Após anos de amor e ódio, Luis Fabiano se despede do Morumbi em baixa

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UOL – Pedro Lopes

Com 211 gols, Luis Fabiano é o terceiro maior artilheiro da história do São Paulo e um dos ídolos do time; ao mesmo tempo, é um dos jogadores mais cobrados pela torcida dentre todos que já vestiram a camisa tricolor. A montanha russa que é a trajetória do goleador no Morumbi chega ao fim neste ano; é em um ponto baixo dos altos e baixos com a camisa são- paulina que o centroavante se despede neste sábado do estádio onde mais brilhou  na carreira.

Na última segunda-feira, Luis foi um dos principais alvos da torcida organizada são-paulina que protestou contra o time nos portões do Morumbi. O grito foi “Luis pipoqueiro”, algo que ecoou na garganta dos torcedores quase tantas vezes quanto o oposto “Luis Fabiano” cantado cada vez que uma bola saiu dos pés do atacante e morreu nas redes.

Contra um jogador dono de uma das médias de gols mais impressionantes do futebol brasileiro nos últimos 15 anos, pesa a falta de títulos com a camisa que mais defendeu – apenas três: os inexpressivos Rio-São Paulo e Super Campeonato Paulista, em 2001 e 2002, e a Sul-Americana, em 2012.

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Na primeira passagem, ajudou o time a voltar para a Libertadores em 2003, com 46 gols em 56 jogos. No ano seguinte, já na competição continental, o São Paulo foi eliminado pelo Once Caldas, nas semifinais; sem decidir o confronto, Luis virou alvo da torcida pela primeira vez, apesar da artilharia da Copa com oito gols. Quem não ligou para os gritos dos torcedores foi o Porto, que apostou nos seus 118 gols em 160 jogos – média de 0,74 por partida.

Não brilhou em Portugal, mas se tornou ídolo no Sevilla. Voltou ao São Paulo em 2011, recebido como herói, aos gritos de “Luis Fabiano”. Como da primeira vez, mas em menor escala, os gols vieram (94 em 186 jogos); os títulos, não. Ou quase.

O São Paulo teve uma conquista importante em 2012, na Sul-Americana. Luis, entretanto, ficou mais marcado pelos problemas disciplinares, que incluiram uma expulsão na final, do que pela contribuição em campo. A temporada foi, mais uma vez, cheia de gols (31, em 44 jogos), mas o camisa 9, mais uma vez, virou alvo da torcida.

Três anos depois, com o clube mergulhado na maior crise institucional de sua história, Luis Fabiano é um dos que vem pagando o preço. Desta vez, aos 35 anos, viu o tempo e as lesões lhe tirarem as ferramentas para dar a única resposta que conhece:  gols. As 14 vezes que balançou as redes em 40 jogos formam sua pior marca com a camisa tricolor em uma temporada inteira.

Neste sábado, se for a campo, entrará no Morumbi pela última vez já sem chances de ser protagonista na conquista de um título; gols e uma vaga no G-4 são os objetivos que estão ao seu alcance. Depois do fim do Brasileirão, passará os anos finais de sua carreira em outro lugar – a China é o destino mais provável. De onde estiver, nos próximos anos, verá todo o amor e o ódio que já recebeu da torcida são-paulina darem lugar à saudade.

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