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Alexandre Lozetti
Saída de Ataíde Gil Guerreiro do departamento de futebol, decidida em acordo com Leco, pode abrir caminho para novas mudanças, mas técnico e Gustavo estão firmes.
Leco promove mudanças para tentar recuperar futebol do São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)
O empate diante do Trujillanos, da Venezuela, complicou as chances de o São Paulo avançar às oitavas de final da Libertadores e desencadeou mudanças na estrutura do clube. O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva não suporta mais ver o futebol em estado de inércia. A saída do vice-presidente do departamento, Ataíde Gil Guerreiro, que agora é diretor de relações institucionais, foi decidida em longa conversa dos dois, com mais de duas horas de duração.
Há meses, torcedores e o Conselho Deliberativo pressionam pela saída de Ataíde. Se pelo menos um deles estivesse ao seu lado, seria possível continuar. Ele não gostaria de ter saído, mas entendeu que Leco estava sofrendo demais para mantê-lo. Os dois são muito amigos.
A sugestão de Ataíde foi bem recebida pelo presidente, que já pretendia tomar medidas mais drásticas, que possam causar uma reação imediata no CT da Barra Funda. Junto com o vice, também deixa o cargo o diretor de futebol Rubens Moreno, que foi convidado para assumir a pasta administrativa, mas ainda não respondeu se aceitará. Não está convicto.
Ataíde e Moreno serão substituídos por apenas uma pessoa: o novo diretor Luiz Antônio da Cunha, que exercia a mesma função em Cotia, nas categorias de base. Isso significa que ele será o homem-forte do futebol são-paulino. Cunha não é conselheiro, mas é antigo aliado deste grupo político, desde os tempos de Juvenal Juvêncio. Um apaixonado pelo clube.
Rubens Moreno, pessoa de ótimo relacionamento, não tinha características de mão-de-ferro. Muito pelo contrário. É isso que Leco espera de seu novo diretor, algo semelhante ao que o próprio Juvenal fez quando ocupou esse cargo, entre 2003 e 2006. A escolha de Cunha teve aprovação de Ataíde, que se diz, inclusive, responsável por sua indicação para trabalhar em Cotia. Ambos deverão estar próximos inicialmente, para que o antigo vice familiarize o novo diretor com o trabalho que terá daqui para frente.
Uma das razões de Leco querer um diretor mais forte é liberar Gustavo Vieira de Oliveira de algumas incumbências que ele estava tendo que tomar. Por exemplo, cobrar pessoalmente os jogadores por melhores desempenho e comportamento. O diretor executivo, único remunerado do departamento de futebol, será peça-chave no planejamento que envolve presidência e comissão técnica, de prosseguir a reformulação do elenco no meio deste ano.
As decisões do técnico argentino Edgardo Bauza nem sempre agradam internamente, mas Leco nem pensa na possibilidade de trocá-lo. Ao contrário, está convicto de que o trabalho em conjunto pode melhorar o São Paulo, e vai se esforçar para atender as vontades do treinador.
O remanejamento de Ataíde Gil Guerreiro busca também fortalecer a relação do São Paulo com instituições: clubes, federações e confederações. É consenso que o Tricolor perdeu representatividade nos últimos anos. Agora, Leco, por exemplo, faz parte do comitê de reformas nomeado pela CBF. Ataíde, ex-vice-presidente do Clube dos 13, profundamente envolvido em negociações complexas com a participação de dirigentes de outras equipes, pretende transformar o São Paulo, novamente, num clube forte nos bastidores.
Apesar das mudanças, o elenco continua como o foco das insatisfações da diretoria. Há inconformismo com a irregularidade da maioria e com a falta de empenho em partidas fundamentais. A expectativa é que o grupo entenda que as mudanças, embora não mexam neles inicialmente, por questões financeiras e contratuais, têm o objetivo de mudar a postura dentro de campo.