GloboEsporte.com
Marcelo Prado
Em entrevista exclusiva, goleiro faz balanço do seu momento e da situação do Tricolor no Brasileiro.
A temporada de Sidão no São Paulo é um exemplo dos altos e baixos que um jogador enfrenta na carreira. O goleiro chegou no início do ano com moral, indicado pelo então técnico Rogério Ceni. No Torneio da Flórida, brilhou ao defender quatro pênaltis nos jogos contra River Plate e Corinthians.
Efetivado no time titular, cometeu falhas no início do Campeonato Paulista, período em que também começou a sofrer com uma lombalgia. Criticado pela torcida, saiu para fazer tratamento e viu Denis e Renan Ribeiro se revezarem em seu lugar.
Foram meses apenas treinando até que Dorival Júnior, insatisfeito com Renan Ribeiro, resolveu dar nova chance ao goleiro de 34 anos. Até que, no último domingo, Sidão saiu de campo como herói ao garantir a vitória por 1 a 0 sobre o Sport e a saída da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
Mas Sidão não se ilude com os elogios. Sabe que precisa continuar trabalhando porque, se falhar na próxima partida, volta a ser vilão. Em conversa com as reportagens da TV Globo e do GloboEsporte.com, ele mostrou estar totalmente focado na recuperação da equipe.
– Tive uma lição muito importante aqui no São Paulo no começo de ano. Comecei muito bem, muito acima da expectativa, defendendo pênalti. Depois, com a minha lesão, vieram muitas críticas e isso me fez amadurecer. Hoje, sei lidar melhor com os elogios e as críticas. É manter os pés no chão e trabalhar forte – ressaltou o goleiro.
Na entrevista, Sidão fala o que fez para recuperar espaço. Sobre a luta do São Paulo contra o rebaixamento, ele ressalta a importância da reunião que houve recentemente entre elenco e torcedores no CT da Barra Funda.
GloboEsporte.com – Como está para andar na rua?
Sidão – Está mais complicado para passar batido. Ainda tento usar um boné, mas sempre tem alguém que reconhece e pede um autógrafo ou para tirar uma foto. Isso é ótimo. Ver um torcedor dizendo obrigado por estar ajudando o São Paulo é muito gratificante.
Você se tornou conhecido no Audax, passou pelo Botafogo e chegou ao São Paulo, onde já foi titular, reserva e agora voltou a ser titular. E tudo isso aconteceu em menos de um ano. É muita mudança para um jogador, não?
– Sem dúvida. Mudou muita coisa, tanto no profissional quanto no pessoal. Também me tornei pai. Muitas situações aconteceram e me ajudaram no desenvolvimento como pessoa e como atleta. Hoje me sinto muito mais preparado.
É mais difícil ser goleiro de um time grande que luta para não cair?
– O peso é muito maior do que lutar para não cair num time pequeno. Quando saí da equipe, estávamos vivos em três competições (Paulista, Sul-Americana e Copa do Brasil). Quando voltei, estávamos lutando contra o rebaixamento. A pressão é absurda. Acaba afetando o familiar, você chega bicudo em casa. Mas aí a gente vê quem são os verdadeiros homens para tirar o São Paulo dessa situação.
Dentro do vestiário, como está o grupo em relação à luta contra o rebaixamento?
– Estamos bem fechados. Tivemos boas conversas durante esse período em que lutamos para melhorar no campeonato. A reunião com a torcida organizada surpreendeu muito. Você espera atitudes agressivas, uma conversa difícil, e foi exatamente o contrário. Eles mostaram a emoção de estarem juntos para tirar o time dessa situação, e nós mostramos o que estávamos fazendo, o quanto estávamos trabalhando. Sem dúvida, isso ajudou muito.
Qual foi o segredo para recuperar o seu espaço?
– Acho que tive humildade de trabalhar, de reconhecer o momento de espera. Trabalhei forte, aproveitei o tempo em que não estava atuando para me aprimorar fisicamente e trabalhar bastante tecnicamente, para que, quando a oportunidade chegasse, eu pudesse aproveitar.
Sem comparar Ceni a Dorival, qual a importância do ex-goleiro no seu momento?
– Ceni é um cara a quem serei eternamente grato. Ele me colocou dentro do São Paulo, vindo dele teve um peso. Ele falou que não seria titular absoluto, joguei alguns jogos com ele. Agora, o Dorival apostou no meu trabalho e também sou grato a ele.
A sua trajetória no clube pode servir de exemplo: o que o São Paulo não pode fazer de jeito nenhum agora que saiu da zona de rebaixamento?
– Se acomodar. Manter o foco será fundamental daqui para frente. É saber que nada mudou. O campeonato está embolado, é ter os pés no chão e saber que, de uma rodada para outra, muda muita coisa. Seguir trabalhando forte para conquistar mais resultados que nos façam subir na tabela.
A diretoria fala em contratar um novo goleiro para 2018. Como vê essa situação?
– Uma das coisas que fiz para ficar mais focado foi parar de ver nóticias. Até saí das redes sociais. Estou voltado apenas para tirar o São Paulo dessa situação. Estou tranquilo, tenho que trabalhar para continuar mostrando serviço. Não me atrapalha de jeito nenhum. Sobre o que a diretoria determinar, sou funcionário e tenho de acatar.