BLOG DO PVC – UOL
Dos 15 Campeonatos Brasileiros em turno e returno, entre 2003 e 2017, apenas um chegou à 26a rodada com os cinco primeiros colocados divididos por quatro pontos, como o atual. Só aconteceu em 2004, quando entre o líder, Santos, e o sétimo colocado, São Paulo, a distância era de 47 para 44. Mas aquela temporada foi disputada por 24 participantes, 46 rodadas. Quando se estava a 12 jogos do fim da campanha, o Atlético Paranaense liderava e o São Paulo, quinto lugar, estava onze pontos atrás.
O Brasileirão 2018 é diferente de tudo. O São Paulo ocupa a liderança com 51 pontos, Palmeiras é segundo colocado com 50, à frente do Internacional, com os mesmos 50, apenas pelo saldo de gols. O Flamengo, em quarto com 48, e o Grêmio, em quinto com 47, também sonham com o troféu, faltando doze partidas para o fim. Há um ano, o Corinthians estava disparado na frente com 56 pontos, nove a mais do que o Santos. Do primeiro ao quinto lugar, a distância era de 15 pontos. Agora, são quatro.
É muito justo discutir o nível técnico no Brasil. O torneio com menor média de gols desde 1990 precisa recuperar a vocação pela rede adversária. Por outro lado, a média de público de 18 mil, ainda ridícula, é a maior dos últimos 31 anos. E a disputa pela taça está imprevisível.
Não peça para este colunista dizer que o Brasileirão está nivelado por baixo, porque a primeira vez que esta frase foi lida, numa edição da revista Placar, foi em 1982. Um comentarista da rádio Gazeta apostava no título do Corinthians para o Paulistão, marcado pela Democracia Corinthiana, argumentando que a equipe de Sócrates era quem se destacava numa temporada ”nivelada por baixo.” O estadual daquele tempo tinha Sócrates, Casagrande, Zenon, Marinho Chagas, Serginho Chulapa, Renato, Pita, João Paulo, Careca, Jorge Mendonça, Luís Pereira…
Para fugir do chavão, digamos que o Brasileiro está nivelado e que o nível técnico não se compara com o de outros países. Por outro lado, se as exportações são tantas, parece melhor uma disputa imprevisível do que conhecer o campeão antes de o primeiro turno terminar. Desnivelados, os torneios nacionais da Europa são brilhantes tecnicamente e óbvios nas brigas pelo troféu. Na 26a rodada da temporada 2017/18, o Paris Saint-Germain, o Manchester City e a Juventus tinham 66 pontos, o Bayern chegou a 65 e o Barcelona tinha 60. Só havia dúvida sobre o campeão na Espanha — e olhe lá.
A graça do Brasileirão não é ter os melhores craques nem os times mais espetaculares. É não saber o que vai acontecer na próxima rodada.