Poucas palavras, irritação, sensação de que terá muito trabalho pela frente. É dessa maneira que pode ser analisada a reestreia do técnico Ricardo Gomes no comando do São Paulo, que ficou no empate por 1 a 1 com o Internacional, em partida realizada no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Durante os 90 minutos de jogo, o treinador não mudou sua postura, mas sofreu com a falta de atitude de sua equipe em campo.
Buscando uma vitória para voltar a subir na tabela de classificação, Ricardo Gomes mandou o time a campo com apenas uma novidade: Michel Bastos na vaga de Thiago Mendes, suspenso. Mas o comportamento desde o início mostraria que a tarde seria complicada. O São Paulo adotou uma postura extremamente defensiva, como se chamasse o Inter para o jogo.
Aos 16 minutos, o treinador resolveu dar sua primeira orientação e chamou João Schmidt. Gesticulando bastante, pedia para o time ter posse de bola no meio-campo e para distribuir o jogo. Segundo ele, as linhas estavam muito distantes, e o time não conseguia se organizar em campo por causa disso. Seis minutos depois, o papo foi com Michel Bastos, que deveria ter mais atenção na marcação pelo lado esquerdo, onde Valdívia descia perigosamente. Uma tímida comemoração marcou a postura do treinador no gol feito por Cueva, em cobrança de pênalti.
No intervalo, Ricardo voltou a bater na tecla de que era preciso ter a posse de bola para aproveitar o desespero do Internacional, que viria com tudo em busca do empate (o Colorado não vence há 13 jogos). Com isso, o time poderia usar a velocidade de Kelvin para surpreender nos contra-ataques. O Tricolor voltou sem alterações e com desempenho ainda pior para a etapa complementar.
O Inter tomou conta do jogo e só não empatou porque Denis brilhou com sequência de grandes defesas e Lyanco salvou uma bola em cima da linha.
Irritado com o desempenho da equipe, Ricardo Gomes chamou Wesley e partiu para a primeira alteração, sacando Kelvin. Com isso, Cueva deixou o lado esquerdo e partiu para o lado direito do meio-campo tricolor.
– Eu perdi a velocidade do Kelvin, mas queria ganhar a posse de bola com o Wesley, era importante controlar o jogo. Mas isso não aconteceu. Estávamos muito recuado e isso atrapalhou. Por isso que a todo instante eu gesticulava pedindo para os jogadores saírem para o ataque – explicou o treinador, após sua entrevista coletiva.
Como não deu certo, ele fez uma nova inversão e Michel Bastos foi para o lado direito, com Cueva caindo pela esquerda. Apesar das constantes orientações do treinador, era como se ele não fosse escutado. A bola ia até o meio-campo e voltava para a defesa do São Paulo.
Até que o Inter, de tanto martelar, chegou ao empate com o gol contra de Mena (a bola bateu no chileno após cabeçada de Ernando), aos 39. No fim, o prejuízo só não foi maior porque Valdivia desperdiçou uma cobrança de pênalti.