Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo
Em uma competição mata-mata, um empate em 1 a 1 fora de casa com o Internacional seria um grande resultado – a postura defensiva do São Paulo durante a maior parte da partida deste domingo, uma estratégia válida. Na estreia de Ricardo Gomes, o clube do Morumbi mostrou muitos traços de Edgardo Bauza, o antecessor especializado em mata-mata, e sofreu no ataque. O estilo, que levou o time à final da Libertadores, pode não render frutos no Brasileiro.
Se levantou a taça da Libertadores duas vezes, Bauza o fez com dois dos cinco piores aproveitamentos de um campeão na história da competição; sua LDU de 2008, com 47,6%, foi o campeão que menos somou pontos em todas as edições. No São Paulo, deixou aproveitamento de 43,2%, que hoje deixaria o time na 11ª posição, e 19 gols em 18 jogos – um ataque entre os cinco piores do brasileiro.
“Existe uma onda que diz que os únicos técnicos que servem são aqueles que arriscam e vão para a frente completamente, e para mim o futebol não é isso”, disse Bauza, em entrevista concedida ao UOL Esporte em abril. Pragmatismo, eficiência, prioridade à defesa, pouca posse de bola e muita entrega foram as marcas do trabalho de Bauza no São Paulo – marcas que apareceram aos montes neste domingo e se traduzem em números
Os traços de Bauza
O São Paulo finalizou quatro vezes a gol, contra 24 do Internacional. Teve 45% de posse de bola, contra 55% do adversário. Teve menos cruzamentos, menos lançamentos. Por outro lado, desarmou 21 vezes, mais do que o dobro dos nove desarmes do Inter. Na raça e na vontade, salvou duas bolas em cima da linha, com Mena e Lyanco. Ao final dos 90 minutos, um empate fora de casa, apesar do volume de jogo drasticamente menor, com a cara de Bauza.
O problema para Ricardo Gomes é que, se levaram o time longe na Libertadores, o estilo e o aproveitamento deixados por Bauza passam longe de garantir uma vaga no G4 em um campeonato de pontos corridos como o Brasileiro. Para piorar, o time perdeu junto com a saída do argentino dois pontos centrais do ataque, Ganso e Calleri.
Pela frente, Gomes tem o desafio e conseguir um São Paulo mais equilibrado, menos pautado no futebol pragmático, na defesa sólida e no comprometimento e luta. Caberá ao novo comandante encontrar mais alternativas táticas para o setor ofensivo, e conseguir com que produza muito mais do que fez no Brasileirão até agora.