Os são-paulinos em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira

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Sempre houve um são-paulino no elenco quando o Brasil foi campeão do mundo

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Por Arquivo Histórico do São Paulo FC – Equipe do Brasil campeã mundial em 1958: De Sordi, Dino Sani, Bellini, Nilton Santos e Gylmar; Abaixados: Mário Américo (massagista), Joel, Didi, Mazzola, Vavá e Zagalo.

O Site Oficial do São Paulo trará, durante a realização da Copa do Mundo de 2018, como na edição de 2014, uma série de matérias especiais relacionando o Tricolor do Morumbi com o campeonato mundial, a seleção brasileira e algumas seleções estrangeiras. O primeiro desses artigos aborda todos os jogadores da história do clube que disputaram o maior evento futebolístico do planeta vestindo a camisa do Brasil.

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Todos os são-paulinos em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira

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As Copas do Mundo antes da 2ª Guerra Mundial

O São Paulo nasceu, curiosamente, no ano em que foi realizada a primeira Copa do Mundo, em 1930. E já naquele ano contou com um representante no selecionado canarinho, embora os acontecimentos envolvendo Araken Patusca, o atleta em questão, sejam um pouco mais complexos e mereçam melhor explicação: Araken, quando da convocação da CBD, estava expulso do quadro de sócios do Santos, mas ainda registrado na APEA (federação paulista) como jogador daquela equipe. Em verdade, o craque já se alinhava em campo pela equipe do São Paulo, então no bairro da Floresta. O Santos posteriormente tentou revogar a expulsão proferida, mas Araken permaneceu no Tricolor, fazendo carreira no clube até 1935, regressando ainda nos anos 40.

O caso de Araken não foi a única confusão na primeira Copa do Mundo. Houve uma série de atritos entre as federações paulista e carioca que acabou ocasionando um boicote pela associação paulista e impedindo que outros ídolos tricolores convocados participassem do torneio (Araken acabou sendo registrado, de última hora e de modo um tanto quanto “pirata” – aproveitando-se do litígio com o Santos -como filiado à federação do Rio de Janeiro. Haviam sido convocados: Nestor, goleiro, Clodô, zagueiro, Friedenreich e Luizinho, atacantes.

Na Copa do Mundo da Itália, em 1934, novamente bagunças administrativas internas envolvendo, agora, ligas profissionais e amadoras, impediram que a Seleção Brasileira se apresentasse com os melhores jogadores. Só viajaram à Europa jogadores do Botafogo ou aqueles que foram sorrateiramente contratados pela CBD (amadora e filiada à FIFA). O São Paulo, profissional desde 1933 e filiado a FBF (não-filiada à FIFA), teve quatro jogadores convocados apesar disso. Os jogadores foram aliciados e disputaram o mundial sob contrato direto com a CBD.

O Tricolor não contou com jogadores na Copa do Mundo de 1938. Recentemente refundado, em 1935, o São Paulo ainda engatinhava, buscando novamente se estabelecer como um grande clube do futebol brasileiro. Contudo, Argemiro, Hércules, Luizinho e Waldemar de Brito eram os ex são-paulinos na disputa. Todos eles tricolores até o aliciamento de 1934 ou o fechamento temporário do clube, em 1935.

 

As Copas do Mundo pós 2ª Guerra Mundial

A Copa realizada no Brasil em 1950 contou com a famosa linha média do Tricolor, composta por Rui, Bauer e Noronha. Bauer saiu consagrado dos escombros daquele certame e sendo apelidado como o Monstro do Maracanã. O atacante Friaça, autor do gol brasileiro na final contra o Uruguai, também era do São Paulo.

Em 1954, a Copa realizada na Suíça levou novamente grandes defensores do Tricolor: Bauer, na segunda participação dele, Alfredo Ramos e Mauro, o zagueiro que oito anos depois ergueria a Taça Jules Rimet na conquista do bicampeonato mundial da Seleção Brasileira. Maurinho, ponta, também representou o Tricolor naquela edição.

Na Suécia, o Brasil conquistou a primeira Copa do Mundo e estiveram em campo com a Seleção os jogadores Mauro, pela segunda vez, De Sordi, que disputou toda a Copa mas não pôde entrar em campo na partida final e o meia Dino Sani. Bellini, que ergueu a taça pela primeira vez na história, era então jogador do Vasco da Gama, mas em 1962, no bicampeonato mundial brasileiro, já era jogador do Tricolor. Ao lado de Bellini, o defensor Jurandir também disputou aquela Copa do Mundo realizada no Chile como jogador são-paulino.

Então favorito, o Brasil deixou escapar a conquista da Copa de 1966, disputada na Inglaterra, jogando muito abaixo do esperado. Tomaram parte naquela edição Bellini e Paraná. Já em 1970, na conquista do Tri, o são-paulino presente era o canhotinha de ouro Gérson, contratado junto ao Botafogo em 1969. Gérson marcou um gol na final da Copa, contra a Itália.

Waldir Peres foi o primeiro goleiro tricolor a disputar uma Copa do Mundo. Não bastasse isso, disputou três consecutivas, 1974, 1978 e 1982. Ao lado do segundo homem que mais vestiu a camisa do São Paulo na história estiveram, em 1974, Mirandinha, em 1978, Zé Sérgio e Chicão – aquele que parou a Argentina na casa adversária hostil – e em 1982, no time que encantou o mundo inteiro, Oscar, Serginho Chulapa e Renato. O zagueiro são-paulino marcou um gol contra a Escócia, enquanto que Serginho balançou as redes contra Nova Zelândia e Argentina.

