Vitória por 4 a 2 sobre o PSTC, pela Copa do Brasil, mostra, de novo, Tricolor cheio de opções ofensivas e com pane na defesa: “Não sei o que acontece”, diz Rogério Ceni
Por Leandro Canônico – GloboEsporte.Com
O São Paulo ainda está em formação? Sim. Rogério Ceni tem pontos a melhorar? Claro. É cedo para dizer que o time é favorito a títulos? É. Mas é possível afirmar que o torcedor do Tricolor não pode reclamar de falta de emoção. Até mesmo a frieza dos números deixa isso claro: são 22 gols marcados e 15 sofridos em apenas oito partidas. Os detalhes da vitória por 4 a 2 sobre o PSTC, na quarta-feira, pela segunda fase da Copa do Brasil, ajudam a esquentar as estatísticas.
Até agora, o Tricolor perdeu apenas uma vez, para o Audax, na estreia do Paulistão. Mesmo assim, a equipe conseguiu reagir depois de levar 2 a 0 e chegou a empatar por 2 a 2. Mas o rival fez 4 a 2. Os dois empates, com Mirassol e Novorizontino, foram semelhantes: o Tricolor abriu 2 a 0 e deixou os rivais igualarem. E os cinco triunfos foram construídos na base da emoção: viradas sobre Ponte Preta, Santos e São Bento e jogos com sustos contra Moto Club e PSTC.
Quem não viu nenhuma outra partida do São Paulo na temporada e assistiu à vitória sobre o time paranaense na quarta-feira teve um resumo do que tem sido o Tricolor de Rogério Ceni. Veja os melhores momentos no vídeo acima. Abaixo, vamos a um passo a passo…
Repertório ofensivo
Os 22 gols marcados pelo São Paulo, contando Paulistão e Copa do Brasil, são frutos de grande repertório ofensivo. Baseado numa tática que prioriza o toque de bola e a agressividade, o time tem várias formas de chegar ao gol adversário. Costuma levar perigo pelas pontas, pelo meio, em jogadas de bola parada… O ataque tricolor voltou a ser temido.
E não só por ter Pratto, Cueva e Luiz Araújo, mas também por ter um reserva artilheiro, caso de Gilberto (autor de cinco gols em cinco partidas) e por ter elementos surpresa como Cícero. O volante fez três gols sobre o PSTC. Um de cabeça, um com tabela e um de fora da área.
Instabilidade defensiva
Rogério Ceni tem razão quando sustenta que o sistema de marcação começa no ataque. É até uma forma de proteger o que mais tem lhe dado problema em 2017: a defesa. Ao mesmo tempo em que fez 22 gols em oito jogos e tornou-se um dos melhores ataques do Brasil, o Tricolor tem também uma das piores zagas, com 15 gols sofridos.
Sim, a marcação começa lá no ataque, mas a última linha de combate ao adversário tem dado trabalho ao treinador. Contra o PSTC, os dois gols sofridos (o primeiro um minuto depois de o São Paulo abrir o placar, e o segundo pouco tempo após abrir 3 a 1) poderiam ter sido evitados se o setor tivesse mais bem posicionado e com maior segurança.
Repare como Carlos Henrique consegue, com facilidade, passar a bola nas costas de Bruno para Lucão concluir a gol. E veja também o posicionamento de Sidão. O goleiro do São Paulo fica quase fora do campo e deixa o canto aberto para o adversário marcar.
Versatilidade
Os três gols do volante Cícero na vitória por 4 a 2 dão um bom exemplo de como o São Paulo de Rogério Ceni aposta nesse quesito. Mas não dá para ficar só nisso. Há muitos outros elementos. Alguns vistos no jogo de quarta-feira. O artilheiro Pratto, por exemplo, passou em branco. Mas foi muito importante para o triunfo. Deu assistência, buscou armar jogadas, voltou para marcar…
Cueva, então, aparece em todos os lados do campo. O peruano vive grande fase e é o motor do meio de campo. Junior Tavares tem sido uma ótima válvula de escape pela esquerda, e João Schmidt e Thiago Mendes têm feito papéis fundamentais para que a engrenagem funcione.
Falta de concentração
Não tem sido raro nesta temporada o Tricolor sofrer contra adversários que, muita vezes, estão sob o seu domínio. O próprio Rogério Ceni admitiu que não entende o branco que dá no time. Prova disso foi o gol de empate do PSTC um minuto depois de Cícero abrir o placar. E o segundo gol do time paranaense também saiu num momento que o São Paulo poderia matar o jogo.
– O que tem a ser corrigido serve para todos campeonatos. Saímos bem no jogo e concedemos o empate. Estávamos bem posicionados em campo. Não sei o que acontece. Dá branco e cede empate. Faz 3 a 1 e aí vai para o vestiário com situação mais apertada (3 a 2) – disse Ceni.
Até agora, na maioria das vezes, o São Paulo tem conseguido se reencontrar depois desses “brancos”. Se não consegue a vitória, ao menos fica no empate. Mas é bom Rogério Ceni tentar dar o mesmo padrão que encontrou no ataque à defesa. Até porque nem sempre os adversários serão piores tecnicamente. De qualquer forma, são-paulino, emoção deve ser rotina nesse time.