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Marcedlo Hazan
Meia-atacante explica por que pediu para não receber salários durante tratamento.
O gol da vitória de virada do São Paulo por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, sábado, no Pacaembu, tem significado mais do que especial para Maicosuel.
Em quatro meses de Tricolor, ele fez apenas o quarto jogo. Explica-se: o atleta sentiu dores no músculo adutor da coxa direita, ao fazer um movimento de chute logo na estreia, diante do Vitória, no dia 8 de junho.
Maicosuel teve diagnosticada uma tendinite no local e também um desequilíbrio muscular. Diante disso, tomou a iniciativa de pedir para não receber salários durante a recuperação, até ficar à disposição da comissão técnica.
A solicitação foi atendida pela direção, e o atleta ficou dois meses sem pagamentos.
– Agora estou recebendo normal (risos), porque estou trabalhando – disse.
Mas por que ele tomou essa atitude, inédita até então na carreira?
Veja a explicação do próprio Maicosuel:
– Todos me perguntam isso. Mas é uma coisa minha. Achei que poderia estar em dívida com o São Paulo, porque me contratou em um momento complicado e estava apostando no meu futebol. No momento em que me lesiono, não posso estar mais lá dentro. Então, se não estou jogando, acho que não tenho o direito de receber. Mas isso é uma coisa minha. Não sei se outros jogadores fariam. Mas foi uma coisa que me senti bem fazendo e não me arrependo.
– Tomara que dinheiro não possa me faltar lá na frente. Mas é uma coisa que na minha carreira e na minha vida nunca procurei. Sempre quis estar bem no clube onde estou. O mais importante é dar satisfação a todos que trabalham no clube. Enquanto não jogo, acho que não posso receber. Estava me sentindo em dívida até agora com o São Paulo, por não fazer gols e por não atuar. Acho que paguei um pedacinho da minha divida. Acho que tenho muito mais coisa para apresentar, porque sei o que posso fazer – completou.
Confira abaixo o vídeo do gol de Maicosuel
Aos 31 anos, ele disse ter recebido apoio dos familiares ao comunicar sua atitude. Segundo o próprio jogador, não houve um impacto pessoal negativo na parte financeira.
– Todos me parabenizaram por esse gesto. Me chamaram de homem. Mas acho que para mim isso é normal. Ninguém ficou assustado. Acho que já esperavam de mim, porque sou um cara muito transparente, claro com as coisas. Sou muito reto. Gosto dessas coisas e por isso resolvi fazer. Acho que o São Paulo é muito grande. Eu devo muito mais ao São Paulo do que o São Paulo a mim. Então ainda me sinto devendo ao São Paulo e até o final do contrato tenho de pagar essa dívida (maio de 2020) – afirmou.
O gol diante do Furacão foi mais especial por três motivos: Maicosuel saiu do banco de reservas, aos 17 minutos do segundo tempo (substitutiu Lucas Fernandes), foi decisivo para a vitória e marcou aos 37 da etapa final, quando a tensão à espera de uma virada era grande no Pacaembu.
– Cara, é muito maluco isso. Parecia o primeiro gol da minha carreira. Foi uma sensação única. Não tem como descrever o que senti na hora. Passou um filme na cabeça do tempo parado, das lesões, em slow motion (câmera lenta) ainda. Estou muito feliz. A palavra para descrever é felicidade.
A vitória construída com gol de Lucas Pratto e Maicosuel levou o São Paulo aos 34 pontos. O próximo adversário é o Fluminense, quarta-feira, no Maracanã.
Veja o que Maicosuel diz sobre o período sem jogar no São Paulo:
– Foram mais ou menos três meses. Para o jogador, o pior que tem é ficar machucado. Até um jogador que não é relacionado para a partida, sem estar machucado, é menos difícil. Jogador machucado não pode fazer nada: ele não treina. Lesões na minha carreira têm sido uma coisa que estão acontecendo frequentemente e preciso melhorar nisso. Mas pelo trabalho e dedicação nesses três meses, além da paciência, é um gol de merecimento. É para coroar essa trajetória. Vem como um recomeço da minha carreira aqui no São Paulo. Espero dar continuidade da melhor forma possível.