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Perrone
Líder do Brasileirão, o São Paulo se diferencia de seus principais rivais também pelo momento político que vive.
O clube do Morumbi controlou uma insistente turbulência nos bastidores. Enquanto isso, vê Santos, Palmeiras e Corinthians atormentados fora de campo.
Após fazer uma série de trocas no comando do futebol por pressão política, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, encontrou a paz nesta temporada. Ela veio após Raí ser empossado como homem forte no futebol.
Depois de algumas decisões contestadas do ex-jogador, como bancar Diego Souza, o time decolou e ganhou estabilidade também fora de campo.
Enquanto o São Paulo se acalmaou, o Palmeiras viu estourar uma guerra política. A disputa começou com o desentendimento de Leila Pereira e José Roberto Lamacchia com o grupo político do ex-presidente Mustafá Contursi.
O clima bélico se agravou com a votação entre sócios para aprovar mudanças no estatuto. O casal de patrocinadores saiu vitorioso com a aprovação do mandato de três anos para presidente, 12 meses a mais do que prevê a antiga regra.
Essa disputa influenciou na decisão da diretoria de demitir Roger Machado. Havia forte pressão de conselheiros para sua saída às vésperas da votação das mudanças estatutárias. A direção precisava do apoio dos descontentes e a troca de técnico agradou a eles.
O conflito chegou ao auge com a reprovação dos balancetes dos três primeiros meses de 2018 por parte do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização). A decisão é acompanhada do fato de o órgão apontar supostas irregularidades na assinatura de adendos contratuais entre clube e Crefisa.
A principal falha alegada é a decisão do presidente Maurício Galiotte de assinar o acordo sem pedir autorização do COF. A diretoria nega irregularidades.
Os adendos transformaram o contrato de patrocínio ligado ao programa de sócio-torcedor do clube em empréstimo. Uma dívida de pelo menos R$ 120 milhões foi contraída pelo Palmeiras.
A diretoria vê a situação sob controle, pois conta com a venda dos atletas trazidos pela Crefisa para pagar o débito.
Nesta segunda, acontece reunião do Conselho Deliberativo para a análise do tema. A oposição foi à Justiça para tentar tirar o item da pauta da reunião, mas teve liminar negada.
Leila também recorreu à Justiça para pedir indenização de três vices do clube que emitiram nota de repúdio contra declarações dadas pela empresária e conselheira.
Ao Blog do Ohata ela disse que deixará de patrocinar o time se alguém contrário à parceira assumir à presidência. Os vices voltaram a criticar a empresária ao saberem do processo.
No Santos, a crise é ainda mais grave. O presidente José Carlos Peres sofre pedidos de impeachment e foi à Justiça para suspender a reunião que decidirá seu futuro.
Ao mesmo tempo, oposição e situação trocam pesadas acusações, enquanto o time tenta se reerguer em campo para se livrar do risco de rebaixamento.
No Corinthians, conselheiros e torcedores cobram transparência da direção. Também reclamam das constantes vendas de jogadores. Ainda criticam a falta de um patrocinador principal e a dificuldade do clube em vender os direitos sobre o nome da Arena Corinthians.
A torcida já protestou em frente ao Parque São Jorge. Por duas vezes, a diretoria foi a público prestar declarações para tentar acalmar seus torcedores.
Do topo da tabela do Brasileirão, o São Paulo assiste confortavelmente à agonia de seus rivais nos bastidores.