Dia 5 de novembro, e ainda não é possível definir a cara de São Paulo e Corinthians em 2016. E nem será possível. Neste sábado, às 19h30, no Morumbi, duas metamorfoses ambulantes se enfrentam na reta final de uma temporada para ser esquecida, com aspectos semelhantes, como fracassos retumbantes, pressão de torcedores, perdas de técnicos para seleções e muitas mudanças que caracterizam duas equipes sem identidade.
Será o terceiro Majestoso de 2016, o terceiro duelo diferente de treinadores. O Tricolor, que nas outras oportunidades teve Edgardo Bauza, hoje técnico da Argentina, será dirigido pela primeira vez no clássico por Ricardo Gomes. O Timão, por sua vez, terá o terceiro comando: na vitória de fevereiro era Tite, atualmente na seleção brasileira; no empate de julho teve Cristóvão Borges, e agora tem Oswaldo de Oliveira no banco.
Veja as mutações e o resultado delas em São Paulo e Corinthians:
SÃO PAULO
Uma vitória para somar 45 pontos e, nas próprias contas, se livrar do risco do rebaixamento inédito. É tudo que o São Paulo quer no clássico deste sábado. Situação bem abaixo do esperado para um time que, apesar de um futebol pouco confiável, chegou à semifinal da Libertadores. Mas se desmanchou. Na reta final, Ricardo Gomes tenta construir uma base.
É possível escalar quase todo o time, mas o peso do jogo pode levar o técnico a promover a entrada do lateral-direito Buffarini no lugar de um homem mais ofensivo, conduzindo Wesley ao meio-campo para reforçar o setor. No ataque, a dúvida está entre Chavez, mais experiente e cascudo, porém num jejum de 10 partidas sem gols, e o garoto Pedro, inexperiente, porém cujas virtudes ajudaram o São Paulo nas vitórias sobre Fluminense e Ponte Preta.
Se Buffarini entrar, Gomes poderá utilizar um tripé no meio, com João Schmidt, Thiago Mendes e Wesley, num sistema semelhante ao 4-1-4-1 da Seleção de Tite.
CORINTHIANS
Vencer para voltar ao G-6. Obstinado pela vaga na próxima edição da Taça Libertadores, o Timão, sétimo colocado, precisa somar três pontos e torcer por, no mínimo, um empate do Atlético-PR, o sexto, que visita o Vitória no Barradão. Restarão ainda quatro jogos, é claro, mas a distância para o Botafogo, hoje na quinta posição, já é de quatro pontos. A vitória vale muito.
Sem desfalques por cartão, a única baixa de Oswaldo de Oliveira será no gol, já que Walter não se recuperou de dores na coxa direita.
Cássio, o substituto, dispensa apresentações. Ele será titular pela primeira vez com o novo treinador, que chega ao quinto jogo na equipe.
Com o Timão tendo sofrido 34 gols em 33 jogos, Oswaldo muda também na parte defensiva: Balbuena volta ao time após ser poupado contra a Chapecoense. E Willians substitui Camacho para dar mais força de marcação no meio.
Além disso, com Guilherme voltando de suspensão, o técnico tinha de barrar Marlone, Marquinhos Gabriel ou Romero. Optou pelo primeiro, embora admita que Marquinhos não vive grande fase. O esquema é o 4-1-4-1.
17/7 – CORINTHIANS 1×1 SÃO PAULO
O São Paulo havia sido eliminado na semifinal da Copa Libertadores quatro dias antes pelo Atlético Nacional, em Medellín, e, consequentemente, perdido Calleri para o futebol europeu.
Edgardo Bauza manteve a estrutura tática de sempre, o 4-2-3-1. Daquele time para esse atual, Bruno e Hudson estão lesionados, Ytalo se machucou com mais gravidade e só voltará a atuar em 2017, e Centurión deixou o clube, emprestado para o Boca Juniors.
