Quando o ano iniciou tivemos a maior promessa de Cotia sendo vendida e logo após recebemos uma declaração da diretoria que com aquela venda as contas do ano estariam equilibradas e que não havia obrigação de negociar mais ninguém.
Só que o primeiro semestre terminou e a segunda melhor revelação do ano também foi negociada com o exterior. Eu fico meio atordoado e decepcionado a toda “boa” negociação que o SPFC realiza e penso em clubes que não vendem tão rapidamente seus jogadores. Eu cito o Santos e o Lucas Lima, por exemplo, jogador de seleção brasileira. Mas no próprio Santos tem outros exemplos, assim como no Grêmio, no Corinthians e em outros clubes.
Eu entendo as principais razões para as negociações: O desejo do jogador e a necessidade do clube. Mas se as negociações comentadas forem realizadas teremos um ano de muito dinheiro entrando e muita credibilidade no futebol do time saindo. Vejamos: Neres rendeu R$ 50 milhões e ainda o clube tem 20% em uma transação futura deste jogador. O meia Galvan de 17 anos foi negociado com o Real Madri por R$ 9,5 milhões. O Lyando saiu por R$ 18 milhões. Por Luiz Araújo o clube receberá R$ 30,6 milhões. A proposta de R$ 21,8 milhões por Thiago ainda não foi aceita. Há também uma proposta de R$ 21 milhões por Junior. São incríveis R$ 150,9 milhões num único ano. Se Thiago e Jr ficarem, sairão em Dezembro, podem apostar.
O mais grave de tudo isso é que nenhum destes jogadores tiveram seus nomes marcados na história do futebol profissional do clube. Nunca estarão num pôster no quarto de algum torcedor. São jogadores vitoriosos pelas categorias de base do SPFC. A maior crise da história do clube está demorando muito para passar. O temor é que outra chegue sem esta ter saído dos corredores do Morumbi. Eu tenho por princípio acreditar nas matérias que leio sobre as necessidades financeiras do clube e acreditar que os dirigentes estejam trabalhando pelo bem do clube, principalmente agora com o novo estatuto estruturando e organizando a administração do SPFC. Mas um clube de futebol vive de conquistas.
Mas confesso a todos que está difícil acreditar no futuro no curto e no médio prazo do nosso futebol. O clube mais vitorioso da história do futebol brasileiro vive o inimaginável. Pessoas sem experiência comandam o futebol do clube. Acompanhando o dia a dia a sensação que fica é que tanto faz o sucesso dentro de campo. Parece que o SPFC quer que não liguemos para vitórias ou derrotas. Ninguém vem a público explicar os detalhes das transações e o planejamento do clube. Falta coração e transparência a alta cúpula do tricolor paulista.
Eu sempre defendi a administração profissional em clubes de futebol, mas isso não quer dizer frieza com a realidade, muito pelo contrário. O SPFC de hoje mais parece uma empresa estatal que vive sem dono e por isso tanto faz os resultados. Quem será a pessoa a colocar a mão na mesa e romper com esta coisa fria que vivemos?
Uma coisa que eu gostaria e não vejo, pode ser falha minha, é o clube esclarecendo suas dívidas a entidades privadas e a entidades públicas, esclarecendo o destino dos recursos obtidos mês a mês, inclusive das vendas de jogadores. O que vejo são notícias vindas da imprensa, cada uma com um conteúdo diferente da outra e o clube vivendo à distância de quem de fato é a razão da sua existência: Sua torcida. Se querem que freqüentemos o estádio e compremos produtos, eles devem começar a criar um canal de comunicação conosco mais efetivo.
O clube deveria ser transparente e soltar uma nota mês a mês sobre suas finanças. Dizer quanto recebeu, quanto gastou e o histórico disso tudo. A quem interessa se o clube funcionar de forma transparente e a quem não interessa?
Salve o tricolor paulista, o clube da Fé.
Carlito é advogado, trabalha como representante comercial, frequenta o Morumbi desde 1977 e prefere o time que vence ao time que joga bonito. Escreve nesse espaço todas as quintas-feiras.
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Viramos uma empresa de venda de jogadores