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Rodrigo Mattos
O desmanche atual do São Paulo não chega a ser surpreendente quando se percebe que o clube já se consolidou como o maior vendedor de jogador do Brasil. Estudo do Itaú/BBA mostra que o time foi quem mais ganhou com negociação de atleta nos últimos cinco anos. E, com as transações de 2015, já ultrapassa R$ 300 milhões em receita.
O problema é que essas transações não foram suficientes para aplacar a crise financeira do são-paulina. A dívida cresceu a R$ 341 milhões ao final de 2014, e há promessa de nova alta nesta temporada. Há previsão de um déficit que pode chegar a casa dos R$ 100 milhões se não houver controle de custos.
O ranking do Itaú/BBA mostra que nas últimas cinco temporadas o time obteve um total de R$ 289,9 milhões com negociações de atletas. Para isso, pesou a negociação de Lucas que ultrapassou R$ 100 milhões.
O valor é superior aos R$ 247,7 milhões arrecadados pelo Internacional (segundo colocado), e aos R$ 238,7 milhões ganhos pelo Corinthians (terceiro no ranking). Santos e Botafogo completam a lista de cinco primeiros. Em média, o São Paulo levou R$ 58 milhões por ano com negociações de atletas.
Neste temporada, apertado financeiramente, o clube repetiu a prática e já fez transações de R$ 53,4 milhões. Assim, no total, acumulou R$ 343,3 milhões em seis anos. O Inter colou no São Paulo ao negociar Aranguiz e Nilmar em 2015: total de R$ 61 milhões. E ficou com R$ 308,1 milhões. Se vender Geferson, ficará mais próximo, mas não ultrapassa os são-paulinos.
Percentualmente, o São Paulo é o time mais dependente das negociações de atletas que somam 15% das receitas anuais. Mas apenas em 2013, com Lucas, o dinheiro que entrou virou alívio financeiro com redução da dívida bancária quase pela metade. O problema é que, com os juros, o valor dobrou em seguida.
Com as vendas em série, a diretoria são-paulina tem aproveitado pouco em seu time o alto investimento na base. “É o clube que mais investe na Base no Brasil mas é ineficiente a ponto de ter investido R$ 61 milhões em elenco profissional nos últimos dois anos”, disse o relatório do Itaú/BBA.