Quem acompanha o trabalho de André Jardine pela primeira vez até estranha. Na beira do campo, o técnico de 36 anos fala alto com seus comandados, exige e pede para os jogadores repetirem as jogadas quando não fica satisfeito com o que vê. O próprio treinador admite que faz o estilo durão e deve ser isso que o torcedor do São Paulo verá neste domingo contra o Santa Cruz, no estádio Arruda, em Recife, pelo Campeonato Brasileiro.
Jardine foi o escolhido pela diretoria para substituir Edgardo Bauza e fará a estreia neste domingo. Ele deixoua equipe sub-20 e ficará com os profissionais até que um novo técnico seja contratado. E os jogadores não são desconhecidos por ele – já se viram em jogos-treinos, em disputas tradicionais no centro de treinamento da Barra Funda.
Natural de Porto Alegre, Jardine cursou educação física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e iniciou a carreira em 2003, aos 26 anos. Foi nas categorias de base do Internacional. Foram dez anos no clube colorado até se transferir para o Grêmio.
Jardine sempre afirmou que o estilo durão veio da terra natal. Em Porto Alegre, quem conviveu com ele sempre confirmou. Neste ano, quando em um dos treinos do time sub-20 foi visto gritando para orientar os meninos, explicou o porque desses métodos.
“[Esse estilo durão] Vem do Sul do país. Vem da criação dos pais. Eles são meninos que se não forem cobrados agora, como tem de ser, eles relaxam, eles se largam um pouco do trabalho. Um dos nossos papíis é sempre estar puxando a corda”,.
A inspiração de Jardine também veio de treinadores que são conhecidos por serem durões, como Muricy Ramalho e Abel Braga, mas o novo comandante são-paulino gostam também de ‘professores’ mais calmos, como Paulo Roberto Falcão e Tite.
“Tenho muita admiração pelo Muricy. O jeito dele comandar os times. Com quem eu tive contato muito próximo e virei um grande fã foi o Paulo Roberto Falcão. O Abel Braga também me conquistou pela humildade e pela simplicidade. E o Tite tive tempo de trabalho junto no Inter. Ele é também um cara de trabalho diferenciado”, disse na mesma reportagem.
EMPILHANDO TAÇAS
Foi em fevereiro de 2015 que Jardine chegou ao São Paulo. A ida ao clube tricolor ocorreu pelas mãos de um velho conhecido. Na época, Júnior Chávare era coordenador da base do time e fez o convite para o treinador porto-alegrense.
A trajetória não poderia ter sido melhor. Ganhou uma Copa Ouro, a Copa do Brasil, a Copa Rio Grande do Sul e a Copa Libertadores – todos os títulos na categoria sub-20.
Os títulos conquistados pelo São Paulo são continuidade a uma carreira bastante vitoriosa. No Grêmio, ele foi campeão estadual sub-20 em 2014. Foram 26 taças pelo Internacional, entre as categorias sub-11, sub-12, sub-13, sub-14, sub-15, sub-17, sub-19 e sub-20.
BOM DE CLÁSSICOS
No Sul, Jardine participou de diversos Grenais e, acredite, poucas vezes foi derrotado. Foram 35 clássicos como treinador, sendo 32 pelo Internacional e três pelo Grêmio.
Venceu 18 vezes (16 pelo lado colorado e duas pelo lado tricolor), empatou 13 e perdeu apenas quatro, todos com o time vermelho de Porto Alegre.
FICHA TÉCNICA
SANTA CRUZ X SÃO PAULO
CAMPEONATO BRASILEIRO 2016 – 19ª RODADA
Data: domingo, 7 de agosto de 2016
Horário: 16h15 (de Brasília)
Local: Arruda, Recife, Pernambuco
Árbitro: Bruno Arleu de Araujo (RJ / aspirante Fifa)
Assistentes: Rodrigo F Henrique Correa (RJ / Fifa) e Thiago Henrique Neto Correa Farinha (RJ / aspirante Fifa)
SANTA CRUZ: Tiago Cardoso; Léo Moura, Luan Peres, Danny Morais e Tiago Costa; Derley, Jadson, Danilo Pires e João Paulo; Keno e Grafite. Técnico: Milton Mendes
SÃO PAULO: Denis; Bruno (Buffarini), Lyanco, Maicon e Mena; Thiago Mendes e Hudson; Kelvin, Cueva e Luiz Araújo; Chavez (Gilberto). Técnico: André Jardine