Representante do Barcelona quer R$ 1,3 mi do São Paulo por acordo feito na gestão passada

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ESPN.com.br

Diego Garcia e Rafael Valente

Paulo Miranda, jogador do São Paulo entre 2012 e 2015
Paulo Miranda, jogador do São Paulo entre 2012 e 2015

Conhecido por ser o representante do Barcelona no Brasil e um dos responsáveis por levar o atacante Neymar ao time catalão, o empresário André Cury cobra acordo de um contrato do São Paulo, acertada ainda na gestão Carlos Miguel Aidar. O valor original é R$ 1,3 milhão, mas, com juros, já chega a R$ 1,7 milhão.

O pagamento de comissões a empresários foi um dos principais motivos para a queda de Aidar no fim do ano passado. Na vinda do zagueiro Doria, por exemplo, uma comissão de R$ 900 mil causou polêmica. O jogador chegou ao clube de graça do Olympique de Marselha, mas ficou pouco mais de quatro meses no Morumbi.

Sobre André Cury, o ex-presidente assinou, junto do atual vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e dos ex-diretores Osvaldo Vieira Abreu e Leonardo Serafim, um termo de acordo em que o clube se comprometia a pagar R$ 1,350 milhão ao empresário.

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Paulo Miranda foi vendido ao Red Bull Salzburg-SUI em 18 de julho de 2015 por € 2,7 milhões (na época, cerca de 9,5 milhões) – o São Paulo tinha 40% dos direitos econômicos.

O documento, obtido pela reportagem do ESPN.com.br, foi assinado no dia 8 de julho de 2015, cerca de três meses antes da renúncia de Aidar. Nele, a Unique – que tinha 60% dos direitos do zagueiro Paulo Miranda – cede metade de R$ 2,7 milhões ao agente.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o São Paulo informou que ainda não foi intimado e que por isso não se posicionaria sobre o assunto.

ACORDO CONFUSO

O motivo da dívida é complexo. A ESPN obteve acesso a seis documentos referentes à vinda do zagueiro Paulo Miranda (cujo nome de batismo é Jonathan Doin) ao São Paulo, em 2012 (veja as imagens abaixo).

Ao assinar com o São Paulo, em 3 de janeiro de 2012, o São Paulo cedeu 80% dos direitos econômicos do jogador para a Unique Sports e Marketing, empresa com sede em Santana de Parnaíba (SP). Nesta data, o clube e a empresa firmaram um “Instrumento  Particular de Cessão de Direitos Econômicos de Atleta Profissional de Futebol”.

Em 24 de julho de 2013, o São Paulo e a Unique firmaram o “Primeiro Aditamento ao   “Instrumento de Cessão de Direitos Econômicos de Atleta Profissional de Futebol”, no qual o clube do Morumbi adquiriu 20% dos direitos econômicos de Paulo Miranda por R$ 2,7 milhões, combinando pagar o valor em seis parcelas de R$ 450 mil. O acordo foi fechado na gestão do ex-presidente Juvenal Juvêncio.

Neste acordo, o São Paulo passava a deter 40% dos direitos econômicos.

Em 30 de setembro de 2014, já na gestão de Carlos Miguel Aidar, foi assinado um novo acordo. Dessa vez entre São Paulo, Unique, André Cury e a empresa Link. Eles firmaram o “Instrumento Particular de Cessão de Crédito”, segundo o qual a Unique cedia a André Cury 10% dos direitos econômicos de Paulo Miranda e o São Paulo, que deveria pagar pelos 20% adquiridos anteriormente, se responsabilizava em pagar metade dirantemente ao empresário, ou seja, R$ 1,350 milhão.

Pelo acordo, o São Paulo deveria pagar R$ 1,350 milhão em três parcelas de R$ 450 mil, com prazos de vencimento em 30 de outubro de 2014, 30 de novembro de 2014 e 20 de dezembro de 2014 – esses valores não foram pagos.

Ao vender Paulo Miranda para o Red Bull Salzburg, o São Paulo recebeu 965 mil euros, a Unique ficou com 1.206.250 mil euros e André Cury, 241.250 mil euros.

Em 24 de novembro de 2015, já na gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o advogado André Ribeiro enviou ao São Paulo uma notificação em nome do empresário André Cury cobrando o pagamento de R$ 1,350 milhão, conforme fora firmado no acordo de 30 de setembro – a assessoria do clube diz que o São Paulo que não foi notificado.

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