SPNet entrevista: Felipe Morais, autor do livro “Ao mestre, com carinho”, sobre Telê Santana

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Por Carlinhos Novack e André Bovenzi


Há 25 anos, o São Paulo vencia seu primeiro Mundial com um time recheado de craques, era “O SPFC do Telê”. Todo mundo, sendo torcedor do São Paulo ou não já ouviu essa frase, todos que acompanham o esporte respeitam, a história traçada por Telê Santana. Quem viveu a segunda metade dos anos 80 e a primeira dos anos 90, testemunhou de perto o verdadeiro futebol arte, mas, não o futebol de circo, mas o futebol arte efetivo. O Publicitário Felipe Morais escreveu um livro contando boas e curiosas histórias sobre o grande mestre, e contou um pouco de como foi para a SPNet, confira a entrevista:

Qual foi a inspiração ou a intenção em escrever esse livro? Conte-nos um pouco sobre as ideias que levaram a escrever esse livro.

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Em 2009, eu lancei o meu livro Planejamento Estratégico Digital e foi uma experiência única. Eu gostei muito da “brincadeira” e resolvi escrever outro. Como tinha lançado esse de marketing digital (sou publicitário de formação e atuo nessa área) pensei em outro tema. Não precisou de muito esforço mental para achar outra grande paixão: O São Paulo FC. Apaixonado desde 23/09/1979, quando nasci! Eu queria escrever sobre o São Paulo, mas quando apresentei a ideia ao São Paulo – o livro é oficial do time – me deram a dica de fazer apenas sobre a Era Telê, o que me deu muito orgulho, pois eu vivi intensamente essa época, é quando eu começo a entender mais futebol, quando saio do estágio torço para o time do meu pai e começo a torcer para o meu time, que claro, como meu pai era o tricolor e quando o maior jogador que eu vi com a camisa do SPFC, meu grande ídolo jogou no time: Raí.

 

  • Quanto tempo levou para escrever os livros sobre o Telê e os 25 anos do primeiro Mundial?

 

Foram 5 anos. O problema é que eu sou publicitário e trabalhava em agência até 2015, quando dei de louco e montei a FM Consultoria em Planejamento. O ritmo publicitário é pesado, as vezes 14, 15h de trabalho por dia. Aos fins de semana, eu dou muita aula em SP e interior, as vezes em outros estados. Coordeno 2 MBAs, minha vida é uma loucura. Quando não dou aula, tem que ser marido, filho, pai, sobrinho, neto, amigo então é preciso ter tempo para tudo.

Foram várias madrugadas escrevendo e domingos que eu tinha um tempo de tarde para escrever. Mas em Fevereiro de 2016, quando efetivamente assinei com a Editora Inova, é que me deram um prazo de 120 dias ai tive que correr. Minha esposa, Maya, foi super parceira e me deu o tempo necessário. Ai tive que finalizar rápido, mesmo porque o Rodrigo Piza, dono da editora, o qual nos tornamos grandes amigos, também foi bem parceiro com o prazo. Isso ajudou.

Outro fator é que em Março de 2016, eu já havia entrevistado 10 pessoas e o São Paulo sugeriu mais, corri atrás para dar tempo de entregar tudo. Quando estava tudo pronto, consegui ir em um evento onde estavam Muller, Juninho Paulista e Caio. Corri, entrevistei, passei para o livro de madrugada para não atrasar mais, pois dia 07/12/2016 já estava marcado o lançamento no Morumbi. Deu certo, foi corrido, vi o livro pronto no dia do lançamento. Emocionante.

 

  • Quantos depoimentos foram coletados para escrever o livro e qual a dificuldade em colher esses depoimentos? Qual entrevistado foi a mais difícil?

 

Quase 30. A dificuldade foi a agenda dos entrevistados com a minha. Marcava sempre de manhã para não prejudicar nos meus clientes (desde 2015 eu tenho a minha própria empresa, uma consultoria de planejamento digital). A agenda do pessoal não é fácil, dos diretores sim, pois eles estão sempre no Morumbi, mas do Tony Ramos, Lima Duarte, Nasi, Nando Reis, Milton Neves, esses caras tem agendas muito lotadas, com razão. O único que não entrevistei pessoalmente, foi o Andreas Kisser, que estava na Finlandia com o Sepultura, ai o Skype ajudou. O Tony Ramos foi o mais difícil pois ele estava gravando e ele não sabe quando a Globo o chama, mas ele foi sensacional e marcou comigo em um hotel em SP. Tivemos 35 minutos e foi demais.

 

  • Qual a dificuldade em conseguir buscar as imagens contidas nos livros? Qual a imagem mais marcante para você e por que?

 

Foi enorme, mas o Telê, lá de cima, nos ajudou. Ele colocou o Sr. Homero Bellintani Filho no meu caminho. Esse senhor é a história viva do São Paulo e foi o que de melhor aconteceu no livro: termos firmado uma grande amizade que começou no livro e se estenderá para a eternidade. Ele tem um acervo com mais de 8 mil fotos. Infelizmente até o ano 2000, o São Paulo contratava fotógrafos para registros e isso dificultou o projeto por não achar os fotógrafos e os valores que nos passaram, como uma ideia do que seria cobrado, inviabilizaria o projeto. Por exemplo, a foto do Telê segurando as taças – que era a minha 1a opção de capa – custaria R$ 1.500,00 junto ao dono da foto e só seria liberado para 3 mil exemplares. Para uma 2a edição, seria outro custo. Então, essa foi a 1a, de outras, vezes que meu amigo Sr. Homero ajudou o livro. A ideia do lançamento foi dele, nos ajudou cedendo as tribunas dos conselheiros e sempre que temos uma tarde/noite de autografo nos ajuda levando as réplicas oficiais das taças do Mundial, Libertadores e Brasileiro.

