Salve nação tricolor!
Temporada 2016 chegando ao fim, apenas 5 jogos para o São Paulo contabilizar seus acertos e erros. A equação já conhecemos o resultado, dará negativa.
Como em todos os outros anos, desde 2009…
Porém, existe um novo caminho a seguir, uma esperança a trilhar, uma bandeira pra ostentar: o novo Estatuto tricolor.
Antes de comentá-lo em 10 pontos principais, um breve resgate de bastidores da política administrativa do nosso time de futebol, mas também instituição, São Paulo FC.
Depois de um ano repleto de tensões e pressões por maus resultados nos campeonatos, mudanças diretivas foram cobradas, no sentido da exigência da modernização do clube.
Ocorre que mudanças anteriores, sem o crivo dos associados do clube, foram objetos de ação contra gestões passadas, já que feriram a legitimidade prevista em nossa lei civil. Ação que deu perda de causa ao SPFC em todas as instâncias, até chegar à Corte máxima, o STF.
Ou seja, se o Supremo Tribunal Federal resolvesse acompanhar decisões anteriores, os atos praticados ao longo dos últimos anos, poderiam ser considerados nulos e assim, até o risco de intervenção existia.
Então a diretoria propôs ratificar os atos, através da votação dos associados. Em outras palavras, se o sócio do São Paulo dissesse “Sim” em votação ocorrida neste semestre último, o risco de uma decisão judicial que cairia feito uma bomba no clube, perderia força e razão de ocorrer.
Para tal intento ter pleno sucesso, uma reivindicação de associados, conselheiros e, acima de tudo, torcedores, foi votada em conjunto: a reforma do estatuto. A diretoria do SPFC fez campanha por essa aprovação, mister para que o time reencontre seu caminho de vanguarda e glórias.
A questão que não quer calar é: com a aprovação dos atos passados resolvida, a diretoria terá o mesmo empenho com a aprovação do novo estatuto?
Analisemos em 10 pontos, para a devida reflexão:
1) O modelo administrativo vigente do SPFC é arcaico, retrógrado, inchado e ineficiente. Mas não muda, por questões da composição política. Nos últimos anos, o SPFC se tornou um micro-cosmos do Brasil da ex-era PT. Criações de vice-diretorias amadoras, aumento de diretores-adjuntos, nomeações políticas visando a perpetuação do poder. Deu muito resultado para situacionistas por um certo tempo, ocorre que a saturação foi inevitável. Fracassos nos campeonatos, humilhações em clássicos, eliminações para times de divisões menores, perda de receitas em marketing, endividamentos. O poder pelo poder abalou o Tricolor profundamente.
2) Eis que o novo Estatuto pretende diminuir drasticamente o número desses cargos, extinguindo as VPs (vice-presidências) e colocando limite em número de diretorias. Pergunte a si mesmo, são-paulino: quem hoje está no poder, aceitará perder cargo, mesmo que seja em benefício do SPFC?
3) Algumas ações são enormes avanços em relação ao estatuto vigente, tais como: maior número de conselheiros eleitos pelos sócios, diminuindo a proporcionalidade dos vitalícios, que propiciam também a continuidade da situação no poder, conforme demandas atendidas. Novamente, se questione: interessará à situação e aos vitalícios, essa nova composição da formação do Conselho Deliberativo (CD)?
4) Comissão Disciplinar independente eleita pelo CD e que julgue os conselheiros em questões internas, com amplo direito de defesa no Conselho de Ética, é outro passo à frente. Bem como propostas como haver mais de duas chapas na assembléia geral; voto cruzado entre chapas (vota-se no conselheiro acima do grupo que pertença); voto identificado (aberto) para Presidente e Vice; pedidos individuais do Conselho Fiscal deverão ser acolhidos e este (Conselho) não terá reeleição; a criação de um Conselho de Administração, que terá acesso a todos os contratos (muito importante).
5) A profissionalização: a proposta é limitar as diretorias de 3 a 9 executivos profissionais remunerados, bem como o Presidente, com a condicional de dedicação integral ao clube e teto definido pelo Conselho de Administração. Acabaria com a prática dos despachos em finais de expediente, onde vários diretores (atualmente amadores) tinham antes que dedicar os seus dias às devidas atividades profissionais, antes do clube.
6) Transparência pela obrigatoriedade de auditoria independente por empresa registrada na CVM, adequação às exigências de um orçamento que atenda o PROFUT, orçamento este que seria aprovado pelo Conselho de Administração e também Deliberativo.
7) Estudo em até 12 meses, da viabilidade da separação da área social, do futebol profissional. Ponto nevrálgico e complexo.
8) O terceiro uniforme, fonte de receita, com regras definidas de concepção e uso.
9) Revisão de todas as mudanças, no ano de 2023.
10) Como último ponto, outra luta: a análise em até 1 ano, da possibilidade do voto direto pelo associado e também do sócio torcedor, na eleição do SPFC.
Pontos que trariam de novo o Tricolor paulista, ao protagonismo do avanço e glórias.
Mas, terão guarida naqueles que atualmente mandam no clube? Por ética e moral, deveriam. Afinal, fizeram campanha pelo “Sim”, para todos associados. Mudar de posicionamento seria baixo.
O tempo urge e dirá.
Enquanto isso, nós, nação tricolor, estaremos atentos e vigilantes, com uma única certeza: permanecer como está, não dá mais.
Saudações Tricolores!
Carlos Port, idealizador do projeto Opinião Tricolor. Dois bacharelados na profissão de administrador, especialização em comunicação, neto e filho de são-paulinos, paulistano, patriota. No Twitter: @carlosport
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