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Marcelo Hazan
Ex-presidente se defende e pede absolvição. Dirigente chama antigo mandatário de “bandido, mentiroso e desonesto”. Reunião extraordinária definirá futuro dos dois
Os futuros do diretor de relações institucionais, Ataíde Gil Guerreiro, e do ex-presidente Carlos Miguel Aidar serão decididos nesta segunda-feira, em reunião extraordinária no Conselho do São Paulo. Em último caso, os dois podem ser expulsos. A Comissão de Ética divulgará seu parecer e os conselheiros vão acatar ou não. Os casos serão votados separadamente.
Antes da reunião, conselheiros do Tricolor receberam uma espécie de “parecer”, explicando passo a passo da investigação. A reportagem teve acesso ao teor dos depoimentos de Aidar e Ataíde, dados no ano passado, para a antiga Comissão de Ética. Os integrantes foram trocados em dezembro de 2015.
A negociação de Iago Maidana, a transferência fracassada de Rodrigo Caio e comissões pagas a empresa TML Foco no contrato com a Under Armour, fornecedora de material esportivo, são motivos de acusação ao ex-presidente. O e-mail de Ataíde e a gravação da conversa entre eles foram usadas na investigação interna do clube.
Em sua versão sobre a briga em outubro do ano passado, em um hotel na zona sul de São Paulo, Aidar disse que foi mais do que uma discussão acalorada. Ele alegou ter ficado em silêncio e não ter retrucado Ataíde. Também disse que poderia ter se consumado uma agressão mais séria, não fosse a intervenção de terceiros. Já no depoimento dado nesse ano, ele justificou suas atitudes e pediu absolvição.
Ataíde, por sua vez, negou ter agredido Aidar e justificou sua fúria por ter se revoltado com o que julgou desonestidade do ex-presidente, não só na negociação de Iago Maidana, caso em que o antigo mandatário teria agido isolado do departamento de futebol.
Ainda de acordo com o depoimento do ex-vice, Aidar agia abertamente, por acreditar que seus atos seriam impunes. Ele revelou ter saído do hotel na zona sul transtornado e à procura de atendimento médico, com grave crise de hipertensão, pois não se conformava em ter um “bandido na presidência do São Paulo, cínico, mentiroso e desonesto”, nas palavras do dirigente. O depoimento dado por Ataíde nesse ano não teve seu teor revelado.
Durante a apuração da investigação, a Comissão de Ética do São Paulo pediu ao hotel imagens do dia em que Ataíde e Aidar se desentenderam, mas não obteve resposta.
Além do episódio da briga e das denúncias de corrupção contra o ex-presidente, o histórico dos dirigentes foi levado em conta para a Comissão de Ética. Um conselheiro fez uma representação contra Ataíde em 2014, noticiando uma agressão física e moral. Aidar não tem registros de antecedentes no clube.
Outro ponto que foge ao tema central, mas também deve ser levado em conta pelos conselheiros é o episódio envolvendo Aidar e uma escolinha de futebol franqueada. De acordo com o portal “Uol”, o ex-presidente e a namorada Cinira Maturana mantinham uma escola de futebol com a bandeira do Tricolor de forma irregular, em Brasília.
Aidar e Ataíde foram denunciados pela comissão de ética por conta de uma briga em outubro do ano passado, em um hotel na zona sul de São Paulo. Na ocasião, Aidar teria oferecido comissão na contratação de Gustavo, atleta da Portuguesa. Irritado com a proposta, Ataíde tentou agredir o então presidente. Depois, ele renunciou sob denúncias de corrupção.