De noite mal dormida a gole de cerveja; o dia do adeus de Rogério Ceni Comente

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UOL

Danilo Lavieri, Luiza Oliveira e Guilherme Palenzuela

O dia que Rogério Ceni tanto adiou para que demorasse a chegar finalmente chegou. O Mito deu adeus aos gramados com uma linda festa para um Morumbi lotado. Mas o dia intenso foi bem além do jogo festivo. Teve noite mal dormida, trabalho de anfitrião e até um gole de cerveja.

No fim da noite, ele resumiu bem seu sentimento: estava feliz e cansado. Rogério viveu praticamente uma maratona no dia da sua despedida que começou com uma noite mal dormida. Na quinta-feira, ele teve que cumprir compromissos com torcedores e saiu do Morumbi já tarde da noite. Ainda recepcionou os familiares que haviam chegado de viagem do Mato Grosso. O resultado foi uma noite de 4 h de sono.

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E o dia já começou cheio de atividades. Ele almoçou no estádio com os colegas campeões do mundo e a família em um evento preparado pelo clube. Depois, passou a tarde no hotel Hilton também com os atletas e colocou o papo em dia. Assunto não faltou, já que alguns deles Rogério não via há dez anos.

Para comemorar o momento histórico, o irreverente Aloísio Chulapa até fez graça. Convenceu o Mito a brindar com uma cerveja e ainda postou a foto em suas redes sociais. Rogério não é chegado em bebidas alcoólicas, mas tomou um gole para não decepcionar o amigo. “Ele tomou um gole. E vai tomar ainda mais depois do jogo. Eu forço ele a tomar meu ‘danone’. O ‘danone’ do Chula ele toma”, brincou.

Despedida de Rogério Ceni

Rogério Ceni entra em campo, no seu jogo de despedida, no Morumbi, nesta sexta-feira (11)  Eduardo Anizelli / Folhapress

Apesar da descontração, Ceni nem parou para descansar. Tratou de botar a mão na massa e ajudar na organização da festa para que tudo saísse como o esperado. “Foi tudo muito corrido hoje, a gente nem conseguiu falar muito com ele, ele estava muito atarefado. Ele ficava no telefone e toda hora ligava para saber se estava tudo certo, se todo mundo estava bem, se os convidados tinham pegado os ingressos, se ia sair tudo certinho”, conta o irmão Ronaldo Ceni.

Quem passou o dia com Rogério conta que ele viveu uma mistura de sentimentos. Uma alegria pelo dever cumprido e ao mesmo tempo a tristeza de ver o ciclo se encerrar. “Ele estava um pouco triste, ansioso. Mas também tranquilo, falou para mim que tudo tem sua hora”, conta Milton Cruz. “Acho que ele estava um pouco emotivo refletindo sobre tudo o que passou”, disse o pai Eurydes Ceni.

Mas, se havia alguma tristeza, ela se encerrou quando Rogério entrou em campo. A festa linda, o clamor da torcida e a diversão com os amigos transformaram o momento especial em pura diversão.

Ceni é conhecido por ser contido e reservado, mas o largo sorriso mostrou que ele havia se transformado em uma criança. Logo no início, cantou a plenos pulmões o hino do São Paulo em ritmo de rock tocado pela banda Ira. Depois, foi para seu lugar debaixo das traves e até o gol que levou, que normalmente causaria muita irritação, virou motivo de brincadeiras.

Ele ainda jogou na linha, fez um pênalti de propósito só para dar a Zetti o gostinho de marcar um gol pelo São Paulo e deixou sua marca pela última vez também pênalti. No intervalo, não pensou duas vezes em pegar a guitarra, arriscar uns acordes e soltar um timbre grave para cantar o refrão ‘Feliz Aniversário’ da música “Envelheço na Cidade”. Apesar de visivelmente tímido e de não saber a letra toda de cor, pouco se importou. Sabia que o momento era todo dele.

Ceni só voltou a refletir sobre o fim do ciclo e se mostrou emocionado quando fez seu discurso final e falou que gostaria que suas cinzas fossem jogadas no Morumbi quando morresse. A voz embargou, mas ele segurou o choro.

Depois tudo voltou ao normal. Curiosamente, mesmo em seu último jogo, o Mito fez questão de manter a rotina dos últimos 25 anos e fazer gelo no vestiário antes de ir para sua última coletiva de imprensa como jogador. Ao falar com a imprensa, resumiu seu último e emblemático dia com a camisa do São Paulo.

“Eu estou muito cansado, eu tive muitas atividades com o São Paulo nos últimos dias, fiz vários eventos envolvendo o clube. Eu saí do Morumbi nas últimas noites mais de 1 h. Eu tenho dormido quatro horas por noite, inclusive essa última, porque meus familiares chegaram ontem e eu dormi tarde. Eu não tenho dormido direito. Espero que essa noite seja melhor dormida, apesar que amanhã seguem as atividades. Amanhã, no domingo e na terça ainda tenho atividades aqui. Depois se encerram e tentarei descansar. O semblante é de quem dormiu pouco nos últimos dias. Não tive tempo de visualizar o dia de hoje. A última coisa que pensei foi sobre a minha última fala em campo que foi pensada de uma noite para outra”.

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