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Meia-atacante de 18 anos está no elenco profissional de Diego Aguirre desde setembro
Éder Militão, lateral-direito do Porto (POR) e convocado para a seleção brasileira há dois meses, é uma das maiores revelações do São Paulo nos últimos anos. Apesar da arrastada e frustrada negociação para renovar seu contrato antes de ser vendido ao futebol europeu, ele deixou legados positivos: quatro gols em 57 partidas, 4 milhões de euros (R$ 17,3 milhões) pela venda e, especialmente, uma porta de entrada que poderá seguir rendendo frutos ao Tricolor. Helinho, jovem meio-campista que estreou como profissional fazendo gol no Flamengo neste domingo, é da mesma linhagem do lateral.
Ambos chegaram ao São Paulo entre 12 e 13 anos de idade (eles têm diferença de dois anos, sendo Militão mais velho) trazidos por um ex-jogador dono de uma escolinha na cidade de Sertãozinho, cerca de 340 km distante da capital, e onde a dupla nasceu. O projeto se chama “Camisa 10” e é comandado por Agnello Souza, que foi volante de clubes como Botafogo-SP e Anapolina-GO, e conduz desde 2006 a escolinha que descobriu dois jovens talentos para o São Paulo.
“Helinho evoluiu muito no São Paulo, mas carrega algumas características desde criança. Do jeitinho que ele fez o gol contra o Flamengo ele fazia nos campinhos aqui, no futebol de salão, na escolinha. Ele tem a finalização e tem aquele drible para dentro, com movimento rápido de corpo. Tem muito para dar, uma projeção enorme”, diz, ao UOL Esporte, Agnello, que cita o “grau intelectual, de entendimento de jogo, e a qualidade de improviso” como alguns dos principais atributos da nova aposta tricolor.
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Agnello Souza entre Helinho e Éder Militão, suas duas descobertas para o São Paulo
Apesar de origens semelhantes, Helinho não irá proporcionar ao São Paulo a mesma dificuldade vivida com Éder Militão. O lateral-direito tinha contrato até janeiro de 2019 e foi vendido em julho deste ano, já dentro do período em que poderia assinar pré-contrato com outro clube. No caso da nova revelação, o clube está resguardado. Helinho assinou o primeiro contrato profissional aos 16 anos, com validade até 2020, e já estendeu o vínculo em maio deste ano, até abril de 2023. Ele foi promovido para o elenco profissional em setembro.
No primeiro jogo como profissional, fez bonito: encarou a marcação após receber passe na frente da entrada da área, cortou para o meio e acertou uma bomba de pé esquerdo, no ângulo. O São Paulo empatou em 2 a 2 com o Flamengo, no Morumbi. Um grande cartão de visitas de uma nova arma para a sequência do Brasileirão.
Família de jogadores
Helinho tem quatro irmãos mais velhos. Dois tentaram (ou continuam tentando) carreira no futebol: Henrique e Edílso. “Futebol veio no sangue deles, porque o pai jogava. Depois fui técnico do Henrique, um meia canhoto que virou lateral-esquerdo, excelente jogador, e do Edílso, que também tentamos. O Helinho veio meio que de contrapeso do Edílso, que era dois anos mais velho. Cada um seguiu seu caminho, e o Hélio caiu no lugar certo também, porque o São Paulo é uma das melhores bases do Brasil e briga pau a pau no exterior. Não tinha como dar errado”, conclui Agnello.
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Henrique, Helinho, Rogger, Danilo e Edilso: os cinco irmãos do futebol
A escolinha que revelou Militão e Helinho segue fornecendo jogadores para clubes de São Paulo, principalmente. Hoje são 300 alunos, sendo 60 parte de um projeto social e o restante pagantes. Um dos princípios da formação por lá é colocar o jogador em situações diferentes do habitual para desenvolver novas habilidades. Helinho, por exemplo, jogou como volante, meio-campista e ponta no São Paulo. E em Sertãozinho precisou crescer até intelectualmente para ter chances no futebol.
“Ele chegou na escolinha com 10 para 11 anos e sempre foi diferenciado. Eu não perdi tempo, não. Mostrei ao São Paulo aos 12 anos e começou o monitoramento. Ele foi morar lá de vez aos 14, mas nesse tempo deu muito trabalho. Existe uma prova acadêmica que o São Paulo faz com os meninos que se alojam, e nós tivemos que pedir um prazo para ele estudar. A estatística no clube era boa, mas ele deixava a desejar na parte acadêmica. Aí ele entendeu, nós cobramos e ele melhorou as médias. Tudo se alinhou para ele chegar onde chegou”, revela o observador.
Helinho tem sete títulos pelo São Paulo em seis anos na base, além de convocações para as seleções sub-17 e sub-20. No time profissional a caminhada começa agora.