 

  • Entre os participantes do livro, qual(is) foram os destaques e por que?

 

Olha, na verdade todos. Eu não consegui entrevistar todos que desejava, uns por agenda, outros por não se importarem muito com o projeto. Mas eu consegui, ao menos, estar na frente de caras que eu admiro demais, como Tony Ramos e Lima Duarte, para mim, os melhores atores do país, o Cássio Gabus Mendes, cara simples demais – alias todos os entrevistados foram muito simples e extremamente educados – Nasi e Nando Reis, como roqueiro, não tem como não ser fã deles, Milton Neves, José Paulo de Andrade e Claudio Zaidan monstros do rádio brasileiro que eu sempre ouço. Fora eles, o que foi estar frente a frente com Zetti, Raí, Pintado, Ronaldão, Muller, esses caras eu admirava demais na época do Telê, com Moraci Sant’anna o maior preparador físico do mundo, olha, foi uma sensação difícil de descrever.

 

  • Para você, qual o depoimento mais marcante? Porque?A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas em pé

Olha, pelas histórias do Milton Neves. Ele contou várias histórias legais. Demos muita risada, com o Cássio Gabus Mendes, histórias engraçadíssimas! O Sr. Caboclo, contou que Telê não queria vir ao São Paulo, Sr. Kalef sobre Dener no São Paulo que Telê vetou, Nasi sobre ele não entrar no palco até acabar o jogo do Barcelona, o Nando Reis sobre o Telê ter sido muito legal com seu filho pequeno. Foram diversas histórias o que mostrou muito o lado humano do mestre, mas claro, que o que mais nos emocionamos foi com o Muricy, rimos muito com ele, cara gente boa, engraçado e humilde. Está onde está por méritos e pela humildade que tem.

 

  • Lembramos que Telê não tinha muita paciência com jornalistas. Teve algum dos que participaram do livro, que reclamaram disso?

 

Todos! Hahahaha!

Muricy puxou isso dele. Telê não gostava de perguntas ofensivas ou que falassem mal de seus jogadores, isso o deixava pé da vida. Milton Neves até foi ameaçado com uma faca em um evento em um famoso restaurante de São Paulo porque dizia que o mestre era pé frio.

A verdade é que a imprensa pegava demais no pé do mestre por causa das Copas, mas teve que se calar ao ver o que ele fez com o São Paulo. O próprio Milton disse que fez 2 homenagens em vida ao mestre como um pedido de desculpas, não por ter criado a fama de pé frio, mas que ajudou a disseminar pelo país, mas André Plihal por exemplo, elogiou muito pois Telê o adotou desde os 17 anos e sempre respondia a ele, pois ele era educado com o mestre e fazia perguntas inteligentes.

 

 

 

  • Para nova geração, tem algum treinador dos dias de hoje, que se equipara ao que Telê fazia, na sua opinião?

 

Nem um novo Senna, nem um novo Pelé, nem um novo Michael Jordan e por ai vai. Igual o Telê jamais terá. Alguns se aproximaram, como o Muricy, por exemplo, e espero que o Tite nos dando a Copa de 2018, mas igual a ele, jamais.

 

  • Na década de 90, o SPFC teve grandes jogadores em várias posições. Qual seria seu time titular se todos estivessem a disposição?

 

Zetti

Cafu, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo

Alemão, Cerezo, Raí

Muller, Palinha e Denilson

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sorrindo

 

  • Já tem projetos para o próximo livro? Qual será?

 

Sim!
Teremos um livro contando a verdadeira história do São Paulo, capitaneado pelo Sr. Homero, que tem 70 anos de história no São Paulo. Vamos entrevistar cerca de 15 pessoas que tem, no mínimo, 40 anos de São Paulo, mas que vivem o clube no seu dia a dia. Contar a verdadeira história da fundação, títulos, polemicas e por ai vai.

 

  • Agora uma pergunta fora dessa pauta: Fora o Telê, pra você qual foi o melhor técnico do São Paulo até hoje e qual você gostaria de ver treinando o São Paulo um dia?

 

Começou no São Paulo como jogador. Foi injustiçado em 1996 pois não estava preparado. Foi rodar o país e voltou para nos dar o tri campeonato. É um trabalhador e apaixonado tricolor: Sr. Muricy Ramalho. Na sequencia, Cilinho pelo projeto “Menudos do Morumbi”. Depois Paulo Autuori pelos títulos de 2005 e Rubens Minelli por 1977. Acho que esses foram os melhores. Teve outros bons que passaram pelo São Paulo, mas esses se destacam.

 

  • Deixe um recado para os leitores do SPNet e fale também onde podemos encontrar o livro.

 

O São Paulo precisa voltar a ser grande e contamos com 20 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil. Hoje o time precisa de identidade e a torcida precisa fazer nos próximos anos o que fez em 2017, foi lindo, foi mágico, foi histórico. Que seja sempre assim.

O livro está a venda nas principais livrarias do país: Saraiva e Livraria Cultura, tanto na loja física como online. Nas lojas online como Amazon, Submarino, Americanas também. Há 2 sites oficiais do livro o www.livrotelesantana.com.br que é a loja virtual da Editora Inova para esse livro e o www.livrotele.com.br onde vamos lançar camisetas, caneca e almofadas com a caricatura do mestre que ilustra a capa.

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