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Em 12 de junho do ano passado, o São Paulo anunciou a venda de Rodrigo Caio para o Valencia (ESP), em transação que renderia quase R$ 45 milhões aos cofres do clube. Dias depois, o zagueiro viajou para a Espanha para selar o contrato, mas se deparou com surpresas desagradáveis, que culminaram no fracasso do negócio com os espanhóis.
A oferta apresenta era totalmente diferente do prometido por seus empresários da época, Deco e Luizão, e as negociações ganharam uma nova participante: Cinira Maturana, namorada do então presidente Carlos Miguel Aidar. Passados 11 meses da venda frustrada, o defensor falou, ao LANCE!, pela primeira vez sobre o papel de Cinira nas tratativas.
“Fiquei muito surpreso. Imaginava que algum dirigente iria. Que fosse presidente, vice-presidente, diretor… Era uma negociação muito alta, que poderia ajudar muito ao clube e não aconteceu. Faltou daquela diretoria alguém viajar comigo. Acredito que seria o Gustavo (Oliveira), mas ele tinha acabado de sair do clube (pediu demissão e voltou em outubro). Tive uma surpresa muito grande quando encontrei a Cinira lá. Não digo que atrapalhou. O problema foi que as coisas que me prometeram aqui eram todas diferentes”, explicou o zagueiro, que prosseguiu:
“Poderiam voltar atrás e me pagar uma fortuna que eu não ficaria. O mais importante é a confiança que tenho nas pessoas. Quando isso não existe, quando a pessoa diz uma coisa e não é verdade, para mim acabou. Acaba prestígio, acaba dinheiro. Era o meu futuro que estava sendo decidido. Fiquei muito triste, mas de consciência tranquila em voltar e recomeçar o que tinha parado. Recomecei e vejo que minha decisão foi mais do que certa”, sentenciou, durante a entrevista que será publicada na íntegra neste sábado.
Tempos depois, ficou comprovado que Cinira havia viajado financiada pelo São Paulo, que custeou passagens aéreas e hospedagem. O advogado Régis Villas-Bôas, que cuida da carreira do zagueiro, também viajou à Espanha e ajudou o cliente a reverter a situação adversa quando tentou-se forçar um empréstimo para o Atlético de Madrid. Para Rodrigo, era questão de tempo que a imprudência de Aidar ao abrir tanto espaço para a namorada custasse caro, como aconteceu com a renúncia efetivada em 12 de outubro de 2015.
“Foi algo que todo mundo sabia, inclusive o Aidar, que isso explodiria. Era impossível esconder a participação dela lá. Tentei ficar na minha, calado, porque não interferiu na minha decisão. Não gostei da forma como foi conduzida a negociação e voltei. Não mudou nada para mim, tomaria aquela decisão com qualquer pessoa. O que pesou foi o apoio da minha família. Eu, particularmente, esqueci, tirei da minha cabeça. Foi algo que me deixou muito triste. Faz parte do passado”, destacou o beque, que teve até condição do joelho direito, operado há sete anos, colocada em dúvida na época.