contrair alguma lesão no período que estiver fora. E aí já é discussão de calendário: enquanto países continuarem desfalcando equipes em plena temporada, continuamos muito atrasados no tempo. Além disso, sua renovação de contrato deve ser dificultada.

 

Se podemos ver um lado meio bom, é o momento ideal para que o meia Lucas Fernandes ganhe sua primeira sequência como titular do São Paulo. O jovem tem um grande potencial, vem fazendo grandes partidas e, com mais confiança e cancha, pode ser uma opção interessante.

 

Falemos sobre bola. Vale lembrar que este blog defende a convocação de Ganso desde 2014, no mundo pós-7 a 1, e que o camisa 10 são-paulino estava jogando muito naquele segundo semestre. O tempo passou, grande parte de 2015 foi péssimo para o maestro, mas o ótimo futebol encontrado no fim do ano melhorou ainda mais em 2016 — Bauza, antes mesmo de sua estreia, falou do potencial do jogador e que ele tinha tudo para voltar à Seleção.

 

Como a bola já foi muito levantada, virou moda criticar Paulo Henrique Ganso. Ele nunca mais será o extraterrestre que encantou o Brasil pelo Santos, mas o jogador que mostrou no São Paulo que é acima da média, sim. Melhorou em entender adversários, chegou a ser líder de desarmes, entrar mais na área para finalizar, vir buscar a bola com os volantes, controlar o jogo e, para quem insiste em dizer que é preguiçoso ou não corre, se surpreende quando descobre que ele é um dos principais jogadores em distância percorrida da equipe. Se surpreende, mas, claro, não dá o braço a torcer: quer ver aquele Ganso do começo da carreira, que não vai existir mais. Mas não consegue admitir que o de hoje é o atual melhor jogador do Brasil.

 

Falando só em futebol, a convocação de Ganso é merecidíssima. Nem que seja para apenas completar o time nos treinos coletivos, é um começo. Nosso maestro merece novas oportunidades com a camisa verde e amarela, e não é de hoje. Se tiver a chance de entrar em campo e Dunga conseguir tirar dele o mesmo que Bauza fez, o Brasil ganha sua melhor opção para o meio-campo. O 10 do Hexa já estava aí, há tempos brilhando no Morumbi. E, para nós são-paulinos, resta torcer para que ele volte inteiro e seja antes o 10 do Tetra da Libertadores.