Raí faz balanço positivo do líder São Paulo, mas afirma: “Não existe trabalho bem sucedido no meio da temporada”

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GloboEsporte.com

Leandro Canônico

Diretor-executivo do Tricolor ainda fala do planejamento do clube e diz já ter base montada para 2019.

 

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Raí assumiu a diretoria executiva de futebol do São Paulo em dezembro do ano passado, após o time escapar do rebaixamento no Brasileirão. Depois de 12 reforços contratados e com o Tricolor na liderança do mesmo campeonato, o ídolo faz balanço positivo do trabalho, mas avisa:

– Não existe trabalho bem sucedido no meio da temporada. Estamos com um bom trabalho até o meio do ano. É aquela velha história: manter a primeira colocação é tão difícil quanto chegar nela – afirmou.

Considerado um dos principais responsáveis pela ascensão do São Paulo, dentro e fora de campo, Raí diz já ter um elenco-base para a próxima temporada.

– Todos os jogadores que estão aqui têm contrato, no mínimo, até o fim do ano que vem – disse.

Nessa conversa com o GloboEsporte.com, o diretor-executivo de futebol do Tricolor falou também da importância do bom ambiente no grupo, de como isso ajudou a detectar quem não estava na mesma sintonia e da necessidade de manter os pés no chão em relação à liderança do Brasileirão.

Veja abaixo como foi o bate-papo com Raí:

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e Raí: ídolo é o nono diretor de futebol da gestão do presidente (Foto: Maurício Rummens / Estadão Conteúdo)

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e Raí: ídolo é o nono diretor de futebol da gestão do presidente (Foto: Maurício Rummens / Estadão Conteúdo)

GloboEsporte.com: qual balanço você faz do time até aqui e do seu trabalho no comando do futebol do São Paulo?
Raí:
– Bom, o balanço é positivo. Mas sabendo que no futebol você vive por temporadas e a nossa vai até dezembro. Vemos uma clara evolução no perfil do grupo, na identidade, na entrega… Essas são questões que mostram o crescimento.

– E eu vim incorporar uma estrutura. Já existia um movimento no clube, de diretores executivos, que mostra um caminho do clube que obviamente ajuda a ter resultado. E o resultado ajuda também a fortalecer esse modelo. Estou satisfeito com o meu trabalho e com o grupo também.

O elenco está fechado? Já há algum planejamento para o ano que vem?
– Estava comentando esses dias: todos os jogadores que estão aqui têm contrato, no mínimo, até o fim do ano que vem. E são todos eles atletas muito importantes. Foi uma construção feita não só pensando neste ano, mas também nos próximos anos. Pretendemos manter uma base.

Sua identificação histórica com o São Paulo te ajuda mais ou te coloca mais pressão?
– Essa é uma resposta que pode ser parecida com a de jogador de futebol: é pressão, mas estamos acostumados com isso (risos). Mas é verdade, o futebol é pressão o tempo todo. O São Paulo viveu duas temporadas difíceis e a pressão aumentou independentemente de quem estava no comando. O fato de ser uma pessoa com identificação, com uma história com o São Paulo, traz esperança e uma cobrança a mais, uma expectativa mais alta. Tem esses dois lados. É preciso equilibrar.

Estar acostumado ao clima de pressão, então, te ajuda no dia a a dia?
– Nesse aspecto é verdade. Estar acostumado com pressão, com vaias, aplausos, me ajuda em tudo na vida. Nesse cargo também. Sempre digo que um dos pontos fortes, de trabalhar em equipe, é saber lidar com pressão. A gente vive isso. É algo que se torna natural.

Everton Felipe entre os diretores Raí e Alexandre Pássaro. Reforço foi o último a ser apresentado pelo Tricolor (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net  )

Everton Felipe entre os diretores Raí e Alexandre Pássaro. Reforço foi o último a ser apresentado pelo Tricolor (Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net )

Você contratou 12 jogadores nesta temporada e apenas o Valdívia não deu certo e saiu. Você faz um balanço positivo das contratações do São Paulo até agora?
– Foi muito positivo, mas quero destacar também o ambiente que a gente construiu no São Paulo. A chegada da nova comissão técnica (de Diego Aguirre) agregou muito nisso. Fomos construindo um ambiente que facilita ao jogador que chega colocar todo o potencial para fora.

O ambiente, então, é um grande trunfo do São Paulo?
– Às vezes você tem um contexto no clube que não propicia ao jogador mostrar todo o potencial. E no São Paulo os jogadores têm dado resultado. Isso mostra a vontade de alguns virem para cá. Nós estamos sentindo isso. Com certeza no Campeonato Brasileiro temos exemplo de grandes atletas, que tem potencial, mas que às vezes estão num contexto que não conseguem render.

Isso é mérito de quem?
– É uma construção. Tem mérito das lideranças do grupo, da comissão técnica e que vêm também da diretoria.

Esse bom ambiente ajudou a diretoria a detectar também quem não estava na mesma sintonia do elenco, como o Cueva, por exemplo?
– Quando você forma um grupo que cria uma identidade como essa, quem não se encaixa acaba se sentido fora da vibe do grupo. E a comissão técnica também tem esse perfil, ela é direta com os jogadores. Quer? Não quer? Esse perfil do Aguirre, nesse aspecto, ajuda bastante também.

Raí conta com a ajuda dos também ídolos Lugano e Ricardo Rocha no comando do futebol (Foto: ubens Chiri / saopaulofc.net)

Raí conta com a ajuda dos também ídolos Lugano e Ricardo Rocha no comando do futebol (Foto: ubens Chiri / saopaulofc.net)

Alguns jogadores contratados pelo São Paulo disseram “quando o Raí liga, as coisas mudam”. O que você diz para eles?
– (risos) Acho que junta muita coisa. Tudo o que eu construí na minha carreira com a identidade de um grande clube que é o São Paulo, a lembrança de um momento muito vitorioso do time. E acho que desde o começo, desde a conversa com o Diego Souza, de mostrar um projeto, de voltar a ser vitorioso, contar alguns pontos do projeto, passa uma verdade. E as pessoas compram essa ideia de estar no projeto.

O São Paulo terminou o primeiro turno como líder. Como controlar a euforia da torcida e também blindar o elenco e manter todos com os pés no chão?
– Isso é um trabalho do dia a dia. Fazer com que os atletas entendam que nossa grande força tem sido essa entrega, pensar nos detalhes, todo mundo pensando em se doar em sua tarefa. Essa é a grande força. Mas tem de estar de olho, porque o assédio aumenta, a euforia da torcida aumenta. Tem que tentar se blindar disso. Depois que vencemos o Sport, fomos jantar, e, mesmo depois de uma vitória fora, não tinha festa. Estamos caminhando com consciência. É um grupo maduro.

Independentemente do que acontecer daqui até o fim da temporada, o trabalho do São Paulo nesta temporada já é bem sucedido, com a recuperação da identidade?
– Não existe trabalho bem sucedido no meio da temporada. Estamos com um bom trabalho até o meio do ano. É aquela velha história: manter a primeira colocação é tão difícil quanto chegar nela.

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