Briga antes de final ‘repete’ confronto que fez surgir torcida única em SP

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UOL

Diego Salgado

Um confronto entre torcedores de Corinthians e São Paulo marcou a primeira final do Campeonato Paulista ontem. O roteiro da briga ocorrida em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, horas antes do jogo é similar ao do embate que serviu de argumento há três anos para a implantação da torcida única nos clássicos paulistas. No começo de abril de 2016, um confronto entre corintianos e palmeirenses em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, resultou na morte de um homem de 53 anos que passava pela rua – alheio à confusão, a vítima foi atingida por uma bala perdida.

Nos dois casos, os confrontos ocorreram longe dos locais dos jogos. Ontem, a briga se deu em Ferraz de Vasconcelos, distante 45 km do Morumbi. Em 2016, a 31 km do Pacaembu, onde Corinthians e Palmeiras atuaram pelo Paulistão. Em julho do mesmo ano, um outro embate entre corintianos e são-paulinos aconteceu em Carapicuíba, a 47 km de Itaquera, palco do clássico válido pelo Brasileirão.

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Há três anos, as medidas que extinguiram a presença de duas torcidas distintas em um clássico foram executadas de forma imediata. A decisão foi tomada no dia seguinte à briga e à morte em São Miguel Paulista, numa reunião entre o então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes – hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) -, o promotor Paulo Castilho e o vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Fernando Solleiro.

Reprodução

Decidiu-se na ocasião que todos os clássicos disputados na capital paulista teriam torcida única, sob o pretexto de que a medida evitaria a “necessidade de a Polícia Militar precisar fazer comboios e, com isso, haver mais policiamento nos entornos dos estádios”. A determinação tinha validade até dezembro de 2016, mas foi prorrogada por tempo indeterminado. Para isso, o Ministério Público considerou a medida irreversível a curto prazo, pois, segundo o órgão, houve número crescente de público nos clássicos e queda no número de casos de violência.

Torcedor baleado já esteve em lista da FPF

Um dos torcedores feridos na briga de Ferraz de Vasconcelos, Régis Lopes, já figurou numa lista de 16 são-paulinos proibidos de entrarem nos estádios por um período de 90 dias, por se envolver em confusões. A determinação da FPF foi divulgada em julho do ano passado.

De acordo com apuração do UOL Esporte, Régis levou um tiro no braço direito e foi atendido no Hospital Central de Guaianases. Um corintiano, Bruno Brito, também foi atendido no local. Ele apresentava ferimentos na cabeça e escoriações pelo corpo. O confronto deixou outros 12 feridos.

Segundo um comerciante da região, um torcedor entrou em seu comércio baleado na perna e pedindo ajuda. O dono do estabelecimento, então, chamou uma ambulância para atender o torcedor. Após a briga, a polícia deteve 11 torcedores (seis corintianos e cinco são-paulinos). No Morumbi, longe dali, São Paulo e Corinthians empataram sem gols sob olhares de quase 59 mil torcedores tricolores. No próximo domingo, a Arena Corinthians receberá o jogo final do Paulista apenas com corintianos nas arquibancadas.