Blog do Menon – UOL
Dizem que futebol não tem lógica. Por isso é espetacular. Mas, na maioria das vezes, tem muita lógica sim. Lógica cartesiana.
Vamos ver.
Rogério Ceni quer ser treinador.
Rogério Ceni estuda para ser treinador.
Rogério Ceni quer ser treinador do São Paulo.
Rogério Ceni será treinador do São Paulo.
É uma certeza. Impossível o clube se furtar a atender o desejo de seu maior jogador. Impossível imaginar Ceni treinando outro grande clube do futebol brasileiro.
Diante desta certeza, os que não acreditam que Ceni esteja ”pronto” para assumir o São Paulo defendem a seguinte tese: Ceni fica um ano na base, aprendendo e depois assume.
Este argumento atende aos interesses de Ceni e não do São Paulo. É uma projeção da carreira de Ceni, futura carreira, usando a base do clube como escada.
E a base é muito importante para ser escada. A base não é para aprender. É para ensinar.
Colocar Ceni à frente do sub-20 significa tirar André Jardine do cargo. E ele está fazendo um trabalho ótimo. Qual a justificativa para a troca? Tirar os garotos da mão de um treinador que tem feito tudo certo para coloca-los sob a responsabilidade de um neófito. Um mito, mas neófito.
Dirigir o sub-20 não significa apenas escalar o time. O São Paulo tem mais de 30 jogadores na categoria. Disputava conjuntamente o Paulista, a Copa do Brasil e a Copa Paulista, contra times profissionais. Então, Jardine define quem joga aqui, quem joga ali, quem é poupado, quem está pronto para ser mais exigido.
Dentre estes 30 jogadores, muitos vieram de fora: Shaylon veio da Chape em troca do empréstimo de Caramelo, Saraiva, da Ponte, veio em troca do empréstimo de Reinado, Rhuan Café e Giovanni vieram na venda de Kieza para o Vitória, Junior Tavares veio do Grêmio, Artur e Banguelê, da Bahia. São transações aprovadas por Jardine. Ceni está pronto para este papel?
Bem, ele assume. Toma conta. Faz um ótimo trabalho. E depois, vai para o time titular. Aí, a base vai ter de procurar novos profissionais no mercado.
Sai Jardine, que está ótimo. Entra Ceni, uma incógnita. Sai Ceni. Entra quem?
É um grande erro. Colocar alguém na base por tempo pre determinado. Se estivar ótimo, o cara sai e vai para o titular. Se estiver péssimo, o cara continua. Quem cometeria a insanidade de demitir Ceni da base? Seria uma ofensa ao seu passado, uma injustiça muito grande.
Como fazer então para que a carreira de Ceni decole? Ora, isto é problema do Ceni e não do São Paulo.
Eu tenho uma opinão, mas vou defende-la no próximo post sobre o assunto.