Jejum de gols, Ceni, luta do São Paulo contra a queda: falamos com Lucas Pratto

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Atacante diz que jogadores têm mais culpa do que a diretoria na demissão do treinador e confiança na evolução da equipe para fugir do rebaixamento no Brasileirão

Por Guilherme Pereira e Marcelo Prado, São Paulo – GloboEsporte.Com

O São Paulo ainda não saiu da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, mas Lucas Pratto vê o time em evolução. Muito pelo tempo que Dorival Júnior está tendo para trabalhar com a equipe durante as semanas livres, coisa que o antecessor Rogério Ceni não teve, no entender do camisa 9. Os resultados ainda não são os esperados, mas já é possível ver uma mudança de postura.

– Está todo mundo dizendo que mudou a postura, que o time ficou mais guerreiro, que está mais sólido. Dorival conseguiu a mudança na cabeça dos jogadores nesse tempo que só jogamos de domingo. Ele tem cinco dias para trabalhar há quatro semanas, enquanto o Rogério não teve praticamente nenhum tempo para trabalhar quando perdeu jogadores importantes. Quando você tem dias para trabalhar fica mais fácil para o jogador entender – afirmou o argentino, em entrevista à TV Globo e ao GloboEsporte.com.

Lucas Pratto concedeu entrevista na última quarta--feira, no CT (Foto: Bruno Rodrigues)

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Na conversa, o camisa 9 falou sobre a saída de Rogério, o jejum de gols que vive, o fato de ser um dos líderes do elenco e mostrou que ainda alimenta a esperança de ser convocado para disputar a Copa do Mundo de 2018.

Veja abaixo a entrevista:

GloboEsporte.com: Você não marca há nove jogos, mas compensa com uma postura de muita luta dentro de campo. O jejum preocupa?
Lucas Pratto:
– Minha postura sempre foi essa, jogando no São Paulo, no Atlético-MG ou na Argentina. Acho que a torcida tem um carinho especial por mim pela entrega que mostro dentro de campo. Nunca aconteceu na minha carreira de passar tanto tempo sem marcar gols. O máximo que fiquei foram quatro ou cinco jogos. O que me preocupa não é não fazer e, sim, não ter situações de gols.

Você teme ser cobrado pela torcida?
– É minha obrigação fazer gols. Mas todos tenham a certeza de que faço o melhor possível. Em nenhum jogo estou com preguiça. Se quiserem me cobrar, estão no direito porque fui contratado para fazer gol e não para dar carrinho. Mas, às vezes, quando a situação não é boa, você precisa se doar. Tenho que melhorar cada vez mais para ajudar minha equipe.

Você chegou em fevereiro e rapidamente se tornou capitão e uma das referências do elenco. Nos momentos de crise, é sempre solicitado que fale com os jornalistas….
– Acho que o jogador de futebol não precisa falar toda semana. Alguns jogadores gostam mais de se expressar. Às vezes, me dizem que preciso falar para manter o bom relacionamento com a imprensa e também para me posicionar perante ao torcedor do São Paulo e ao torcedor que gosta de futebol. Na semana passada, tive muitas ligações para dar entrevista, mas tínhamos um clássico muito importante e não era hora. Agora o time está um pouco mais tranquilo, mais sólido em campo, e achei que era bom falar.

Já dá para se considerar um ídolo do São Paulo?
– Não. Ídolo para mim é Hernanes, Lugano, Rogério Ceni. Sou um jogador importante para o clube. Quando a toricda gosta de um jogador, ele joga mais tranquilo em campo e, sem dúvida, isso me ajuda. Na questão da liderança é claro que me sinto importante. Fico muito feliz com meu rendimento no São Paulo.

Qual sua opinião sobre tudo que aconteceu com o São Paulo no ano? Saída de vários jogadores, chegada de outros, mudança de treinador….
– Não é um problema do São Paulo, é do futebol brasileiro. Enquanto as outras ligas estão fazendo contratações, aqui é ao contrário. Deve ser o primeiro ou segundo país que mais exporta jogadores. Quando você vai contra o calendário mundial fica difícil. Futebol não tem resposta certa. Isso é que faz do futebol o melhor esporte do mundo. Acho que as coisas são mais fáceis quando você mantém uma base de trabalho e um grupo de jogadores pelo menos por um ano. Desde que cheguei, a maioria dos jogadores que estava jogando foi vendida. Também se cortou o projeto de um treinador… Mas é assim o futebol!

O Rogério, então, merecia ter tido mais tempo para trabalhar?
Não me deixa mal que venda jogadores porque vão chegar novos. O que me deixa mal é que uma pessoa perdeu seu trabalho, né? Um bom treinador…Seja o treinador que for. Eu tive participação nisso, porque é culpa minha e dos meus companheiros que não conseguimos resultados dentro de campo, e um treinador perdeu seu trabalho. Talvez, outra diretoria teria mandado embora antes o treinador. Como era o Rogério que, se não é o maior ídolo do clube, é um dos três maiores, acho que ele ficou um pouco mais. A culpa da saída dele não é da diretoria e, sim, dos jogadores.

O que representa o jogo de domingo, contra o Sport? Que projeção pode ser feita para o São Paulo até o final do Campeonato Brasileiro?
– Temos um jogo que, se ganharmos, vamos deixar a zona de rebaixamento. Nosso pensamento tem de ser jogo a jogo. Não podemos pensar daqui até o final do ano em ficar na sexta posição, décima posição, porque estamos numa situação complicada. Já estamos conseguindo mostrar uma postura que os times já não querem jogar contra o São Paulo. Precisamos disso. Todos os times que vão nos enfrentar tem de saber que o São Paulo vai fazer sofrer. Isso é o que eu quero. Aí, daqui quatro jogos, se ganharmos os quatro, bendito seja. Mas primeiro é o Sport. É vencer para sair dessa situação.

O que você ainda espera em termos de seleção argentina?
– É o que eu falei antes. Eu quero voltar. Espero que a Argentina, nesses dois jogos que faltam, consiga a classificação para a Copa. Tenho que certeza que vai conseguir pela qualidade dos jogadores e pelos profissionais que também trabalham. Depois, é tentar trabalhar para no próximo ano conseguir uma oportunidade.