Entenda como o São Paulo conquistou Maicon e assim irritou o Porto

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UOL

O torcedor do São Paulo ficou apreensivo nos últimos dias com notícias negativas vindas de Portugal. O assunto é o mesmo: a indefinição sobre a permanência de Maicon. Dono dos direitos federativos, o Porto (POR) e até o empresário do zagueiro adotaram discursos extremos, de que o assunto está encerrado: o xodó da torcida são-paulina não fica e está fora das semifinais da Libertadores. Mas, como assim? Por que o Porto está tão ofensivo há uma semana do término do vínculo, enquanto o São Paulo mantém esperanças? O que aconteceu? A resposta passa pela relação do Tricolor com o jogador, envolve até o Corinthians e foi resumida pelo técnico Edgardo Bauza: em negociação, cada um puxa para o seu lado. Entenda abaixo.

Lar, doce lar: a proximidade com Maicon

Encantado com o potencial de Maicon, o São Paulo fez do clube a morada do jogador. Manteve contato constante, aproximou-se de familiares. O pai do zagueiro, por exemplo, é figura carimbada no CT da Barra Funda, onde sente-se bem. Maicon interage com funcionários, é personagem rico nas redes sociais do clube, inclusive gravando vídeos carismáticos para o Snapchat. Está feliz e seus pares também. Tanto que sempre que ressalta sua vontade de permanecer, o jogador cita a esposa, a família. Não é à toa.

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Foi com essa proximidade que o São Paulo, de caso pensado, conseguiu minar algumas possibilidades do Porto. Uma delas aconteceu aqui perto e envolve o rival Corinthians. Tem a ver com a compra do zagueiro Felipe pelos portugueses.

Ciente de que não contará mais com Maicon, o Porto desembolsou R$ 24 milhões para contratar o principal zagueiro corintiano. Só que antes de concordar em pagar o valor, o clube português tentou envolver o são-paulino no negócio para abater a parte financeira. O Alvinegro nem levou muito adiante, mesmo porque Maicon bateu o pé: avisou que não jogaria no rival do São Paulo. O Porto, óbvio, não gostou.

A vontade de Maicon e o assédio

A diretoria do São Paulo sempre contou com o desejo de Maicon a seu favor nas negociações. É um trunfo contra o assédio que o clube sabia que iria aparecer após o desempenho do jogador, um dos grandes responsáveis por levar o time às semifinais da Libertadores. Depois do acerto com Felipe, surgiram notícias do interesse de Fenerbahçe, um clube da Espanha e outro da França. A especulação mais recente saiu nesta quarta-feira, quando o jornal A Bola, de Portugal, publicou que a Inter de Milão (ITA) tem interesse em Maicon.

Maicon, evidente, não fecha as portas para mercados interessantes da Europa. Mas nas conversas com o Porto e em entrevistas tem reforçado seu desejo de ficar para tentar ser campeão da Libertadores. A conquista o alçaria ao posto de ídolo do São Paulo, para o qual caminha a passos largos.

Nós contra eles

O São Paulo não confirma, mas já sinalizou com algumas propostas ao Porto, inclusive financeira. Não teve êxito. O clube português não se interessou e viu que, de cara, não conseguiria tirar o que pretendia para liberar Maicon, cerca de 12 milhões de euros (cerca de R$ 47 milhões). A partir daí, é natural que o “dono” do atleta faça tudo para valorizar seu produto. O Tricolor passou a ser pressionado.

A insatisfação do Porto é compartilhada por Antônio Araújo, empresário de Maicon. Ele ficou fora da negociação do início do ano, quando o jogador foi contratado. Chegou a pedir, mas a diretoria do Tricolor, por não ter tratado com ele, não viu a necessidade de pagar comissão.

As discordâncias geraram um cenário mais ou menos assim na negociação: São Paulo e Maicon de um lado, Porto e o empresário do outro. Isso não quer dizer que Antônio Araújo e Maicon tenham rompido. O agente só não está alinhado com o Tricolor como o zagueiro está, por razões óbvias. Cada um vai tentar atender seus interesses da melhor forma.

A última investida

O São Paulo não dá a negociação por encerrada simplesmente porque ainda fará uma última investida. O diretor-executivo Gustavo Vieira de Oliveira ainda está no Brasil, mas pode ir a qualquer momento a Portugal tratar do assunto. A tendência é que isso aconteça até o fim de semana. Aí, será o golpe definitivo. O São Paulo sabe que terá de pagar mais dinheiro e tentará uma operação sofisticada, que pode até envolver um terceiro clube. O mais provável é que a oferta se aproxime dos 6 milhões de euros (cerca de R$ 24 milhões).

Se o Porto ficar irredutível, Maicon voltará ao clube em litígio. Seu contrato com o São Paulo termina no próximo dia 30. São, portanto, mais três partidas até lá: Sport (quinta), Santos (domingo) e Fluminense (quarta-feira). Enquanto isso, o técnico Edgardo Bauza é quem resumiu melhor a situação.

“Estamos todos os dias dentro disso. Mas não está dentro das minhas possibilidades. É uma negociação. Tenho muita experiência nisso. Até fechar, cada um puxa para o seu lado. Esperamos que possa chegar num acordo e possamos contar com ele. A realidade é que Maicon quer ficar, isso ajuda. E agora estão as diretorias pensando se entrarão no acordo.”

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