 

Recorde de são-paulinos no elenco

Em 1986, novamente o título da equipe brasileira bateu na trave, mesmo com a participação recorde de são-paulinos no evento: Foram 5 jogadores, a saber: Oscar, Falcão, Müller, Careca e Silas. O centroavante Careca, inclusive, marcou 5 gols naquela Copa (Argélia, Irlanda do Norte, duas vezes, Polônia e França).

Em 1990, ao contrário, somente Ricardo Rocha esteve em campo com a Seleção que caiu frente a Argentina, nas oitavas de final. Tudo foi diferente em 1994. Sem Raí, negociado com o Paris Saint-Germain ainda em 1993, e Ronaldão, às vésperas da Copa, o São Paulo enviou à Seleção que se sagraria tetracampeã mundial o goleiro Zetti, os laterais/meio-campistas Cafu e Leonardo (que possuía contrato com o clube até junho daquele ano), além do atacante Müller.

Quatro anos depois, na França, foram vice-campeões mundiais: Denílson, jovem revelação cuja futura transferência para o Bétis, da Espanha, rendeu valores recordes, e Zé Carlos, “revelação” tardia do futebol nacional que alcançou o ápice da carreira ao disputar a semifinal da Copa contra a Holanda, após ter chegado ao Tricolor vindo da segunda divisão paulista, onde jogava na Matonense.

Por fim, o capitão tricolor, Rogério Ceni, tomou parte na disputa das Copas do Mundo de 2002, onde foi campeão mundial ao lado dos também são-paulinos Belletti e Kaká, e em 2006, junto do volante Mineiro.

Percebe-se assim que, além de ser o maior fornecedor de jogadores à Seleção Brasileira em Copas do Mundo (fato que abordaremos em matéria vindoura), sempre que a Seleção Brasileira foi campeã do mundo havia um jogador do São Paulo no elenco.

 

Confira a relação resumida de são-paulinos na Copa do Mundo pela Seleção Brasileira:

  • 1930: Araken Patusca*;
  • 1934: Sylvio Hoffmann 1, Armandinho 2, Luizinho 3, Waldemar de Brito 4;
  • 1950: Bauer 5, Rui 6, Noronha 7, Friaça 8;
  • 1954: Mauro 9, Alfredo 10, Bauer 11, Maurinho 12;
  • 1958: De Sordi 13, Mauro 14, Dino Sani 15;
  • 1962: Bellini 16, Jurandir 17;
  • 1966: Bellini 18, Paraná 19;
  • 1970: Gérson 20;
  • 1974: Waldir Peres 21, Mirandinha 22;
  • 1978: Waldir Peres 23, Chicão 24, Zé Sérgio 25;
  • 1982: Waldir Peres 26, Oscar 27, Serginho 28, Renato 29;
  • 1986: Oscar 30, Falcão 31, Müller 32, Careca 33, Silas 34;
  • 1990: Ricardo Rocha 35;
  • 1994: Müller 36, Cafu 37, Zetti 38, Leonardo 39;
  • 1998: Zé Carlos 40, Denílson 41;
  • 2002: Rogério Ceni 42, Belletti 43, Kaká 44;
  • 2006: Rogério Ceni 45, Mineiro 46.

Totalização:

– 47 presenças, 46 convocações (*excluída a participação de Araken, então convocado em litígio, e não incluídos os quatro jogadores impedidos de disputar em 1930).

– 39 jogadores presentes, 38 jogadores convocados (seis deles convocados duas vezes, e um convocado três vezes:

2 vezes: Bauer, Mauro, Bellini, Oscar, Müller e Rogério Ceni
3 vezes: Waldir Peres.

 

Pré-Convocações e Listas de Espera (não foram à Copa)
  • 1930: Nestor (impedido de ir);
  • 1930: Clodô (impedido de ir);
  • 1930: Luizinho (impedido de ir);
  • 1930: Friedenreich (impedido de ir);
  • 1934: Orozimbo (pré-convocação);
  • 1950: Savério (pré-convocação);
  • 1950: Teixeirinha (pré-convocação);
  • 1950: Mauro (uma das pré-voncações);
  • 1954: De Sordi (pré-convocação);
  • 1958: Riberto (grupo de 40 convocados);
  • 1958: Zizinho (grupo de 40 convocados);
  • 1958: Canhoteiro (grupo de 40 convocados);
  • 1958: Gino Orlando (grupo de 40 convocados);
  • 1962: De Sordi (grupo de 40 convocados);
  • 1962: Prado (grupo de 40 convocados);
  • 1962: Benê (grupo de 40 convocados);
  • 1966: Roberto Dias (grupo de 40 convocados);
  • 1966: Fefeu (grupo de 40 convocados);
  • 1966: Fábio (pré-convocação);
  • 1970: Toninho Guerreiro (pré-convocação);
  • 1970: Jurandyr (pré-convocação);
  • 1974: Gilberto Sorriso (grupo de 40 convocados);
  • 1974: Chicão (grupo de 40 convocados);
  • 1978: Serginho Chulapa (pré-convocação);
  • 1982: Mário Sérgio (grupo de 40 convocados);
  • 1982: Zé Sérgio (uma das pré-convocações);
  • 1986: Gilmar (grupo de 40 convocados);
  • 1986: Sidney (grupo de 40 convocados);
  • 1998: Márcio Santos (cortado);
  • 2014: Alan Kardec (grupo de 30 convocados).
  • 2018: Rodrigo Caio (grupo de 35 convocados).

 

Agradecimentos a André do Nascimento Pereira e Marcelo Leme de Arruda