Em verdade o título desta pequena reflexão deveria ser “O treinador, o SPFC e o calendário”, mas como ficaria extenso, resolvi mudar. Estive no Morumbi para ver o tricolor jogar no último sábado à noite contra o bom time do Ceará. Como todos os cronistas profissionais estão dizendo, o nosso mais querido jogou melhor no primeiro tempo do que no segundo. Eu vejo esta questão de forma bem ampla.
Infelizmente alguns jogadores importantes dentro do elenco atual não estavam disponíveis no último sábado, e eles fizeram falta na hora de substituir os jogadores que atuaram desde o início. Eu senti muito a ausência de um primeiro volante e de opções para o meio. Sara anda fazendo muita falta, mas Nikão e Alisson também não estavam lá neste dia. Colorado seria o primeiro volante, que também não está disponível. Em Luan RC ainda não confia. Gabriel estava no banco, talvez tivesse sido melhor opção a Eder, assim como Pablo Maia e Patrick em minha opinião.
Graças a estas ausências, a escalação inicial era leve e rápida. No intervalo o treinador resolveu sacar o André Anderson, talvez por este ter chegado agora e ainda procurar a melhor forma, mas escolheu colocar no lugar mais um atacante. O meio ficou com 2 jogadores e nenhum de marcação. O SPFC caiu muito de produção. Eu sempre gostei de times cujo primeiro volante sabe marcar muito bem e sabe sair jogando, iniciando a jogada. Luan faz isso muito bem. RC diz que Luan domina a posição. Já vimos e comentamos muito nos últimos tempos o quanto o SPFC sofre sem Luan. Isso ainda não mudou, simplesmente porque o tricolor não tem no elenco outro jogador para a função com as mesmas características.
Eu tenho visto o tal rodízio de jogadores com bons olhos, apesar de reconhecer alguns exageros, mas eu sou leigo e não estou dentro do clube para conhecer os exames de cada atleta e com isso o estado físico de cada um. Faz tempo que tenho a opinião de que para pontos corridos um time deve jogar de uma maneira e para mata-mata de outra. Talvez até com outros jogadores na escalação, a começar pelo volante de marcação.
Eu tinha 19 anos de idade e já gostava muito de futebol quando mestre Telê montou aquela verdadeira seleção e jogou a famosa copa do mundo de 1982. Na época, como torcedor do SPFC, e frequentador do Morumbi, eu já admirava os volantes fortes, como nosso Chicão, o melhor camisa 5 que vi no tricolor. Rubens Minelli treinou Chicão no vitorioso BR77 que vi partidas jogadas no Morumbi. Antes, Minelli havia sido Bicampeão brasileiro com o Inter de Porto Alegre, jogando com uma das melhores duplas de volantes que já vi, Batista e Falcão. Pois bem, na Copa de 82 mestre Telê tinha a opção de escalar a dupla de volantes citada e deixar o meio mais forte. Preferiu Toninho Cerezo a Batista, um dos melhores segundos volantes que já vi. O meio ficou mais leve e mais fraco na marcação. O mestre, em minha leitura, aprendeu o duro golpe daquela derrota, e em 1992, já no SPFC, escalou para 92 e depois em 93 duplas de volantes marcadores. O resto do meio de campo era de craques, mas os volantes sabiam marcar antes de tudo. Eu prefiro assim. Ah, Batista era um super jogador que sabia marcar. Cerezo um craque que marcava bem menos.
Eu vejo o RC ainda aprendendo o difícil ofício de treinar um grande time de futebol. O SPFC tem um elenco limitado, mais ainda por contusões. O calendário brasileiro é complicado e exige cuidados. Nosso treinador ainda é um “novato”, e as vezes exagera.
Salve o tricolor paulista, o clube da fé.
Carlito Sampaio Góes