São Paulo antecipa verba da Under Armour e teme não pagar bancos

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UOL

Guilherme Palenzuela

Os novos uniformes de treino do São Paulo, com patrocínio da Under Armour apresentado no Morumbi

O momento financeiro delicado do São Paulo faz com que parte da diretoria tema neste momento que o clube não consiga amortizar as dívidas bancárias a partir de novembro e sofra com penhora de bens por execução de dívidas. Segundo apurou o UOL Esporte, o São Paulo já antecipou recebíveis da Under Armour – o clube admite, mas contesta os valores. Os problemas financeiros no Morumbi começaram ainda na gestão do ex-presidente Juvenal Juvêncio.

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O UOL Esporte procurou o presidente Carlos Miguel Aidar ao receber números sobre a antecipação de receita do contrato da Under Armour. O São Paulo, via departamento de comunicação, afirmou à reportagem que de fato houve adiantamento de receita e que até agora já recebeu R$ 20 milhões do contrato. No entanto, outra ala da diretoria diz que o São Paulo já recebeu R$ 25 milhões em verba da Under Armour, valor que corresponde a 20% do total do contrato. A empresa norte-americana iniciou parceria com o clube em maio, mas ainda em dezembro pagou R$ 6 milhões de luvas e R$ 10 milhões adiantados do primeiro ano de contrato. O acordo avaliado em R$ 122 milhões tem duração de cinco anos, até maio de 2020, e prevê o pagamento de R$ 15 milhões por ano divididos em quatro parcelas, mais R$ 8,2 milhões anuais em material, além das luvas.

 Jogadores do São Paulo posam com a nova camisa da Under Armour

O departamento de comunicação do São Paulo argumenta que o valor recebido até aqui, de R$ 20 milhões, corresponde a apenas 10% do total do contrato com a Under Armour, que seria de R$ 200 milhões. No entanto, o próprio clube já admitiu que renegocia o contrato de comissão assinado com a Far East, intermediária do negócio, avaliado em R$ 18,3 milhões, que corresponde aos exatos 15% do montante de R$ 122 milhões totais do acordo com a Under Armour.

 São Paulo lança nova camisa da Under Armour, no Morumbi

Foi a antecipação de receita do contrato da Under Armour que permitiu, segundo dirigentes do clube, que o São Paulo quitasse a dívida de quatro meses de direitos de imagem atrasados com o elenco de jogadores. O vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, afirmou não saber como o dinheiro havia entrado no caixa do clube: “Não estou a par disso. Isso é melhor falar com o Osvaldo [Vieira de Abreu, vice-presidente de administração e finanças]. Ele me liberou e paguei os jogadores. O recurso, pelo que ele me falou, foi operacional normal do clube”, disse. Vieira de Abreu foi procurado, mas não atendeu à reportagem.

O departamento de comunicação do São Paulo também afirmou ao UOL Esporte que no início de 2015 o clube registrou déficit de R$ 14 milhões mensais e que isso já foi reduzido para R$ 7 milhões mensais. No entanto, outra parte da diretoria afirma que o clube opera atualmente com arrecadação mensal de R$ 18 milhões e despesa de R$ 33 milhões, o que resulta em déficit mensal de R$ 15 milhões.

Rodrigo Caio, Centurión e Denis apresentam a nova camisa do São Paulo com patrocínio da Under Armour

A situação desconfortável preocupa especialmente em relação às dívidas bancárias: o clube paga, segundo esta ala da diretoria, cerca de R$ 8 milhões por mês entre amortizações e encargos do endividamento com bancos e teme que a partir de novembro não consiga pagar, mesmo imaginando que vá receber pelo menos 5 milhões de euros (R$ 18,9 milhões) pela venda do meia Gabriel Boschilia ao Monaco, da França. Dentro do Morumbi, o discurso, por enquanto, é que a dívida é administrável e o problema é fluxo de caixa. A possibilidade de sofrer penhoras por descumprimento de pagamento a instituições bancárias também não afetaria o clube de imediato: o processo judicial levaria pelo menos um ano, na visão do São Paulo, para ser concluído.

Souza e Paulo Henrique Ganso também vestiram a nova camisa do time do Morumbi

Parte da diretoria vê como única solução para a situação do São Paulo a reforma de gestão nos moldes discutidos até agora e conforme sugeridos pelo empresário Abilio Diniz em reunião do conselho deliberativo no dia 28 de julho: a criação de um conselho de administração, a ser presidido pelo presidente do clube, que se afastaria das funções executivas, assim como seus vice-presidentes que passariam a integrar o conselho de administração e teriam cada departamento profissionalizado com a contratação de pelo menos quatro executivos. Dessa forma, na visão desta parte da diretoria, o São Paulo passaria a ter – como clube-empresa – um certificado de credibilidade que permitiria a renegociação das dívidas bancárias, além de viabilizar a criação de um fundo de investimento.

 Under Armour divulga o novo uniforme do São Paulo em seu site oficial