Salve, salve, Nação Tricolor. Aqui estamos com mais uma reflexão pra vocês.
E essa semana quero abordar um assunto que chega a ser filosófico, de tão complexo e polêmico que é: torcer.
Quem é sãopaulino, é, e pronto e acabou. É uma mistura de um sentimento com uma escolha feita por uma pessoa em torcer pelo êxito de uma agremiação. Odeio essas regras de “saopaulinidade” na qual alguns tentam medir o quanto o cara é mais ou menos sãopaulino: pela quantidade de vezes que vai ao estádio, se é sócio-torcedor ou de organizada, se é daqueles cornetas que sempre reclamam ou dos que apoiam tudo, mesmo quando está errado, etc. Cada um tem suas condições financeiras, seu jeito de torcer, sua maneira de ser… não é isso que dirá o quanto alguém é mais ou menos torcedor.
Eu sou um sãopaulino que torce muito, e sempre! Quando perde, principalmente feio, fico triste e penso em deixar pra lá. É que nem porre pra quem bebe sempre: na hora da ressaca você promete a si mesmo nunca mais beber, mas depois lá está denovo bebendo. Analogamente, já jurei várias vezes “dar um tempo” de São Paulo. Não ver mais jogos, não acompanhar mais notícias, cancelar o PPV, o Sócio Torcedor. Mas esse sentimento não passa de 24 horas. Rs
Acontece que, mesmo pra quem ama, há certas situações que vão minando o sentimento. A crise institucional que o SPFC se meteu nos últimos 5 anos é uma das coisas que vai afetando esse sentimento (desde a canetada de Juvenal para o terceiro mandato), passando pela renúncia de Aidar, parte da oposição se juntando com parte da situação anterior, criando uma outra oposição – que bagunça!
Empresário-torcedor se metendo na política do clube, funcionário de 22 anos sendo demitido, mais de uma dezena de técnicos diferentes, e mais algumas dezenas de jogadores que passaram pelo clube e que não deram em nada! Mais uma porção de motivos que abalam, não?
E o que mais machuca: a falta de vitórias. Eu comecei a torcer pro Tricolor em uma época que tinhamos uma certeza ao ver o São Paulo: ou a vitória ou uma derrota com um futebol vistoso e bem jogada. Essa foi a década de 80, principalmente na segunda parte. A primeira parte de 90 também foi assim, com a diferença que o futebol não era mais tão vistoso, mas muito competitivo e vigoroso, a tal raça que vira e mexe pedimos na arquibancada. E na segunda metade de 2000, também uma época linda, com o tri-mundial e o tri-Brasileiro. Desde então, acabou!
Sei que o futebol, como a vida, é cíclica. Mas a vergonha de sequer ganharmos clássicos, dói bastante. Golerar o Agua Santa ou o Capivariano, não nos permite zoar ninguém. É ganhando os clássicos que nos divertimos com nossos amigos e familiares, tanto quanto os títulos!
Até mesmo pra quem tem filho pequeno, sofre em fase assim. Porque o moleque não vê o time ganhar nada, é zoado na escola e começa a considerar a não torcer pro mesmo time que o pai.
Bem, esse tema daria na verdade uma dissertação de Mestrado, mas como não quero perder sua leitura, finalizo perguntando: como torcer assim?
Temos que apoiar na alegria e na tristeza, é verdade. Isso é amor. Mas quando virá a resposta do São Paulo Futebol Clube? E como continuar apoiando sem a esperança de que vai melhorar? Pois é como tenho me sentido: sem esperança, graças ao que tenho visto dentro e fora dos gramados nos últimos anos, pra não culpar somente essa turma que aí está.
É preciso forçar pra continuar torcendo assim. Muito amor ao Mais Querido. E mais que torcer pelo time, torcer para que os bons tempos voltem, que a camisa do SPFC seja honrada e respeitada.
É isso!
Salve o Tricolor Paulista, meu amor hoje e sempre!
Artur Couto é engenheiro, sócio-torcedor e sócio do SPFC e é proprietário da SPNet. Escreve nesse espaço todas as quartas-feiras.
Fale com o Artur no [email protected] ou Twitter @arturcouto
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