São Paulo de Aguirre não gosta da bola, abusa do jogo aéreo e sofre com pontaria

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GazetaEsportiva.net

Tiago Salazar

Diego Aguirre está no comando do time profissional do São Paulo há pouco menos de dois meses. Nesse período, esteve à beira do campo em 11 partidas. Enfrentou disputas regionais, nacionais e internacionais. Encarou clássicos, duelos eliminatórios e partidas que compõem uma longa competição por pontos corridos.

O trabalho do técnico apresenta virtudes e também dá margem aos críticos em alguns pontos. Fato é que a equipe já tem outra cara, uma nova identificação, um estilo de jogo que espelha boa parte do que o treinador de 52 anos pretende implantar e consolidar no clube.

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Já podemos dizer que o uruguaio não se importa muito com posse de bola, tem nas jogadas aéreas uma de suas principais armas, é adepto ao rodízio no elenco e certamente tem sofrido com a falta de pontaria de seus comandados.

Diego Aguirre recuperou o espírito raçudo do São Paulo, mas o trabalho ainda carece de bons resultados em campo (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Até aqui foram três vitórias, três derrotas e cinco empates, sendo quatro dessas igualdades justamente nos últimos quatro desafios. O aproveitamento é de 42.42% dos pontos.

Trocas de passes e paciência não estão entre os pontos fortes do São Paulo de Diego Aguirre. O time só teve mais posse de bola ao fim de um jogo nos confrontos frente a São Caetano e Atlético-PR, pelas quartas de final do Campeonato Paulista e pela quarta fase da Copa do Brasil, respectivamente.

Os duelos com o Azulão do ABC, somado ao embate com o Paraná, pela estreia no Campeonato Brasileiro, também marcam as únicas vezes que o Tricolor do Morumbi trocou mais passes que seu rival em campo. Nesse quesito, a maior discrepância se deu na derrota por 1 a 0 para o Corinthians, em Itaquera. Na ocasião, foram 176 passes certos de são-paulinos diante de 594 dos atletas de Fábio Carille.

O São Paulo de Aguirre, normalmente, se sobressai em outros dois aspectos: jogadas aéreas e desarmes. Em 11 jogos, foram nada menos que 341 lançamentos, uma média de 31 por jogo, e 269 cruzamentos, o que reflete em 24.4 a cada partida. Ou seja, o ‘novo São Paulo’ alça, em média, 55 bolas cada vez que entra em campo.

 

Sem a bola, não falta disposição e disciplina, marca das equipes lideradas por Diego Aguirre ao longo de sua carreira. Com exceção a sua estreia, na derrota para o São Caetano por 1 a 0, o São Paulo conseguiu mais desarmes que o oponente em todos os dez compromissos realizados na sequência.

Um dos problemas mais graves que o Tricolor Paulista tem apresentado recentemente, e que em suma não depende tanto da capacidade e do trabalho de seu técnico, é a ineficiência ofensiva. Para ser mais claro: a falta de pontaria.

Foram dez gols marcados e nove sofridos em 11 jogos. Desde que Aguirre sucedeu Dorival Júnior, o time finalizou 131 vezes, média de 11.9 chutes a gol por jogo. No entanto, apenas 45 acertaram o alvo, o que dá 4.09 chutes no gol a cada partida. Sendo assim, o São Paulo tem precisado de 13.1 conclusões de seus jogadores para comemorar um gol.

E de oportunidade bem poucos atletas do atual elenco podem reclamar. Afinal, apesar da falta de costume e da alta rejeição dos brasileiros quando o assunto é rodízio no elenco, Diego Aguirre não abre mão de manter no clube do Morumbi uma das principais características que cercam seus trabalhos como treinador.

 

Em menos de dois meses, o uruguaio usou 84.84% de seu grupo. Dos 33 atletas do plantel tricolor (segundo site oficial do clube), 28 já receberam pelo menos uma chance. Apenas Nenê, justamente o mais experiente, com 36 anos, participou de todas os jogos sob o comando de Aguirre. Ainda aguardam a vez os goleiros Lucas Perri e Lucas Paes, o meia Shaylon, os atacantes Bissoli e Paulinho, além do centroavante Gonzalo Carneiro, que chegou há pouco tempo, em fim de tratamento de um problema no púbis, e deve estrear em breve.

É óbvio que Diego Aguirre não tem culpa pelo jejum de títulos do São Paulo – nos últimos dez anos foi campeão apenas da Copa Sul-Americana, em 2012 –, mas inevitavelmente terá de lidar com essa pressão. Impaciente e abalado pela sequência de fracassos recentes, o torcedor clama por bons resultados a curto prazo. Em pouco tempo, Aguirre já caiu com o São Paulo nas semifinais do Estadual e na quarta fase da Copa do Brasil.

Por isso, superar o Rosario Central na quarta-feira, no Morumbi, e levar a equipe à segunda fase da Copa Sul-Americana se tornou prioridade no clube. A vaga será fundamental para o treinador ter tranquilidade e tempo para mostrar serviço também no Campeonato Brasileiro, onde o time ainda figura apenas na décima colocação, com seis pontos em quatro rodadas, e vem castigado por lutas contra o rebaixamento nas últimas edições.