Desde briga entre presidentes Paulo Nobre e Carlos Miguel Aidar motivada por contratação de Alan Kardec, clubes trilham caminhos distintos. Nesta quarta, duelo no Allianz Parque
Fellipe Lucena e Marcio Porto – São Paulo (SP)
Paulo Nobre e Carlos Miguel Aidar estão há quase um ano sem se cumprimentar, sendo que o palmeirense só se refere ao são-paulino como “este senhor”, recusando-se a pronunciar seu nome. Desde a briga entre seus presidentes, em abril do ano passado, os dois clubes trilham caminhos distintos dentro e fora de campo.
O São Paulo tem levado a melhor com a bola rolando. Foi vice-campeão brasileiro, disputa a Libertadores e venceu nas duas vezes que cruzou com o rival desde aquela ocasião, uma delas com gol de Alan Kardec, que se tornou pivô de toda a polêmica ao decidir trocar o Palestra Itália pelo Morumbi.
Já o Palmeiras, acusado por Aidar de “se apequenar ano após ano”, vive fase melhor do que o adversário fora de campo: tem estádio mais moderno, recebe mais público, lucra mais, fez explodir o programa de sócios-torcedores e hoje é dono da camisa mais valiosa do país (veja mais detalhes abaixo).
Nobre e Aidar estarão no Allianz Parque nesta quarta-feira, às 22h, para o primeiro Choque-Rei de 2015, e só vão se cruzar se for por coincidência, nos vestiários. A diretoria são-paulina ficará em um camarote acima do setor de visitantes, o mesmo destinado a qualquer adversário, distante dos dirigentes alviverdes.
Contratação de Kardec, em maio do ano passado, originou briga entre mandatários
O Palmeiras promete dar conforto aos oponentes mesmo que nos bastidores ainda reclame do tratamento recebido no último clássico no Morumbi, no segundo turno do último Brasileirão. Pessoas do clube dizem ter ficado em um camarote escuro, atrás do gol, com visão ruim do gramado.
Antes disso, até houve uma tentativa de aproximação do São Paulo. Os interlocutores destacados por Aidar para tentar resgatar a relação com o rival perceberam que a rixa de Nobre não é contra a instituição, e sim contra seu presidente, mas os clubes pouco interagem.
Vez ou outra, ainda trocam alfinetadas. Os dois negociaram patrocínio master com a Crefisa, e Aidar disse que o rival aceitou “bem menos” para fechar. Ele chegou a colocar em dúvida os R$ 23 milhões anuais alardeados pelo Verdão, e Nobre o aconselhou a “cuidar de sua gestão conflituosa e cheia de escândalos em vez de dar palpite”.
CHOQUE-REI FORA DO CAMPO
ESTÁDIOS
Inaugurado em novembro do ano passado, Allianz Parque despertou de vez o orgulho da torcida palmeirense: a casa e os cofres do clube estão sempre cheios. Já Aidar é defensor da reforma do Morumbi, mas ainda não conseguiu aprovar um projeto. Estádio foi inaugurado em 1960 e agora está atrás das novas arenas
Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, um dos mais modernos do mundo (Crédito: Ari Ferreira)
SÓCIOS-TORCEDORES
Palmeiras: 103.428
São Paulo: 53.577
Clube que mais ganhou sócios em 2015 (quase 40 mil), o fenômeno Palmeiras é vice-líder no ranking nacional. O São Paulo aposta em privilégios na compra de ingressos. É oitavo.
PÚBLICO MÉDIO NO ANO
Palmeiras: 26.479
São Paulo: 13.222
Palmeiras tem média melhor que a do rival em 2015 mesmo estando fora da Libertadores e com ticket médio mais caro no Paulistão. Arena nova é o principal atrativo da torcida.
RENDA BRUTA MÉDIA
Palmeiras: 2 milhões
São Paulo: 484 mil
Com ingressos caros e público alto, Palmeiras tem lucrado alto. As rendas brutas do clube já superam R$ 12 milhões no ano. Afastamento da torcida prejudicou o São Paulo.
PATROCÍNIO
Palmeiras: 50 milhões
São Paulo: 0
Crefisa, FAM, Prevent Senior e TIM colocarão cerca de R$ 50 milhões nos cofres do Verdão neste ano: é a camisa mais valiosa do Brasil. Tricolor está sem patrocinadores na camisa.
Modelo na apresentação do patrocínio da Crefisa para o Palmeiras
TÍTULOS NA DÉCADA
Palmeiras: 1
São Paulo: 1
Nesta década, cada clube ganhou um título relevante, ambos em 2012: o Verdão levou a Copa do Brasil (além da Série B de 2013), enquanto o Tricolor ficou com a Sul-Americana.