Os técnicos de São Paulo e Cruzeiro, que se enfrentam às 22 horas (de Brasília) desta quarta-feira, no Morumbi, são amigos desde 1982, ano em que jogaram juntos no Nacional, de Montevidéu. Ano também em que o paulista Milton Cruz emprestou o carro do mineiro Marcelo Oliveira para passear pelo Uruguai e quase foi multado por excesso de velocidade.
“Ele tinha um Fiat 147 (automóvel atualmente ultrapassado, mas pioneiro no Brasil, no fim da década de 1970)”, recorda o treinador são-paulino. “Eu havia acabado de chegar ao país, não tinha carro. O Marcelo ia viajar para o Brasil e deixou o carro comigo, porque eu iria com a família da minha esposa conhecer Punta del Este (cidade localizada a cerca de 130 quilômetros da capital uruguaia)”.
Hoje em dia, Milton Cruz acha graça da continuação da história. Naquela ocasião, no entanto, ele se assustou ao ter que encostar o carro na beira da estrada. “Foi em um domingo, um dia depois de ter feito quatro gols. Eu estava correndo com o carro do Marcelo, a polícia me parou. Mas, quando viu os documentos, o policial me perguntou se eu era o atacante brasileiro que jogava no Nacional. O cara pediu autógrafo e me liberou, me deixou eu ir embora”, conta, rindo.
Os dois foram companheiros de equipe apenas naquele ano, mas já se conheciam dos tempos em que o atacante Milton Cruz defendia o São Paulo. O time paulista foi campeão brasileiro de 1977, em pleno Mineirão, diante do Atlético-MG do meia Marcelo Oliveira. Cinco anos mais tarde, como eram os únicos brasileiros do Nacional, criaram uma grande amizade, a qual mantêm até hoje. “Ele é um excelente amigo, um excelente treinador, um excelente caráter. O Marcelo não tem defeito”, elogia Milton CruzTambém as famílias são próximas desde a passagem de ambos pelo futebol uruguaio. Vanessa, esposa de Marcelo Oliveira, costuma dormir na casa de Marilize, mulher de Milton Cruz, quando fica em São Paulo. Há pouco mais de uma semana, os dois se encontraram no Rio de Janeiro, durante congresso de treinadores organizado pela Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. Já sabiam do confronto entre seus times nas oitavas de final da Copa Libertadores, contudo preferiram conversar sobre outros assuntos.
“Sentamos juntos, um do lado do outro, mas sem falar do jogo”, afirma o ex-atacante, que enfrentou o amigo somente uma vez como comandante do São Paulo. Foi no Campeonato Brasileiro de 2011, em empate por 0 a 0, no Morumbi, quando estava interinamente à frente da equipe, depois da demissão de Adilson Batista. Como auxiliar, os últimos encontros foram no ano passado, quando o Cruzeiro conquistou o segundo título brasileiro consecutivo.
Nesta quarta-feira, os dois ex-colegas de Nacional farão pela primeira vez um duelo de mata-mata à beira do campo. Uma prova e tanto principalmente para Milton Cruz, que, alçado à condição de treinador principal, precisa manter o São Paulo no caminho das vitórias.