Leco desmente Milton Cruz: “Rogério não o convidou e sequer o cogitou”

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Gazeta Esportiva

A saída de Milton Cruz do São Paulo ainda repercute. Quase 11 meses depois, o ex-auxiliar e coordenador técnico do Tricolor do Morumbi ainda não conseguiu encontrar explicações para sua demissão repentina depois de 22 anos de trabalhos prestados. Em entrevista à TV Gazeta, nesta quinta, Milton reclamou de como o processo foi conduzido, da falta do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e ainda revelou que só não retornou à equipe porque a diretoria teria vetado o pedido de Rogério Ceni, novo treinador são-paulino e com quem Milton Cruz trabalhou por muitos anos.

Procurado pela Gazeta Esportiva, Leco preferiu não dar maiores declarações acerca do assunto, ressaltou quanto tempo já se passou desde a decisão pela saída do ex-membro da comissão técnica permanente do clube, mas negou que tenha tomado qualquer atitude para não permitir seu retorno ao São Paulo.

“O Rogério não o convidou e sequer o cogitou. Nunca”, afirmou o mandatário. “A demissão do Milton Cruz faz muito tempo e eu não tenho absolutamente nada a declarar sobre isso”, encerrou Leco, tão objetivo quanto incomodado com o tema.

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Leco já era presidente quando o São Paulo decidiu demitir Milton Cruz (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Diretor de futebol do São Paulo, José Jacobson Neto já era dirigente do clube à época da polêmica e misteriosa saída de Milton Cruz, mas seu atual cargo pertencia a Luiz Antônio Cunha, então responsável por comunicar Milton de que ele não continuaria. Mesmo assim, Jacobson pôde explicar os motivos pelo qual a diretoria decidiu substituir os profissionais da comissão técnica.

“Quando ele saiu do São Paulo eu não estava diretor de futebol. Era outro. Eu era vice administrativo do clube. Não tenho nada contra, fizemos tudo direitinho, gosto dele como pessoa, profissional, o admiro muito. Mas não teve interferência, não. É que ele foi dispensado por algum critério”, disse Jacobson, antes de contextualizar todo o processo que também envolveu a demissão de Milton.

“Eu acompanhei todas as mudanças. Era uma questão de mobilidade, o São Paulo precisava disso. O melhor exemplo foi a contratação do André Jardine. Não era oriundo do clube, nunca jogou aqui, e nós trouxemos um novo conceito. Então, a diretoria optou por isso, uma modernidade. Também vieram o Renê (Weber, coordenador técnico), o Pintado (auxiliar técnico e ex-jogador), um novo trabalho. O clube precisa se reciclar, se modernizar e buscar o que tem de melhor. Fazer coisa nova para o São Paulo voltar a ser vanguarda, à frente do seu tempo. Acho que foi isso”.

Por fim, o diretor de futebol do São Paulo voltou a ressaltar todo seu respeito por Milton e garantiu que torce para que ele volte a se colocar no mercado o quanto antes. O único ponto de divergência voltou a ser sobre um eventual veto da atual gestão diante de um pedido de Rogério Ceni.

“O Rogério não falou nada com a gente. Para mim, não. E sou o diretor de futebol. Ele teria falado comigo”, reforçou o dirigente, contrariando Milton Cruz.

Declarações de Milton Cruz à TV Gazeta
Em entrevista exclusiva ao repórter Osmar Garraffa, Milton Cruz falou ponderadamente e de forma tranquila sobre sua demissão do São Paulo, mas, em nenhum momento escondeu o que pensa e o que sente sobre o ato que interrompeu uma história de 22 anos, e não poupou críticas ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva.

“Para começar, eu fiquei mais de 20 anos e me mandaram embora em 30 segundos. Só me elogiaram. Nunca vi um funcionário ser demitido e só receber elogio. Fiquei surpreso”, contou.

“Não foi o presidente. Até achei estranho, porque, pelo tempo que eu tenho de clube, quem deveria me demitir era o presidente, ou uma pessoa que estivesse há mais tempo dentro do clube. Não uma pessoa que chegou lá há três dias”, continuou, citando o então diretor de futebol Luiz Antônio Cunha.

Em seguida, Milton Cruz revelou uma conversa com Rogério Ceni em que o ex-goleiro o convidou para participar da nova comissão técnica do Tricolor. Porém, segundo Milton, a atual gestão, ainda presidida por Leco, vetou seu retorno. Na sequência, o ex-auxiliar disse que causa ciúmes e inveja em algumas pessoas do clube.

“O Rogério conversou comigo, falou comigo, disse que gostaria que eu pudesse estar na comissão dele, mas, houve uma interferência da diretoria para que eu não fosse. Então, eu torço muito para que o Rogério dê certo, para que o São Paulo vença, porque não é por causa de duas ou três pessoas que estão no clube que tem um ciúme, sei lá, uma inveja de mim pelo o que eu fiz”.

“Eu acho que eu fui criado no clube e dei muito mais retorno do que essas pessoas que têm ciúmes de mim. Eu dei retorno. Eu sei que eu dei retorno. Eu fui campeão da Libertadores, campeão do Mundo, três vezes campeão Brasileiro, trouxe Miranda, trouxe….nossa”, afirmou, para depois concluir resumindo seu sentimento. “Eu não sei o porquê da minha demissão. E ninguém sabe”.