O que Muricy quer de Ganso? Mudança é decisiva contra o San Lorenzo

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UOL – Guilherme Palenzuela

O discurso é sempre igual: “Ele tem que entrar mais na área”.

Muricy repete tais palavras sobre o mesmo Paulo Henrique Ganso desde agosto de 2011, quando ainda comandava o Santos de Neymar. Passaram-se quase quatro anos, e a frase permanece atual. É repetida quase que semanalmente pelo treinador. Para Muricy, Ganso, definitivamente, precisa entrar mais na área. Nesta quarta-feira, às 22h, o São Paulo enfrenta o San Lorenzo (ARG) em jogo decisivo pela Copa Libertadores e depende de um bom desempenho do camisa 10. Mas o que, exatamente, quer dizer Muricy com tão repetidas palavras?

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O “entrar na área”, para Muricy, não é um pedido para que Ganso se comporte como um Ricardo Goulart, como aquele Kaká que foi melhor do mundo ou como um antigo ponta-de-lança. Muricy, como bom meia que foi e como excelente conhecedor de Ganso que é, não pretende tirar o instinto criativo e o prazer pela assistência que tem o meia. Quem conversa com Muricy fora dos microfones e ouve a mesma frase com um pouco mais de paciência explica, com outras palavras, que o que o técnico quer de Ganso é mais presença nas jogadas ofensivas. Não quer definitivamente, que Ganso desista das jogadas ao dar o passe que pensa ser uma assistência.

Ganso corre. Pode não parecer pelo estilo de cadência, mas se mexe em campo. Como ele mesmo disse na terça-feira, no CT da Barra Funda, “Se pegarem o meu GPS após o jogo, a minha quilometragem é sempre uma das maiores da equipe”. Para certo desespero de Muricy Ramalho, tais quilômetros percorridos parecem ser mais para os lados e para trás – Ganso tem índice de desarmes muito positivo – do que para a frente, principalmente em jogadas em que o São Paulo precisa de mais um para se tornar opção de passe.

Muricy não vê o São Paulo titular sem Ganso. Considera o camisa 10 um craque. Avalia, porém – e especialmente em 2015 – que o meia tem deixado de acompanhar as jogadas de ataque quando dá o passe para um dos pontas ou para o atacante. Dá o passe, outros três são-paulinos entram na área adversária, mas falta um quarto, que por vezes não aparece para criar mais uma opção para receber um passe ou, pelo menos, incomodar um dos marcadores oponentes.

Essa característica do meia se torna ainda mais incômoda quando o São Paulo joga com Luis Fabiano. Assim como Ganso sabe dar passes, o camisa 9 sabe finalizar. Mas, aos 34 anos, oferece muito menos movimentação do que Alexandre Pato e do que o concorrente direto Alan Kardec. Tal deficiência de mobilidade torna ainda mais importante que Ganso prossiga nas jogadas, que se apresente na área, que se faça, além de armador, um potencial finalizador. Se a bola chegar em Luis Fabiano dentro da área e o centroavante não conseguir finalizar, é improvável que ele consiga, apertado, driblar um ou dois marcadores para definir a jogada. Precisará de espaço ou de opções: se Ganso se apresentar na área, criará espaço por tirar mais um marcador do lance e mais uma opção, por poder receber um passe.

Nesta quarta-feira, contra o San Lorenzo, assim será: Muricy treinou com Luis Fabiano entre os titulares no treino fechado de terça-feira e o São Paulo deverá ter no Morumbi um setor ofensivo com Ganso, Michel Bastos e Alexandre Pato, além do camisa 9, em duas opções de posicionamento: Ganso centralizado, com Michel Bastos e Alexandre Pato pelas pontas e Luis Fabiano na área; ou com Ganso pela direita, Michel pela esquerda e Alexandre Pato solto, em volta de Luis Fabiano, na área.

O jogo é só o terceiro da fase de grupos, mas já é considerado decisivo porque este Grupo 2 é o dito grupo da morte, e porque o São Paulo perdeu para o rival Corinthians, fora de casa, na primeira rodada. Se perder pontos no Morumbi agora, terá de marcar contra o campeão San Lorenzo na Argentina, contra o Danúbio no Uruguai e contra o Corinthians no Morumbi – jogo que perdeu, pelo Paulistão.