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Renato Cury
Em quarentena no interior paulista, meia diz entender gravidade da situação.
Igor Gomes, do São Paulo, buscava uma vaga na seleção brasileira para a Olimpíada de Tóquio, no Japão, adiada para 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus em decisão anunciada nesta terça-feira
Titular no São Paulo de Fernando Diniz e reserva na seleção brasileira de André Jardine no Pré-Olímpico, disputado no começo do ano na Colômbia, Igor Gomes disse entender a gravidade da situação. O jogador lamentou o problema de saúde pública e o adiamento da Olimpíada. Fora da última convocação da seleção, ele diz que mantém o desejo de representar o Brasil nos Jogos.
– É uma pena tudo o que aconteceu. Esse ano tinha tudo para ser… tem ainda para ser maravilhoso. Lógico que criamos expectativas, por ser ano de Brasileiro, Libertadores e Olimpíada. Ver da forma que foi adiado é meio frustrante, mas a cabeça segue a mesma. Tenho desejo de jogar pela seleção brasileira, desejo de jogar uma Olimpíada e representar meu país em competições importantes. Vou seguir trabalhando e me dedicando nos jogos e treinamentos para ser recompensado de uma maneira muito positiva – disse Igor Gomes, em entrevista exclusiva.
– Temos que nos atentar a isso, porque não é uma brincadeira. Estamos lidando com vidas humanas. Quanto mais formos conscientes da situação, melhor – afirmou o jogador.
Igor Gomes disputou o pré-olímpico na Colômbia e tinha expectativa de jogar a Olimpíada no Japão — Foto: Lucas Figueiredo / CBF
Justamente por causa do coronavírus, Igor Gomes está de quarentena com a família em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, onde segue as orientações de treinos do clube durante a paralisação do futebol brasileiro.
Em meio ao problema de saúde pública, Igor Gomes ao menos teve uma boa notícia nos últimos dias. O jogador recebeu um aumento salarial do São Paulo pelo rendimento dentro de campo. Seu contrato segue válido até março de 2023.
– Assim que soube que o São Paulo queria fazer esse reajuste salarial, fiquei muito feliz. A torcida grita meu nome e eu me sinto honrado pelo que estou apresentando. Fico feliz e agradeço a confiança. Espero cada vez mais retribuir em campo. Não que (o aumento) seja algo que vai influenciar ou atrapalhar. Não ligo muito para isso. Mas lógico que é uma parte importante e fico feliz de estar acontecendo na minha vida – afirmou Igor Gomes.
Com o meia em campo, o Tricolor dobrou o número de gols e melhorou seu aproveitamento.
– Fico feliz, mas não podemos falar que é só o Igor. Tem que pensar muito no coletivo. Esse é o princípio do nosso jogo. É o coletivo. Se ver como começamos a construir as jogadas, muitas vezes eu estou do lado do Dani (Alves) e do Tchê Tchê quase na risca da área buscando o jogo e vamos juntos em bloco levando a bola para nossos atacantes. Até certo ponto, é meu mérito por alguns passes decisivos ou finalização para o gol. Mas a base para fazer tudo isso são meus parceiros dentro de campo, Dani e Tchê Tchê. Não só eles, mas são os que estão mais próximos de mim. Seria muito injusto da minha parte dizer que só eu tô carregando esse piano (risos). É o princípio nosso, esse bloco, essa união nossa que leva a todo o desempenho que estamos tendo.
Igor Gomes em ação pelo São Paulo contra a Ponte Preta — Foto: Marcos Ribolli
Em bom momento individual e coletivo no São Paulo, Igor Gomes não pensa em seguir agora o caminho da Europa como o companheiro Antony, vendido ao Ajax e com saída programada para o meio do ano.
– Não gosto muito de ficar pensando no futuro. Minha cabeça hoje está toda no São Paulo. Estou muito feliz com o grupo e o que estamos apresentando. Sei aonde podemos chegar com tudo isso e quero estar participando. O futuro a Deus pertence. O que tiver de acontecer vai acontecer. Eu vou estar lá. Se Deus quiser, esse ano no São Paulo brigando por título e me divertindo dentro de campo, representando o clube que eu gosto.
Veja outros trechos da entrevista com Igor Gomes:
O que mudou na rotina com o coronavírus?
–Na minha vida não mudou muito, porque gosto de ficar em casa. Estou com a minha família. Nada diferente do que faço nas férias. Não estou vendo amigos próximos, jogando meu futevôlei, mas é uma causa nobre. Temos que nos atentar a isso, porque não é uma brincadeira. Estamos lidando com vidas humanas. Quanto mais formos conscientes da situação, melhor.
De que forma aproveita o tempo livre que não teria na rotina do futebol?
– O ponto positivo acho que é só esse. Geralmente o tempo que temos são as férias para estar perto de quem amamos. Agora se estendeu um pouco. Mas não consigo ver pontos positivos diante de toda essa situação. É um problema muito grave. Choca qualquer pessoa. É muito preocupante. Talvez o ponto positivo seja esse de estar próximo de quem amamos, mas ficamos muito restritos em casa. Não podemos sair para dar uma volta, ir em algum lugar ou comer em algum lugar diferente. Não que seja ruim comer a comida da nossa mãe. Mas ficamos um pouco mais restritos. Talvez esse seja o ponto positivo, mas não vejo muitos pontos positivos diante de tudo o que está acontecendo.
Como têm sido os treinamentos e alimentação?
– O pessoal do São Paulo passa uma programação, uma planilha para seguir. Procuro seguir, fazer os exercícios que pedem. Aqui em casa faço com bola. Minha alimentação… vou ser sincero, não estou seguindo à risca. Mas procuro quebrar o mínimo possível a dieta, porque isso aqui não é férias. A partir do momento em que o pessoal falar que tem de voltar, eu não posso estar mais ou menos ou meia boca. Esse tem de ser o pensamento de todos.
– Estou vendo bastante o pessoal se dedicando. Muita gente seguindo dieta e treinando todos os dias como eu. Como falei: isso não é férias. Por mais que seja difícil, a minha mãe fazendo as coisas gostosas (risos). Mas procuro quebrar a dieta quando não tem jeito e é uma coisa que estou com vontade. Até para não ser algo prejudicial, porque a parte mental é muito importante. Às vezes estou com vontade de comer o bolo que a minha mãe faz e eu como. Nesse aspecto da alimentação, não está sendo 100%, mas sem extrapolar de vez. Treinamentos, faço sempre que dá.