Obsessão por físico e paciência fazem Hudson se destacar no SP pós-Muricy

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UOL – Guilherme Palenzuela

 

Pedro Vilela/Getty Images

Hudson foi titular nos cinco jogos com Milton Cruz: volante, lateral e meia

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Hudson foi titular nos cinco jogos com Milton Cruz: volante, lateral e meia

 

Hudson, 27, foi titular nos cinco jogos sob o comando de Milton Cruz desde a saída de Muricy Ramalho. No primeiro, contra a Portuguesa, vestiu a braçadeira de capitão e fez um gol. No último, contra o Corinthians, estreou em nova posição, como meia direita, e participou dos dois gols da vitória que colocou o time nas oitavas de final da Copa Libertadores. Os fatores decisivos para que ele pulasse de reserva para titular absoluto em tão pouco tempo foram, principalmente, o extremo cuidado com o treino físico e a paciência.

“Tenho uma frase que levo para minha vida toda: a vontade de se preparar tem que ser maior que a de vencer”, diz Hudson, em entrevista ao UOL Esporte.
E durante quase um ano como reserva, entre períodos improvisado como titular na lateral direita, Hudson teve muita vontade de se preparar. Segundo quem trabalha no São Paulo, o volante é sempre um dos primeiros a chegar ao CT da Barra Funda e tem até de ser controlado para que não trabalhe em excesso. É o que conta José Mario Campeiz, o Zé Mario, preparador físico e personagem importante no São Paulo pós-Muricy Ramalho.
“Hudson, desde quando chegou sempre foi um dos destaques em termos de condição física. Na parte física nunca se descuidou, é um dos atletas que mais se cuidam, sempre chega cedo. Ele é pontual, tem que cuidar dele porque senão passa até do ponto (risos). É muita vontade”, diz Zé Mario.
Milton Cruz não poderá contar com Hudson para a primeira partida contra o Cruzeiro, no dia 6 de maio, no Morumbi, pelas oitavas de final da Libertadores. Ele foi suspenso pelo terceiro cartão amarelo e desfalca o time, assim como o zagueiro Dória e o atacante Luis Fabiano, expulso contra o Corinthians. Até o jogo contra o Flamengo, pelo Brasileirão, no dia 10 de maio, porém, Hudson poderá fazer o que mais gosta: se preparar para melhorar ainda mais.
Há um ano no São Paulo, o volante que virou lateral e meia teve de encarar longo período na reserva. Teve a mesma paciência que precisou ter durante a carreira. Revelado pelo Santos, ele rodou por clubes menores antes de ir ao Morumbi. Passou por Santa Cruz, Ituano, Red Bull Brasil, Comercial, Oeste e Botafogo-SP. “Quando saí do Santos tive que praticamente recomeçar minha carreira. E isso aconteceu mais umas duas vezes depois do Santos, pelo menos. Então você aprende que em certo ponto você tem que ter paciência”, diz.
Confira a entrevista com Hudson
UOL Esporte: Na comissão técnica do São Paulo fala-se que você tem um cuidado acima da média com a parte física. É verdade?
Hudson: “Tenho uma frase que levo para minha vida toda: a vontade de se preparar tem que ser maior que a de vencer. Uma coisa leva a outra. Sou um cara que procura sempre chegar cedo, fazer academia, fazer um treino funcional. A gente trabalha com o nosso corpo, quanto melhor preparado mais vai render. Sou muito feliz de jogar no São Paulo e acho que cada jogo meu no São Paulo é muito especial. Encaro cada jogo como se fosse o último, como se fosse o mais importante. Porque minha vida é isso aqui, devo minha vida ao futebol e procuro fazer meu melhor sempre”
UOL Esporte: Você treina também por conta própria, fora do CT? Tem cuidados específicos com alimentação?
“Fora daqui só em período de férias, eles até orientam que quando dão uma folga é importante ter o descanso. Alimentação, graças a Deus não tenho problema com peso. Pelo contrário, tenho até que me suplementar para não perder peso. Como bem, claro que a gente regula uma coisa ou outra para não extrapolar”
