Por que Pato melhorou com Milton? Tempo em campo e posição explicam

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Fonte: UOL por Guilherme Palenzuela

O placar do Morumbi marcava 0 a 0 quando Alexandre Pato entrou em campo aos 26 minutos do segundo tempo na partida entre São Paulo e Flamengo. Um minuto depois, ele recebeu uma bola na intermediária, conduziu em diagonal e achou Wesley, que daria assistência para Luis Fabiano marcar o primeiro gol do jogo. Depois, Pato recebeu de Ganso para ampliar. Com Milton Cruz, são quatro gols em seis jogos. Mais tempo em campo, sem ser substituído, e o posicionamento ajudam a explicar o que mudou.

Pato falou na última terça-feira que vive atualmente sua melhor fase da carreira.“Posso falar que estou no momento mais importante da minha carreira”. Pode ter exagerado, uma vez que já teve momentos mais brilhantes no Milan. Mas desde que deixou a Itália, no fim de 2012, é indiscutível que hoje o atacante joga seu melhor futebol. Para que isso acontecesse sob o comando de Milton Cruz, as principais mudanças foram que hoje o time tem a opção de jogar sem centroavante e com o camisa 11 vindo de trás, e não de costas para o gol; que Milton tira Pato de campo muito menos do que Muricy Ramalho tirava; e que hoje o time treina para servir Pato e não para servir um centroavante.
Depois de ter resolvido o jogo contra o Flamengo, neste domingo, Pato disse:“Nesse ano não vou aceitar ficar no banco. Estou numa fase muito boa, fazendo gols e ajudando o São Paulo”. Em 2014, ele aceitou ser reserva em alguns momentos, jogando menos futebol.
Neste 2015, Pato jogou 14 vezes sob o comando de Muricy Ramalho. Em oito das 14 vezes, foi sacado de campo antes do fim do jogo. Em duas das 14 vezes, entrou no jogo saindo do banco de reservas. Só jogou durante os 90 minutos em quatro partidas. Ainda com Muricy, em 2014, Pato fez 44 jogos, sendo 34 como titular, e só terminou 11 deles. Ou seja: de todos as partidas em que atuou no ano passado, só jogou 90 minutos em 25% delas.
Com Milton Cruz isso mudou radicalmente. Pato foi titular e atuou durante os 90 minutos em cinco das seis partidas em que poderia ser escalado – só não foi titular neste domingo, poupado contra o Flamengo.
Não por coincidência, Pato igualou nestes 20 jogos em 2015 o mesmo número de 12 gols que marcou em 44 jogos em 2014. Nesta temporada, sua frequência de gols por jogo dobrou.
Com Milton Cruz, Pato fez gols contra Portuguesa, Red Bull Brasil, Danubio (URU) e Flamengo. Na derrota contra o Santos, deu assistência para Luis Fabiano marcar o gol solitário do São Paulo. Contra o Cruzeiro, viu o goleiro Fábio fazer defesa excelente após cabeceio depois de cruzamento de Wesley, ainda no primeiro treino. Ainda contra os mineiros, o camisa 11 são-paulino cometeu erros em dois contra-ataques, mas deu dois passes para finalização, e ainda chutou quatro vezes a gol, segundo dados do Footstats.
A diferença de posicionamento de Pato com Milton Cruz é que ele tem jogado como último homem do ataque, mas não como centroavante. Não chega a ser um falso 9, mas é um atacante que tem liberdade para sair da área e criar as jogadas de frente para o gol. Não é um segundo atacante como na imensa maioria das vezes com Muricy, nem um ponta, como jogou com Tite no Corinthians, e tampouco um centroavante fixo na área, como foi testado por Mano Menezes.
Neste domingo, no Morumbi, as novas posições de Ganso e Pato com Milton Cruz foram demonstradas no segundo gol do São Paulo. Luis Fabiano já tinha saído de campo e a dupla titular, que entrou no segundo tempo, formava o setor ofensivo da equipe. Ganso dominou e veio da direita para dentro, enquanto Pato, referência ofensiva, apareceu correndo por trás de Ganso, passou pelo lado direito, entrou na defesa flamenguista e marcou o gol. Posicionamento e função totalmente diferentes de um centroavante comum.
Na próxima quarta-feira o São Paulo enfrenta o Cruzeiro no Mineirão pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores, e obrigará de Milton Cruz uma decisão difícil entre Pato e Luis Fabiano. É improvável que o interino monte a equipe titular com os dois. E pelo que já apontou, aquele que mandou o recado e disse que não quer mais ficar no banco deve ser o titular.