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Fernando Vidotto e Marcelo Hazan
Titular nesta quinta-feira contra o Ceará, goleiro com apelido similar ao do ídolo do São Paulo supera Denis e usa gosto por luta para ajudá-lo em campo.
Quero escrever a minha história”. Renan Ribeiro repete a frase em todas as entrevistas ao ser questionado sobre substituir Rogério Ceni no São Paulo. Nos ombros, ele carrega a responsabilidade de entrar na vaga do ídolo cuja história no Tricolor é literalmente equivalente a toda sua vida: 25 anos. Em 7 de setembro de 1990, o “M1T0” iniciava nas categorias de base, pouco mais de cinco meses depois do nascimento de Renan.
Nesta quinta-feira, às 21h30, contra o Ceará, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, no Morumbi, Renan Ribeiro será o goleiro titular no lugar de Rogério Ceni, com uma lesão no músculo adutor direito. Ele colocará a “cara para bater” pela quarta vez com a camisa do Tricolor, depois de atuar na derrota por 3 a 0 para o Goiás, no último sábado. A expressão usada pelo “Mitinho”, apelido similar ao do ídolo dado por são-paulinos nas redes sociais, remete ao aprendizado obtido com o MMA.
Renan disse que virou fã do esporte durante o período de transição entre o Atlético-MG e o Tricolor, no fim de 2012 até junho de 2013. À época, obrigado a treinar separado do elenco mineiro por ter assinado um pré-contrato com o São Paulo, ele só podia fazer academia no clube e por isso procurou outras atividades
– Tinha de ocupar a minha cabeça, porque amo jogar futebol e fui freado na minha rotina. Fazia natação, tênis e MMA para chegar mais tranquilo ao São Paulo. O boxe me ajuda no reflexo, e o MMA, na coragem, de realmente dar a cara para bater independentemente da situação e do que vier pela frente. No ringue, o adversário poderia ser alto, magro, forte, mas você tem de encarar e colocar em prática o que trabalhou – disse.
Antes de ter a chance de entrar no ringue e defender a camisa de goleiro do São Paulo, Renan não era considerado o reserva imediato de Ceni. Após a renovação do M1T0 no fim de 2014, Muricy Ramalho, então comandante, apontava Denis como primeiro substituto – ele soma 88 jogos pelo Tricolor.
Depois, durante a indefinição sobre a renovação do antigo contrato do goleiro, válido até agosto e posteriormente estendido até dezembro, a direção descartava contratações para a posição. A justificativa de que Denis era o substituto, mesmo com a grave lesão sofrida no ombro direito, em fevereiro e com previsão de retorno justamente para agosto, incomodou Renan. Ele estreou pelo São Paulo na vitória por 3 a 0 sobre a Portuguesa, no dia 8 de abril, pelo Paulistão.
– Seria ignorância da minha parte falar que não fiquei chateado com aquele momento, mas a minha solução era trabalhar. Não sabemos o dia de amanhã. Hoje estou vivendo esse outro momento. Quando cheguei falavam da renovação do Rogério e eu dizia: “Sou fã dele. Quanto mais ele estiver aqui, mais vou aprender, independentemente de parar agora ou depois” – afirmou.
– Estou procurando o meu espaço, trabalhando sério no dia a dia e me aperfeiçoando para responder todas essas pessoas que acreditavam ou acreditam em outros. Assim como eu, o Denis e o Léo (terceiro goleiro) também querem escrever as histórias deles. Veio a oportunidade e vou dar o meu melhor. Quero deixar claro que me preparo no dia a dia e quero dar o meu melhor para ajudar o São Paulo. Agradeço o carinho de todos. Podem contar comigo – completou Renan.
(Foto: Marcelo Hazan)
Adepto a jogar com os pés, ele se espelha em Ceni para evoluir. Diferentemente de Denis, seu foco principal nos treinos não são as cobranças de falta, mas sim as embaixadinhas e o “paredão” para melhorar o domínio da bola. A habilidade com os pés também é fruto da infância como volante, em Ribeirão Preto (SP), sua cidade natal.
Acompanhando de perto o fim da carreira do goleiro de 42 anos, Renan diz aprender diariamente com o ídolo no CT da Barra Funda e usa os conselhos durante os mais de dois anos de convívio como um legado para a carreira.
– Falamos que ele quer jogar sempre, mas entendemos, porque um goleiro sem sequência perde a vivência do que é a atmosfera do jogo, diferente dos treinamentos. O Rogério é um cara vencedor e sempre quer vencer. A mensagem que está nos passando é de sempre ir atrás da perfeição, querer jogar e entrar com o objetivo de ganhar todas.
A partida de volta contra o Ceará, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, está marcada para a próxima quarta-feira, dia 26, às 19h30, no Castelão, em Fortaleza.
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