A esperança do torcedor era ver um time diferente na estreia de Ricardo Gomes, mas o São Paulo que empatou com o Inter, em 1 a 1, no Beira-Rio, apresentou velhos problemas. O Tricolor foi um time sem criatividade no ataque, cometendo falhas bobas na zaga e apático nos melhores momentos do adversário no jogo.
Ricardo Gomes, que se apresentou na semana passada cobrando mudanças justamente na postura da equipe, fechou os treinos táticos ao longo de sua primeira semana de trabalho, mas o São Paulo não levou novidades a Porto Alegre. O técnico retomou o esquema que era utilizado por Bauza, o 4-2-3-1, utilizando Michel Bastos novamente como ponta esquerda.
A formação mexeu também na posição de Hudson, que voltou a atuar mais à frente da zaga, fazendo dupla com João Schmidt. À vontade, o volante ajudou a proteger a zaga, evitando o maior temor são-paulino com o retorno do antigo esquema.
A principal queixa em relação ao time do Bauza era a cobertura dos laterais. Mena ficava sobrecarregado, pois Michel Bastos não ajudava tanto na marcação pelo lado esquerdo. Pela direita, o problema sempre foi menor – principalmente pela dedicação de Kelvin.
No Beira-Rio, o cenário foi diferente. O desempenho dos pontas não foi tão diferente, mas João Schmidt e Hudson cumpriram bem o papel. Desta forma, quando Valdívia ou Seijas caíram pelos lados do ataque do Inter, ficaram sem opções de jogadas. Aí também entra um problema colorado: Artur e Ceará mal apareciam no campo ofensivo.
A transição lenta do Inter da defesa para o ataque ajudou bastante o São Paulo. Diante de uma sequência de 12 jogos sem vencer, o time comandado por Celso Roth até tentou pressionar ao longo do primeiro tempo, mas não conseguiu surpreender: foram 10 finalizações, sem qualquer chance real de gol no primeiro tempo.
Por outro lado, o São Paulo soube ser efetivo nessa metade inicial do jogo. O time de Ricardo Gomes ficou menos com a bola (43% x 57%), chegou ao gol pela primeira vez apenas aos 30 minutos (num chute de Cueva, veja abaixo), mas foi quem balançou as redes no Beira-Rio.
Depois de arrumar uma falta no ataque, o Tricolor mandou a bola para a área, e a zaga do Inter afastou mal. Hudson brigou com os adversários, foi travado por Paulão e sofreu o pênalti. Na cobrança, Cueva abriu o placar em Porto Alegre.
O resultado não mostrava o que tinha sido a partida até então. No intervalo, Ricardo Gomes reclamou da falta de produtividade de sua equipe ao longo do primeiro tempo, mas não fez alterações.
O Inter, porém, mudou. Celso Roth tirou Nico López e colocou Ariel, que passou a incomodar mais a zaga do São Paulo. O Colorado melhorou no jogo. Aos sete, o centroavante fez o giro dentro da área, bateu forte e Denis espalmou. Era o início de uma incrível sequência de chances perdidas.
Na cobrança de escanteio, Paulão ficou com a sobra e também parou no goleiro são-paulino. Em novo tiro de canto, Denis defendeu a cabeçada de Sasha. No rebote, Seijas soltou a bomba, que desviou no pé de Lyanco e carimbou o travessão tricolor.
A resposta de Ricardo Gomes foi sintomática. Imediatamente tirou Kelvin e colocou Wesley para reforçar a marcação no meio-campo. Celso Roth também mexeu – de forma inusitada. De olho na bola aérea, sacou Eduardo Sasha para a entrada do lateral William.
O Colorado passou a ter apenas uma jogada, suficiente para empatar. Aos 38, Ariel recebeu o passe em profundidade, driblou Denis, tocou para o gol e viu Mena salvar em cima da linha. No lance seguinte, o lateral iria de herói a vilão.
Após mais de 20 cruzamentos na área, o Inter finalmente conseguiu balançar as redes, mas precisou da ajuda tricolor. Ernando desviou o cruzamento de Seijas, a bola ainda tocou na perna de Mena e traiu Denis.
O castigo para um São Paulo que só pensou em se defender no segundo tempo poderia ser maior. Aos 43, Eduardo Henrique foi derrubado por Buffarini dentro da área, e o árbitro marcou pênalti. Valdivia chutou para fora.
Em sua apresentação, Ricardo Gomes pediu 30 dias para mudar o Tricolor. Em seis, mostrou que o caminho pode ser mais longo do que parece.