Com presença de Abílio, reunião no SP terá caso Iago e cobrança a Aidar 9

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UOL

Guilherme Palenzuela

  • Érico Leonan/São Paulo

    Iago Maidana, 19, saiu do Criciúma por R$ 800 mil e entrou no SP por R$ 2,4 milhões

    Iago Maidana, 19, saiu do Criciúma por R$ 800 mil e entrou no SP por R$ 2,4 milhões

A reunião do conselho deliberativo do São Paulo que acontece na noite desta segunda-feira, no Morumbi, mexerá em temas espinhosos que rondam a atual gestão do clube. Haverá cobrança de conselheiros ao presidente Carlos Miguel Aidar sobre o caso Iago Maidana, no qual um grupo de investidores admite ter participado – prática ilegal -, houve uso de um clube como ponte e o São Paulo acabou investindo o triplo do dinheiro pago ao Criciúma pela venda do zagueiro de 19 anos. Além disso, o empresário Abilio Diniz foi convidado, disse que estará presente e planeja falar sobre o momento financeiro do clube e a contratação da auditoria que se dispôs a pagar. Um grupo de conselheiros ainda cogita pedir a votação de uma moção de desconfiança contra a gestão Aidar.

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Além da possibilidade de punição esportiva ao São Paulo no STJD pela contratação de Iago Maidana, preocupa mais a alguns membros do conselho deliberativo o valor da transação. A empresa Itaquerão Soccer admite ter sido responsável por comprar 30% dos direitos econômicos do zagueiro do Criciúma, por R$ 800 mil, e colocá-lo no Monte Cristo, da terceira divisão do futebol goiano. Neste clube, Iago Maidana só ficou registrado por dois dias antes de ter 60% dos direitos comprados pelo São Paulo por R$ 2,4 milhões – R$ 1 milhão à vista, R$ 1 milhão parcelado e R$ 400 mil caso o atleta venha a disputar dez partidas pelo clube. A preocupação desta parte do conselho é exatamente a diferença entre o valor pago pelo grupo de investidores para tirá-lo do Criciúma e o valor pago pelo São Paulo.

A cobrança a Aidar pelo caso não está na pauta da reunião, mas foi prometida por conselheiros que, em determinado momento do evento, têm espaço para pedir a palavra e fazer questões à diretoria.

A participação de Abilio Diniz acontece a convite de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, ex-vice presidente do São Paulo e atual presidente do conselho deliberativo. Abilio Diniz foi o responsável pela indicação do ex-CEO Alexandre Bourgeois, demitido após menos de três meses no cargo. Diniz também participou da última reunião do conselho, na qual foi aplaudido após discursar sobre a necessidade de uma reforma de gestão, com a criação de um conselho de administração e governança corporativa para superar o delicado momento financeiro. Tal modelo não foi implementado por Aidar, que já disse que não aceitará reformas de gestão na qual o presidente perca poder.

Abilio Diniz propôs, após a demissão de Bourgeois e o anúncio de uma reforma de gestão com medidas muito brandas, pagar uma auditoria para conferir balanços e contratos do clube. Ofereceu a contratação da PriceWaterhouseCoopers, oferta recusada e ironizada por Aidar, que já havia contratado a KPMG. Abilio, então, se dispôs a pagar a empresa já contratada. Agora, no conselho, deverá pedir que a auditoria não sirva para analisar apenas contratos menores do São Paulo, mas sim o clube como um todo.

A ideia de um grupo de conselheiros de sugerir a votação de uma moção de desconfiança contra a gestão Aidar se motiva pelo caso Iago Maidana, mas também por outros casos não tão recentes, como a comissão a um intermediário no contrato com a Under Armour que tiraria R$ 18 milhões do São Paulo – está travada até hoje e não foi paga. A moção, no entanto, não deverá ser votada por falta de quórum, mesmo se for proposta. A ideia de quem cogita sugeri-la é que sirva como um alerta político.