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Alexandre Lozetti
Novo jogador do São Paulo coleciona elogios por sua obediência tática, mas não é de fazer muitos gols. Ele superou baque por não ir à Olimpíada e já foi até escondido da Seleção pelo ex-clube.
Sabe aquele atacante que joga pelo lado, não faz tantos gols assim, mas os técnicos adoram pela obediência tática e disposição de acompanhar os avanços do lateral adversário? Marcos Guilherme tem tudo para se encaixar nesse grupo. Aos 21 anos, alvo de Dorival Júnior desde que o treinador comandava o Santos, ele se juntará ao São Paulo nos próximos dias para preencher uma lacuna problemática desde o início do ano, com inúmeras tentativas e pouco sucesso.
Nas palavras de profissionais que trabalharam com Marcos Guilherme no Atlético-PR e nas seleções de base, ele é extremamente dedicado em campo. Participa o tempo inteiro da recomposição defensiva, mas seu grande desafio é encontrar o equilíbrio para continuar se sacrificando e preservar-se fisicamente para produzir bem na parte ofensiva.
No ano passado, Marcos Guilherme foi treinado por Paulo Autuori no Furacão. Atualmente na gestão do clube, Autuori teve papel importante para ajudar o atacante a superar a tristeza de não ir à Olimpíada. A esperança dele era genuína. Nas mãos de Rogério Micale, técnico medalhista de ouro, o jogador havia feito boas campanhas pela seleção brasileira sub-20.
Só que uma queda de rendimento e o impacto das críticas fizeram muito mal ao atacante, que teve apoio do grupo e do treinador para se reabilitar, mas não conseguiu retomar a ascensão.
Autuori o via com muito potencial para atuar pelos lados, competitivo e disciplinado taticamente, e com bom drible em jogadas de velocidade. No São Paulo, portanto, isso servirá para que ele dispute posição com Wellington Nem – em quem, apesar das críticas da torcida, Dorival Júnior deposita total confiança –, Marcinho e Denilson. O restante do setor ofensivo deverá ter Cueva e Pratto, com um meio-campo formado por Jucilei, Petros e Hernanes.
ESCONDIDO
Marcos Guilherme foi convocado para uma seleção brasileira pela primeira vez aos 15 anos, mas o Atlético-PR não o liberou. Na época, a diretoria temia o assédio a um garoto ainda desprotegido, sem contrato profisisonal, que ele só poderia assinar a partir dos 16 anos.
Episódio similar ocorreu em 2007, quando o São Paulo manteve o meia Oscar, hoje no futebol chinês, na Europa até completar 16 anos e poder assinar seu primeiro compromisso.
Demorou quatro anos para que Marcos Guilherme voltasse a ser convocado. O brilho inicial na seleção sub-20 não se concretizou. O empréstimo de 18 meses ao São Paulo é sua oportunidade de retomar o caminho que muitos imaginavam no início da carreira.