Tentar entrevistar Centurión é uma das duras missões no dia a dia do São Paulo. A timidez do argentino, muito citada pelo ex-técnico Muricy Ramalho, fica evidente sempre que o jogador de 22 anos foge dos microfones. Postura oposta ao seu jeito ousado de atuar dentro das quatro linhas. Ele não se esconde, arrisca dribles e, às vezes, até erra a jogada por tentar definir sozinho. Mas foi justamente esse instinto que o fez virar herói.
(Foto: Rubens Chiri / site oficial do São Paulo FC)
Centurión decidiu a vitória por 2 a 1 sobre o Danubio, na última quarta-feira, em Montevidéu, no Uruguai. O resultado vital para o futuro do Tricolor na Taça Libertadores ocorreu graças a cabeçada dele, aos 46 minutos do segundo tempo. E significou uma espécie de ressurreição do São Paulo na competição.
– O sentimento era de desespero (antes do gol) por saber que estávamos quase saindo fora – resumiu Rogério Ceni.
Timidez? Que nada! Na comemoração, o argentino dançou a cumbia (dança colombiana que é popular também na Argentina) e foi abraçado por quase todo o time do Tricolor.
– Estou muito feliz. Precisava pessoalmente desse gol. Fizemos um grande esforço e conseguimos os três pontos. Foi um gol importante para a equipe e para mim. Enfim, consegui dançar a cumbia – disse o argentino, na saída do acanhado estádio Luis Franzini.
Durante a partida, o argentino chegou a sofrer duras entradas de Graví, do Danubio, jogador com quem Pato também se desentendeu pelas pancadas. Nada que o tenha intimidado.
Antes de ir às redes, Centurión viu Ganso reclamar por uma bola em que ele decidiu tentar fazer tudo sozinho e não deu o passe, melhor opção para o lance. Apesar de “abaixar a cabeça” demais, erro apontado anteriormente por Muricy, o argentino aos poucos vai deixando a timidez de lado.
Mas o descendente do Boneco de Posto vai colocar o cara na reserva.