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Caíque Toledo
O São Paulo demorou, deixou todo mundo apreensivo, esperou passar da meia noite, mas enfim, na madrugada desta terça para quarta (20), anunciar seus últimos reforços da janela internacional. Além do zagueiro Douglas, que ainda espera sua recisão com o Dnipro mas até já esteve no CT, o Tricolor anunciou dois hermanos: Buffarini e Chavez. Dessa maneira, fechamos a janela com o trio e Maicon, Cueva e Gilberto, outras aquisições da metade desta temporada.
Dos três últimos acertados, apenas o lateral argentino era o plano A para a diretoria. Não é segredo para ninguém que, tanto para a zaga quanto para o ataque, diversos nomes foram sondados, mas, normalmente, esbarramos na falta de dinheiro. Por mais que as vendas inesperadas de Ganso e principalmente Kardec tenham ajudado o caixa, assim como a renda da semifinal da Libertadores, não podemos esquecer que gastamos uma vida no Maicon, além da contratação do Cueva — e que, até meses atrás, deviamos direitos de imagens e tudo mais.
Analisando, o mercado do São Paulo não foi o ideal, mas precisa ser valorizado. Ficou claro que a diretoria tentou de diversas formas trazer nomes melhores, mas, em suma, ganhamos algumas boas opções. É o que tem pra hoje.
O primeiro a chegar, na verdade, é o único que ainda não foi anunciado. O zagueiro Douglas, de 26 anos, ainda espera a confirmação da rescisão de contrato com os ucranianos do Dnipro, mas já esteve ontem no CT da Barra Funda para fazer avaliações no Reffis. No Brasil, ganhou destaque pelo Vasco, quando ganhou sequencia no segundo semestre de 2012, depois que alguns titulares daquele bom time foram indo embora. Confesso que não lembrava dele, então fui atrás de referências, vídeos, jogos completos e afirmo que será um jogador útil para o elenco. Nada demais, mas, diante da iminente venda do Rodrigo Caio, poderá ganhar o espaço. Jogador alto, bom na bola aérea, que não é lá muito técnico com a bola nos pés, mas é daqueles zagueiros-zagueiros, que não tem medo de dar bico. Pode ser útil e considero um bom reforço.
Depois, no meio da noite, vieram as primeiras notícias sobre a contratação do atacante Andrés Chávez, quem vem do Boca Juniors por empréstimo de um ano. Deve receber a camisa 9 e brigar com Gilberto pelo comando do nosso ataque, mas, certamente, é o nome mais contestado das contratações. O São Paulo tentou Nico López, Caraglio, Barcos, Tardelli e Larrondo, mas esbarrou nos gastos e se contentou com o avante argentino. Aos 25 anos, o avante fez dupla com o próprio Calleri (saudades) no Boca, mas vai chegar com desconfiança. Jogador físico, de explosão e daqueles atacantes chatos, que pressiona o zagueiro até o fim, Chavez teve mais destaque jogando pelo Banfield, até 2014. Depois, contratado pelo Boca, caiu um pouco de rendimento: este ano, foram quatro gols em 22 jogos, a maioria deles saindo do banco. Pelo pouquíssimo que lembro e pelos vídeos que vi, sofreremos se formos usar como base as atuações do nosso último centroavante: ele é, sim, o substituto de Jonny, mas não pode ser cobrado igualmente. Mas, diante do desespero do mercado, é uma aposta válida. Aposta desesperada, insisto, mas válida. Depois de tentar um jogador de nome e não conseguir, Bauza pediu pelo ‘Comandante‘. Daremos uma chance.
Por fim, Julio Buffarini. Sonho antigo da diretoria são-paulina, desde o ano passado, o lateral tem tudo para chegar e tomar conta da posição de vez. Bruno está em um ano, vai, aceitável, mas o ex-camisa 7 do San Lorenzo é daqueles jogadores difíceis de se achar. Não por acaso, pagamos R$ 7 milhões para trazer o protegido de Bauza: juntos, treinador e jogador conquistaram a Copa Libertadores e o Apertura hermano em 2014. De 27 anos, o jogador é tudo que um lateral de verdade precisa, tanto na frente quanto atrás. Técnico, bom marcador, sabe cruzar, sair jogando, bom finalizador e chega bem ao ataque — e ainda pode jogar como volante. Protagonizarmos uma verdadeira novela para trazê-lo ao Morumbi não foi por acaso, e os capítulos finais aconteceram nos últimos minutos da noite de ontem. Emoção até o último minuto para contar com o jogador — ainda esperamos a atualização da Fifa, mas é certo que o ‘León‘ vestirá o manto Tricolor.
Ao fim da janela de transferências europeia, o São Paulo não só não muda de patamar, como parece mais enfraquecido em relação ao primeiro semestre. Douglas não é melhor que Rodrigo, Gilberto e Chavez não são melhores que Kardec e Calleri, e não creio que Cueva faça mais que Ganso. Subimos o nível apenas na lateral, e ainda ficamos devendo no ataque: a diretoria teve o ano inteiro para ir atrás do substituto de Jonny no ataque, mas não conseguiu uma reposição perto da altura do nosso agora ex-centroavante. É preciso ver o outro lado também, na questão dos gastos, uma vez que o clube não contava com a necessidade de garantir a permanência de Maicon em definitivo. No fim, o mercado terminou de maneira aceitável.
Um ponto interessante que temos que levar em consideração é que as duas últimas contratações foram fundamentais para agradar Patón Bauza. O treinador perdeu peças importantes da equipe e, se não houve reposição completamente à altura, ganhou reforços para trabalhar — ao contrário do que aconteceu com Osorio, que perdeu metade do time ano passado e não teve o que fazer. Se nosso treinador até deu algumas entrevistas falando seria difícil continuar se não tivesse novas peças, duas opções indicadas por ele são de se comemorar. A saída de Patón seria o pior dos mundos para o São Paulo hoje.
É bem verdade que ainda podemos reforçar o elenco, com jogadores que atuem no Brasil, vindos da Série B ou de atletas que ainda não tenham feito sete jogos no Campeonato Brasileiro — exemplos de Dátolo, Túlio de Melo, Barrios, Pratto e até Alexandre Pato. Jogadores sem vínculo com nenhum clube também são alvos permitidos, mas precisamos lembrar que a CBF tem uma regra escrota de apenas cinco gringos por convocação. E já temos Buffarini, Lugano, Mena, Cueva, Centurión e Chavez. Portanto, é melhor acreditar que este será nosso elenco até o fim do ano. O São Paulo do segundo semestre de 2016 será a raça de Maicon e Hudson, com os gringos tentando manter a pegada da Libertadores e a molecada de Cotia.
O ideal seria mais um meia, carência antiga, e um 9 de peso, que chegasse para resolver, mas o são-paulino não pode reclamar. Ao todo, foram mais de R$ 37 milhões em três reforços de peso (Maicon, Cueva e Buffarini), e outros três negócios de graça para completar elenco (Gilberto, Douglas e Chavez). Trouxemos o suficiente para ter um time forte e brigar pelo G-4, enquanto fazemos o planejamento para uma eventual Libertadores do ano que vem. Não foi o ideal, Bauza, mas foi o que deu para fazer. Vamos pra cima.