Análise: Cueva tira o São Paulo do lenga-lenga; meio-campo precisa de soluções

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Mesmo sem ser brilhante, peruano aproxima jogadores no setor ofensivo e deixa time menos previsível diante do Botafogo

Análise: Cueva tira o São Paulo do lenga-lenga; meio-campo precisa de soluções

Cueva não é craque. Não é gênio. Mas ainda é importantíssimo para o São Paulo. Só com ele a equipe saiu do lenga-lenga previsível para ter um mínimo de graça, de tempero, suficientes para vencer o Botafogo-SP por 2 a 0. O setor de meio-campo é um problemão para Dorival Júnior resolver.

Nene (que pede para que seu apelido agora seja escrito sem acento) estreou no lugar de Shaylon. O veterano reforço entrega, evidentemente, mais cancha, malandragem, visão de jogo. Mas coletivamente ainda houve o também evidente desentrosamento de quem se apresentou há menos de uma semana. Novamente faltou aproximação no meio. No primeiro tempo não houve tabelas, triangulações, tampouco sintonia.

Em certos momentos, era como se cada atleta de meio e ataque do São Paulo disputasse um jogo diferente. Petros, em tarde terrível, avançou para tentar roubar a bola no ataque, só que não próximo o suficiente. Nene recompôs – erros semelhantes foram cometidos contra o Corinthians. Esse lance originou uma falta e a primeira bola na trave do Botafogo, nos pés de Taylor.

Dodô também carimbaria o poste dos anfitriões ainda na etapa inicial, que terminou num 0x0 a ser comemorado pelo São Paulo, pasmem.

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Cueva entrou no lugar de Brenner. Dorival Júnior poderia ter tirado Diego Souza e levado o garoto à posição de centroavante. Ganharia mobilidade, mas perderia força. O gol do camisa 9 indicou acerto do técnico.

O peruano possibilitou ao estreante Nene atuar mais aberto e, por vezes, eles inverteram. O camisa 10 se mexeu por todo o setor. Eles bagunçaram a marcação do Botafogo.

O futebol tem cada vez mais recursos e complexidade, mas a simplicidade de uma jogada fez diferença: o meia lançou o lateral no fundo, ele cruzou e o centroavante completou.

Reinaldo, por sinal, autor da assistência, voltou a aparecer na linha de fundo – cena rara de um lateral são-paulino nos últimos tempos – e criar outra boa chance após triangulação com Cueva (olha ele aí de novo) e Diego Souza.

Para as próximas rodadas, Dorival tem a função de ampliar o repertório. Essas jogadas de linha de fundo precisam ser constantes, e justificam a permanência de Reinaldo, já que o lateral do outro lado, Militão, apesar de muito promissor, não tem tanta profundidade.

O Botafogo-SP congestionou o meio-campo e obrigou os são-paulinos a forçarem inversões pelo alto, facilmente neutralizadas. Qualquer time que faça isso contra um meio-campo sem talento vai se dar bem. Por isso Cueva é fundamental. Alternativas também. Brenner (talvez mais centralizado), Tréllez e Valdivia estão aí para enriquecer o leque de opções.

Ao menos é o que se espera.