Carta de São Paulo aos infiéis. Parte 1 da classificação tricolor

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Mauro Beting – UOL

 

Carta de São Paulo aos infiéis.

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O que faço, continuarei a fazê-lo, a fim de tirar qualquer pretexto àqueles que procuram algum para se gabarem dos mesmos títulos que nós temos. Esses tais são falsos apóstolos, operários fraudulentos, disfarçados de vencedores da Libertadores mais vezes que nós. E não é de estranhar! O próprio adversário se disfarça em anjo de luz! Por isso, não me surpreendo de que os ministros e atletas dos rivais se disfarcem como servidores da justiça. Mas o fim deles corresponderá às suas obras.

Títulos que testemunham — Repito: que ninguém me considere louco, ou então: que me suportem como louco, a fim de que também eu possa gabar-me um pouco. O que vou dizer, não o direi conforme tricampeão da América, mas como louco, certo de que tenho motivos para me gabar da minha soberania. Visto que muitos se gabam dos seus títulos humanos, também eu vou gabar-me. Vós, assim tão sensatos, suportais de boa vontade os loucos com 6-3-3 razões. E suportais que vos escravizem, que vos devorem, que vos despojem, que vos tratem com soberba, que vos esbofeteiem. Digo isto para vossa vergonha: até parece que nós é que somos fracos…

Aquilo que outros têm a ousadia de apresentar — falo como louco — eu também tenho. São campeões da América e parecem ter mais elenco? Eu também. São bons de bola, ganharam o jogo, têm torcida fanática, pareciam que goleariam em 10 minutos? Eu também respondo vindo dos céus com Maicon. São descendentes de Telê? Eu também. Falo como louco: eu sou-o muito mais. Muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; frequentemente em perigo de morte; dos adversários, do Aidar, do Centurión desde Roma, do Strongest, do Trujillanos, da imprensa infiel (ou Fiel até demais), nas bolas aéreas, nas saídas erradas da meta, recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Fui flagelado várias vezes; uma vez foi apedrejado o ônibus; três partidas naufraguei este ano na Libertadores, passei vários dias e noites no alto fogo do inferno em dúvida pela minha capacidade. Fiz muitas viagens: ao Peru e não fui bem. À Venezuela fui muito mal. Perdi no México, mas havia conquistado o céu no Morumbi. Perdi no Horto, mas os frutos eu já colhera no lar. Sofri perigos no rio da Prata em Buenos Aires, perigos por parte dos ladrões, quer dizer, ou melhor, em decisões discutíveis e interpretativas, perigos por parte dos meus irmãos de raça e alguns sem muita raça como nosso time muitas vezes nos últimos meses, perigos por parte dos pagãos e dos remunerados alheios, perigos na cidade violenta é intolerante como poucos da nossa torcida, perigos no deserto técnico e nas limitações de nosso time, perigos no mar de intrigas de nosso clube, perigos por parte dos falsos irmãos, alguns já afastados. Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, sem jogar bem, sem criar, sem passar bem, sem marcar, com fome e sede, muitos jejuns de gols e vitórias, com frio e sem o nosso agasalho tão bonito da Under Armour. E isto para não contar o resto: a minha preocupação quotidiana, a atenção que tenho por todas as pessoas que comungam no Clube da Fé. Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu me sinta com febre? Estamos todos no mesmo time. Sempre.

Se é preciso gabar-se, é da minha fraqueza que vou gabar-me. Da minha humildade em ser um gigante na América e no mundo, em nome de Telê, Rogério e do espírito são-paulino. O Lugano e Pai de todos nós, que é bendito para sempre, sabe que não minto. Acreditem em mim, e na minha palavra. Quando o desafio é enorme, eu sou o milagre. Somos todos juntos. São todos Paulo. São Paulo.

(Baseado e inspirado em Cartas de São Paulo aos Coríntios. Trecho adaptado livremente da 11ª carta. Com todo o respeito e devoção à minha religião).

2 COMENTÁRIOS

  1. O problema é o seguinte: tem uns idiotas chamados torcida dependente e vários torcedores que idolatram uns inúteis para o futebol:
    – O Mun-ra por uns 10 anos tomava uns frangos e fazia lambanças todo jogo e afundava o tricolor que nunca mais foi as finais da libertadores, no fim fazia uns gols de penaltis ou faltas e era idolatrado pelos idiotas porque tinha crédito.
    – O Antacy Paspalho pegou um time montado pelo Juvenal Juvencio e com padrão de jogo deixado pelo Leão e Autuori e foi campeão mesmo com a incompetência que lhe é peculiar, com a cabeça nos anos 70 onde o futebol era chuveirinho e o craque era tipo Dada Maravilha.
    – Hoje a maior cagada foi a contratação do Velhugano que veio passear, desfrutar do SPA tricolor e no fim vai ganhar os premios caso o tricolor ganhe a libertadores, se ele entrar é desclassificação na certa e sério candidato a rebaixamento no campeonato Brasileiro.