UOL Esporte: Você foi formado pelo Santos e depois passou cinco anos rodando em clubes menos expressivos. O que aconteceu para você conseguir chegar no São Paulo e ganhar espaço? Você melhorou ou o futebol que te encontrou?
“Acredito que eu melhorei, sim. Claro que não me transformei. Você fazer uma boa partida e ter uma boa sequência no São Paulo é visto de uma maneira muito grandiosa. Mas claro que tive de amadurecer muito. Desde quando cheguei no São Paulo houve um período que eu não jogava tanto, depois que fui ter oportunidade. Acho que tenho uma jornada incrível ainda, quero melhorar muito, conquistar títulos aqui. O que eu sempre falo é que o que marca o jogador num clube são os títulos conquistados, e quero conquistar isso aqui”
UOL Esporte: Você teve paciência para esperar por uma chance no São Paulo. Na sua carreira, como foi ser formado pelo Santos e depois ter de passar por clubes menores antes do São Paulo?
“Quando saí do Santos tive que praticamente recomeçar minha carreira. E isso aconteceu mais umas duas vezes depois do Santos, pelo menos. Então você aprende que em certo ponto você tem que ter paciência. Tem que trabalhar, trabalhar e trabalhar. Se for merecido, as coisas vão acontecer. basta estar preparado. Aqui no SP tem excelentes jogadores, e eu cheguei do interior, então era natural. Procurei entender isso e me preparar melhor, pra que eu pudesse agarrar a chance quando tivesse”
UOL Esporte: Milton Cruz tem mudado alguns detalhes no programa e nos métodos de treino do São Paulo desde que assumiu. Essas mudanças surtiram efeito?
“Acredito que cada treinador tem seu método de trabalho. Milton carrega muita coisa do Muricy, ele tem um respeito muito grande do Muricy porque o Muricy era um profissional de excelente qualidade. A gente precisava de algumas mudanças, porque nosso time precisava de uma nova postura. Desde o roupeiro ao Luis Fabiano, que é nosso principal jogador de frente, precisava mudar alguma coisa. E sim, foram feitas algumas mudanças para que surtissem efeito. Acho que está sendo válido. Não foi uma vitória contra o Corinthians que vai mostrar que está tudo certo, mas acho que o caminho é esse”
UOL Esporte: Como avalia sua atuação no jogo contra o Corinthians?
“Achei que a gente, não só eu como a equipe toda, encarou o jogo como uma verdadeira final. Como um jogo decisivo, tal como era. Não só porque valia classificação, mas porque era um jogo para recuperarmos confiança, mostrar real capacidade. Acredito que fui bem, sim, assim como todos. Claro que quando vem a vitória a satisfação é muito grande”
UOL Esporte: Milton não deu o treino tático no campo na véspera do jogo. O que pensou quando soube que jogaria como meia direita?
“Pra mim foi um pouco de surpresa, mas foi uma parte muito inteligente dele porque adiantou nossa marcação bastante. Quando a gente diminuiu espaços na saída de bola, a gente conseguiu pressiona-los como precisava. Eu já tinha jogado assim em outras equipes. Espero poder ajudar muito mais”
UOL Esporte: Você chegou como volante mas jogou mais como lateral no São Paulo e agora como meia. Se um técnico estrangeiro que não te conhece for contratado para suceder Muricy, como você se apresentaria?
“Acredito que o treinador que chegar já vai ter o mínimo de conhecimento. Ele vai ter as preferências, vai achar que eu posso render mais de meia, lateral ou volante. Isso vai do treinador, eu vou demonstrar disposição para jogar em qualquer posição. Quero estar sempre jogando”
UOL Esporte: Você participou dos dois gols contra o Corinthians, saindo da direita para a área adversária. A instrução era essa?
“Milton vem desde um tempo pedindo isso. Muricy também, antigamente, pedia para os meias estarem sempre dentro da área. Tem  possibilidade maior de sair gols. Ele pediu isso novamente, tanto para mim como para o Michel [Bastos, meia esquerda]. Acho que isso é uma orientação dele, mas é algo de antes dessa partida. Pude assimilar legal. Isso tem que acontecer mais vezes, isso aumenta muito nossa chance de fazer mais gols”

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