Por que Corinthians, São Paulo e Santos boicotaram o Brasileirão de 1979

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UOL

Hoje, num momento histórico em que clubes se digladiam por vagas na Libertadores como se nada mais existisse, é difícil pensar num passado em que os campeonatos estaduais tinham peso maior no calendário em relação a outros desafios. Mas era essa a realidade em 1979, ano em que o trio paulista Corinthians, São Paulo e Santos decidiu boicotar o Brasileirão (assim como a Portuguesa).

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Um peculiar contexto esportivo e político motivou o quarteto paulista a abrir mão da disputa do Brasileiro, algo impensável nos dias de hoje. Então, sem parte da força de São Paulo, o torneio nacional daquele ano foi um “monstrengo” de 94 times, inchado principalmente graças a interesses do regime ditatorial da época. No fim, triunfo do Internacional, time de Falcão e companhia, um papa-títulos da década.

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Mas quais as razões que tiraram Corinthians, São Paulo, Santos e Portuguesa do Brasileiro de 1979?

Motivo 1: discordância sobre formato de disputa

O Brasileiro de 1979 foi o último campeonato organizado pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que, por pressão da Fifa, se desmembrou em CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e federações dedicadas a outros esportes. Na despedida como organizadora, a entidade atendeu um anseio da ditadura de privilegiar interesses regionais.

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Campeão e vice de 1978, Guarani e Palmeiras entraram na 3ª fase em 1979

“Onde a Arena vai mal, mais um time no Nacional”, dizia um famoso slogan da época, em menção ao partido que sustentava politicamente o governo militar. Assim, o Brasileiro de 1979 teve 14 clubes a mais do que o projeto original, com times sem expressão, como Leônico (BA), Guará (DF), Colatina (ES) e Potiguar (RN).

Pela programação inicial daquele ano, os clubes paulistas disputariam um Torneio Rio-São Paulo, que acabou sendo cancelado. Por isso, existia a previsão de que entrassem somente na segunda fase do Brasileiro. Mas os grandes desejavam ingressar adiante, apenas na terceira fase, em direito que gozavam exclusivamente o campeão e vice do ano anterior (Guarani e Palmeiras, no caso).

O impasse fez o Almirante Heleno Nunes, então presidente da CBD, ameaçar transformar o Brasileiro em um torneio de juvenis – isso, a 11 dias de a bola rolar. No braço-de-ferro político, Nabi Abi Chedid, que respondia pela Federação Paulista, ficou com os clubes do Estado. Como a reivindicação de Corinthians, Portuguesa, Santos e São Paulo não foi atendida, o grupo abriu mão de disputar o Nacional.

Motivo 2: prioridade ao Paulistão no calendário

Para o quarteto de São Paulo, pesou na decisão de abandonar o Brasileiro a preferência de calendário pelo Campeonato Paulista. Por uma questão de escassez de datas para partidas, os times “desertores” ficaram com o Estadual, que tinha uma outra importância naquele momento.

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Santos e São Paulo decidiram o Paulista-78. Três dias depois teve início o Paulista-79

O Campeonato Paulista de 1978 se arrastou por 1979 e só foi acabar em 28 de junho, uma quinta-feira, com o Santos derrotando o São Paulo para ficar com o título. Já três dias depois, no domingo, 1º de julho, começava o Paulistão de 1979, com o Corinthians visitando a Ferroviária em Araraquara.

Assim como na edição anterior, o Paulista de 1979 foi bastante longo e tomou os primeiros meses de 1980 – com título do Corinthians.

Para disputarem também o Brasileiro naquele ano, Corinthians, Portuguesa, Santos e São Paulo precisariam jogar os dois campeonatos de uma vez, atuando às terças, quintas e domingos – da mesma forma que fizeram Palmeiras, Guarani, Comercial, São Bento, XV de Piracicaba, Inter de Limeira, Francana e XV de Jaú.

Tricampeonato do Inter – único campeão invicto até hoje

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Com número recorde de participantes, o Brasileiro de 1979 foi disputado entre os dias 22 de setembro e 23 de dezembro de 1979. Depois da realização de três fases de grupos, chegou-se à semifinal, em que o Inter eliminou o Palmeiras, enquanto que o Vasco deixou o Coritiba pelo caminho.

Na decisão, o Inter venceu o Vasco as duas partidas – 2 a 0 no Rio de Janeiro e 2 a 1 em Porto Alegre. Paulo Roberto Falcão anotou o último gol da vitoriosa campanha, que selava o tricampeonato nacional dos colorados.

Assim, o Inter se tornava o primeiro campeão invicto da história do Brasileiro, com campanha de 16 vitórias e sete empates. O primeiro e o único, sem contar a fase pré-1971 da competição, em suas denominações Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Neste período preliminar, em campeonatos que usavam o sistema eliminatório, outros times ganharam taças sem perder: Palmeiras (1960), Santos (1963, 1964 e 1965) e Cruzeiro (1966).