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Adversários da noite desta quarta-feira pela Libertadores, São Paulo e Atlético-MG sofreram mudanças significativas em suas finanças nos últimos 13 anos – quando o Campeonato Brasileiro passou a ser por pontos corridos. Se em 2003 um abismo financeiro separava o time tricolor do alvinegro, hoje a equipe mineira consegue ‘peitar’ o rival.
Segundo estudo publicado pelo consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, o São Paulo faturou R$ 330,9 milhões de receitas no ano passado contra R$ 244,6 milhões recebidos pelo Atlético-MG, ou o equivalente a 74% das receitas do time paulista. Embora o valor da equipe paulistana ainda seja superior, o clube mineiro conseguiu ao longo de uma década diminuir uma diferença histórica.
O Atlético-MG chegou a faturar equivalente a 33% do que o São Paulo conseguia em 2003 -o time tricolor teve R$ 95 milhões em receitas contra R$ 31 milhões do alvinegro.
Naquela temporada, o São Paulo terminou o Campeonato Brasileiro na terceira colocação e garantiu vaga para a Copa Libertadores-2004, após nove edições ausentes. Ainda foi beneficiado com a venda do meia Kaká ao Milan por 8,5 milhões de euros.
O Atlético-MG, por sua vez, teve um fim de Nacional melancólico. Ficou bem longe de disputar o título e uma vaga no G4. Foi o sétimo. E não teve conquista alguma durante aquela temporada – fracassou no Mineiro, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana.
Nos anos seguintes o São Paulo conquistou um Paulista, uma Libertadores, um Mundial de Clubes e o tricampeão do Campeonato Brasileiro, o que fez as receitas dispararem em relação ao Atlético-MG até 2008, quando venceu o Nacional pela última vez.
Para efeito de comparação, o São Paulo faturou em receitas R$ 161 milhões em 2008 contra R$ 58 milhões do Atlético-MG (equivalente a 36% do rival).
No mesmo período, o Atlético-MG ganhou um título mineiro, fez campanhas medianas no Brasileiro e chegou até a ser rebaixado em 2005, retornando à elite em 2006.
RECUPERAÇÃO FINANCEIRA
Foi em 2010 que a distância entre as equipes começou a ser encurtada. O período coincide com uma queda do São Paulo em termos de conquistas e a ascensão do Atlético-MG.
De lá para cá, o Atlético-MG foi quatro vezes campeão mineiro, venceu uma edição da Copa do Brasil, uma edição da Copa Libertadores e uma da Recopa Sul-Americana. Já o São Paulo ganhou apenas uma Copa Sul-Americana, em 2012.
Se em 2010 o São Paulo teve receitas de R$ 196 milhões e o Atlético-MG de R$ 93 milhões, em 2012 (quando os clubes renegociaram os contratos de TV) o clube alvinegro faturou R$ 227,9 milhões contra R$ 364,7 milhões do São Paulo.
Apesar de não ter superado os números do São Paulo, o Atlético-MG passou a ter maior equilíbrio na hora de gastar, diferentemente do rival do Morumbi.
Em 2003, o Atlético-MG gastava R$ 26 milhões com futebol, arrecandando R$ 31 milhões. No mesmo ano o São Paulo gastava R$ 49 milhões arracandando R$ 95 milhões. Isso significa que o time mineiro perdia 53% com seu futebol em relação aos paulistanos.
Já em 2015, o Atlético-MG somou em receitas R$ 244,6 milhões e gastou no futebol R$ 166,5 milhões – comprometendo 68% das receitas. Já o São Paulo arrecadou R$ 330,9 milhões e gastou com o futebol R$ 273,6 milhões – comprometendo 82,6%.
A situação financeira até permitiu ao Atlético-MG correr alguns riscos. A equipe investiu neste ano na contratação do atacante Robinho, que estava no chinês Guangzhou Evergrande, e cujo salário mensal está na casa de R$ 1 milhão.
Já o São Paulo não teve condições de contratar o atacante Alexandre Pato, do Corinthians, nem de renovar com atacante Luis Fabiano, que foi para a China.
Por isso, na noite desta quarta no Independência, o time mineiro desafia o rival do Morumbi em busca de uma vaga na semifinal da Copa Libertadores. Para isso terá de vencer por dois gols de diferença ou por três (se sofrer gols do São Paulo). Empate dá a vaga aos paulistas.