São Paulo resgata orgulho e torcida revive tempos de glória no Morumbi

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Gazeta Esportiva

Por algumas horas, neste sábado, o torcedor são-paulino conseguiu esquecer a péssima campanha do time no Campeonato Paulista, a doída eliminação na Copa Libertadores da América, a campanha pífia no Campeonato Brasileiro e o quarto fim de ano seguido sem sentir o sabor da conquista de um título. Ter um clássico pela frente quando o momento não é bom é arriscado, mas pode ser a grande chance para uma redenção, uma reação, ou ao menos uma suspiro do orgulho próprio. O São Paulo teve a sua oportunidade e não desperdiçou.

O clima no Morumbi nem de longe refletia a necessidade dos três pontos para escapar de vez de um inédito rebaixamento no nacional. O veto à torcida adversária no clássico corroborou a um clima totalmente favorável no estádio Cícero Pompeu de Toledo, que recebeu nada menos do que 53.871 pessoas.

Antes da bola rolar, a torcida cumpriu à risca seus tradicionais costumes. Vaiou a equipe de arbitragem, o anúncio da escalação adversária, não perdoou Cássio e todos os corinthianos que subiram ao gramado para o aquecimento e, por outro lado, fez muita fez para seus atletas. Apenas Wesley e Ricardo Gomes parecem ainda desagradar e também sofreram com hostilidades.

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Na entrada dos times em campo, o Morumbi ganhou ares de clássicos de outrora, com muitos sinalizadores e fumaça aos quatro ventos. O hino do clube foi cantado em alto e bom som. Com a bola rolando, nenhum lance passava em vão. Qualquer bico para lateral era o suficiente para delírios. A torcida jogava junto. E fez sua primeira grande festa quando o árbitro Claudio Francisco Lima e Silva viu pênalti de Fagner em Kelvin. A cavadinha de Cueva, então, fez o Morumbi tremer.

Aos poucos, o Corinthians passou a ficar mais tempo com a bola. Com isso, o ânimo da torcida diminuiu até chegar a um silêncio sepulcral por alguns segundos depois de Romero desperdiçar uma chance incrível de gol. Era hora do intervalo. No olhar de cada um era perceptível a vontade de não colocar a vantagem em risco ainda no primeiro tempo.

E o susto realmente passou. Como em um roteiro de filme “hollywoodiano”, o melhor ficou guardado para o final. O São Paulo se impôs em campo, Cueva regeu o time e o Corinthians logo virou presa fácil. A cada contra-ataque a ansiedade ia a mil nas arquibancadas. O grito de gol de novo deu o tom pelos pés do jovem David Neres. Em seguida, Chavez encerrou seu jejum.

A empolgação tomou conta do ambiente, Cristian, volante reserva de Oswaldo de Oliveira, foi hostilizado enquanto aquecia fora das quatro linhas, e o árbitro precisou pausar o clássico por causa dos sinalizadores pela terceira vez. Desta vez, porém, eles foram usados para chamar atenção para a faixa que dizia “100 gols”, em referência a Rogério Ceni, ídolo maior do clube, que foi às redes pela centésima vez justamente diante da equipe de Parque São Jorge.

A vitória já era certa, mas, ao perceber um Corinthians destruído em campo, o torcedor ficou sedendo por uma goleada histórica. Uma goleada por seis gols, de preferência. O Tricolor fez 3 a 0 e a torcida pedia “mais um”. Quando Luiz Araújo ampliou, os gritos se repetiram. Os 6 a 1 sofridos em Itaquera no fim de 2015 estavam entalados.

Apesar da superioridade técnica, neste sábado não foi possível chegar à vingança, mas, nada que ofuscasse uma acachapante derrota da equipe alvinegra e tirasse o ar de satisfação dos são-paulinos. Com o apito final, por instantes o clima se assemelhou a o de uma comemoração de título, com atletas e comissão técnica festejando muito no gramado e torcedores custando a se retirar do estádio sob o cântico de “nosso freguês voltou”.

O São Paulo não tem muito do que se orgulhar pela temporada, mas, conseguiu pelo menos resgatar parte de sua identidade e deixar o fim de ano de seu torcedor não tão melancólico, com motivos até para voltar a tirar o famoso e saudável sarro em cima de um grande rival depois de um clássico ‘Majestoso’.