Michel Bastos, que já enfrentava problemas com a torcida naquela época, não tem sido relacionado, pois Ricardo Gomes não o vê bem mentalmente para jogar.
Apesar do impacto da eliminação, o Tricolor jogou melhor do que o Corinthians em julho, e conseguiu somar seu primeiro ponto no estádio rival, em toda a história. Cueva, de pênalti – sofrido por ele mesmo depois de ótima jogada pelo lado esquerdo –, fez o gol do São Paulo.
Para o Corinthians, o jogo marcou o início de um sentimento de rejeição da torcida com o técnico Cristóvão Borges, que vinha de quatro vitórias consecutivas em apenas cinco jogos de trabalho. Ao trocar Marquinhos Gabriel por Rildo, aos 30 do segundo tempo, quando o 1 a 1 já aparecia no placar, o técnico ouviu as primeiras de muitas vaias que sofreu na passagem pelo Corinthians.
Ainda atuando no 4-2-3-1, o Corinthians contou com Danilo de “falso 9” – uma lesão meses depois fez com que o meia só pudesse voltar a jogar em 2017. O mesmo aconteceu com o zagueiro Yago, autor do pênalti infantil naquele clássico, que atualmente faz tratamento no departamento médico.
O jogo contou com o retorno de Elias, substituindo mal Rodriguinho na etapa final. Ele não jogava havia um mês por conta de uma fratura na costela. Hoje, defende o português Sporting. Outro que partiu para a Europa foi Bruno Henrique, negociado com o italiano Palermo. Foi dele o gol salvador do empate.
Dali, o Corinthians empataria mais dois jogos em casa, patinaria em vários outros fora de casa e, dois meses depois, veria Cristóvão Borges ser demitido por péssima campanha. O auxiliar Fábio Carille comandou a equipe durante seis partidas até o acerto de Oswaldo de Oliveira.
14/2 – CORINTHIANS 2×0 SÃO PAULO
Era apenas a quarta rodada do Paulistão, e Bauza tentava encontrar o São Paulo ideal. O time ainda não tinha jogadores que se tornariam importantes ao longo da temporada, caso de Maicon, que se apresentou dias depois. O técnico gostaria de ter escalado time reserva no primeiro clássico do ano, mas a derrota por 6 a 1 para o Corinthians no fim de 2015 fez a diretoria insistir pelo uso dos principais jogadores.
A partida estava equilibrada até Lucão, que virou absoluto coadjuvante ao longo do ano, dar de presente o primeiro gol dos anfitriões, marcado por Lucca.
O setor ofensivo do São Paulo tinha muito mais opções. Ganso (vendido para o Sevilla) e Calleri (com contrato só durante a Libertadores) foram titulares, assim como Centurión, que, após má atuação, foi substituído por Rogério (atualmente emprestado ao Sport). Kelvin também estreou no segundo tempo.
Apesar da pressão, Cássio fez boas defesas e o zagueiro Yago ainda marcou o segundo.
Recém-campeão brasileiro, o Corinthians iniciava bem sua caminhada na temporada, com quatro vitórias seguidas, mesmo diante do desmanche que havia sofrido. Gil, Renato Augusto, Ralf, Jadson, Vagner Love e Malcom já não faziam parte do grupo. Que, ao menos, ainda tinha Tite.
Felipe, hoje no Porto, matou no peito a responsabilidade de ser “o cara” da zaga e fez bom jogo. Maycon, recém-promovido do time que jogou a Copa São Paulo foi titular e mostrou talento e personalidade. Meses depois, acabou emprestado para a Ponte Preta para ganhar rodagem.
O jogo, curiosamente, foi o de estreia para André com a camisa do Corinthians. O atacante até teve uma chance, mas não conseguiu ampliar o marcador. Aposta para o ataque, fracassou na Libertadores, sucumbiu às críticas e foi negociado com o Sporting durante o Brasileirão.